Terça-feira, 08 de Outubro de 2024

Ponto de Vista: “Não há como separar produzir energia da defesa ambiental e da inclusão social”, avalia o diretor da Itaipu, Enio Verri

2024-03-16 às 12:56

Durante bate-papo exclusivo ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (16), o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, comentou sobre a visita a Ponta Grossa, em que acompanha o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, no acampamento Emiliano Zapata, na Estrada para o Botuquara.

A visita do ministro marca a celebração pela conquista do Assentamento da Comunidade Emiliano Zapata, que possui experiências alternativas em produção agrícola na área da agricultura orgânica. Para o evento, também era aguardado o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. “Como eu represento o governo federal, vim para recebê-los e acompanhá-los nesse evento”, disse.

Dengue

Verri também abordou as políticas de enfrentamento à dengue adotadas pela Itaipu Binacional. “Temos várias políticas de enfrentamento à dengue. [O combate a] a dengue é, sim, uma obrigação do Estado, lógico, dos governos federal, estadual e municipal, mas exige também o compromisso de pessoas. Em Foz do Iguaçu, onde é a sede de Itaipu, onde fica a usina, é um grande problema, porque é a Tríplice Fronteira. Não adianta só cuidar de Foz do Iguaçu, porque o mosquitinho não tem passaporte. Tem o Paraguai e a Argentina, dois países que têm mais dificuldades de investimento em saúde pública, não têm o mesmo enfrentamento que a margem brasileira e isso faz daquela região uma área muito difícil”, analisa o diretor brasileiro da Itaipu.

Uma das iniciativas adotadas no ano passado e retomada em 2024 é um concurso nas escolas municipais. A Itaipu concede um prêmio à escola que tiver o melhor trabalho de enfrentamento à dengue e que mais motivar as crianças – que são um instrumento multiplicador de informação fundamental, segundo Verri. Esse prêmio atende a necessidades das escolas, como reformas, aquisição de computadores e de outros materiais, por exemplo.

“Além disso, temos também um convênio de caráter regional para esse enfrentamento à dengue. A Itaipu Binacional tem uma preocupação muito grande com a vida das pessoas, até porque energia é vida. Não há como separar produzir energia da defesa ambiental e da inclusão social, portanto, da vida das pessoas”, diz.

Liderança e marcas expressivas

O economista e ex-deputado federal e estadual completa um ano à frente da diretoria brasileira da Itaipu Binacional neste mês. “A Itaipu completou 50 anos: 40 anos de produção e na segunda-feira (11), comemoramos um número único no mundo: 3 bilhões de megawatts-hora (MWh) produzidos de 1984 até agora. É a maior produção acumulada de energia da história da humanidade. É a possibilidade de iluminar o mundo por 43 dias. Olha o tamanho de Itaipu, não dá para comparar com nada!”, frisa.

“A Itaipu é uma empresa que produz energia, mas quem produz são as pessoas. Quem, de fato, levantou aquela energia gigantesca e faz com que ela, com 50 anos de idade, tenha uma manutenção bem feita, não dê problema nenhum e continue fazendo um trabalho tão bem feito, que consegue gerar recursos para investir em políticas ambientais e sociais são as pessoas que lá trabalham. Quando assumimos, esse foi o discurso: a Itaipu não é maior nem menor que as pessoas que nela trabalham. Quando completamos um ano, a ideia foi prestar contas. Quando a empresa é muito grande, cada um está numa área e, às vezes, uma área não sabe o que a outra está fazendo. Quando mostramos os investimentos, o que construímos, as políticas que criamos, deu uma satisfação muito grande”, enfatiza.

“É muito importante para nós e é motivo de orgulho ter uma equipe tão qualificada quanto eu tenho na Diretoria. A equipe técnica, de carreira, da Itaipu também é muito preparada. Não fui eu que preparei, foram gestões passadas, que investiram muito nisso”, ressalta.

Verri salienta que a Itaipu está muito compromissada com a transição energética. “É importante lembrar que o Brasil é, no mundo, modelo da transição energética. Todo mundo fala no fim do combustível fóssil e se fala que é necessário investir em alternativas para a produção de energia. A Itaipu é modelo. No Brasil, 80% da energia que ele gera é hidráulica, portanto, energia limpa”, observa. O diretor da Itaipu pontua que, além da energia hidrelétrica, o Brasil ainda produz energia eólica (ventos) e fotovoltaica (luz solar), ao passo que países como a França ainda dependem de energia nuclear. “Se fechar o tempo, a Itaipu está aí para completar [o fornecimento de energia]”, diz.

“A Itaipu não está aqui para vender energia, mas para garantir energia, tanto para o Brasil quanto para o Paraguai. Itaipu já forneceu, no Brasil, 25% da energia gerada e consumida. Hoje se consome 10%. Deixamos de ser um grande fornecedor de energia, embora ainda sejamos 10% e passamos a ser um backup: quando cai uma torre, como caiu no Ceará, em agosto do ano passado, e cai energia numa parte enorme do Brasil, é a Itaipu quem mexe num botãozinho e, em 15 minutos, recupera”, explica.

Itaipu: Mais Que Energia

Para o diretor brasileiro da Itaipu Binacional, o programa “Mais Que Energia” é “a cara” da Itaipu, por ser uma empresa que além de produzir energia, “produz vida”. “Nesse conceito, coordenado pelo diretor Carlos Carboni – ele que montou, com sua equipe, da Diretoria de Coordenação, esse projeto – fizemos uma lista, primeiro, tecnicamente, de quais municípios demandavam recursos: 434 que têm algum contato direto com o lago, com o reservatório. Segundo, pegamos esses municípios e fizemos uma análise de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), de necessidade e de receita. De acordo com essa análise, quanto menor o município, mais recursos ele recebe, ou quanto mais pobre o município, mais recursos ele recebe. Distribuímos esses recursos – para uns mais, para outros menos – mas em média R$ 2 milhões foram depositados em dezembro na conta de cada um desses municípios”, diz.

Entre os investimentos, por exemplo, está na pavimentação de estradas rurais, o que contribui para reduzir a erosão e a sedimentação do reservatório. Em contrapartida, o município faz a manutenção de nascentes, fiscalizada pela Itaipu, que está monitorando 9 mil nascentes nesses 434 municípios. “Você ajuda o município, reduz a erosão, incentiva a qualidade ambiental do planeta, mas também da nossa região e aumenta o tempo de vida da usina. É um trabalho coletivo em que as Prefeituras, especialmente as menores, não tinham gente qualificada para fazer projetos. A Prefeitura pequena arrecada pouco e o salário que ela paga aos servidores públicos é baixo, assim, o servidor público não tem como se qualificar. Ele quer estudar, mas não tem como. Fizemos um convênio da Itaipu com a Associação dos Municípios do Paraná (AMP). Com esse acordo, a Itaipu pagou cursos de pós-graduação para 16 mil servidores públicos do Paraná. Na verdade, inscreveram-se 32 mil. Eram 14 mil vagas”, ressalta.

A finalidade desse investimento em qualificação dos servidores públicos municipais é, justamente, para que eles se tornem aptos a elaborar projetos e políticas públicas – de educação, de inclusão social, entre outros – para que os municípios possam captar recursos estaduais e federais, por exemplo.

Hospital do Câncer

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional desmentiu a informação que circula nos bastidores de que os R$ 10 milhões anunciados pelo secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, para a compra de um acelerador nuclear, equipamento de radioterapia para o Hospital do Câncer, sejam subsidiados pela Itaipu. “Não existe nenhum projeto da Itaipu [direcionado ao Hospital do Câncer], nem nenhuma previsão de repasse. A Itaipu não pode, nesse momento, assumir esse compromisso, porque não tem orçamento e tem outro detalhe: como é um ano eleitoral, não pode fazer esse tipo de convênio. A Itaipu não se mete em processo eleitoral. Vai continuar ajudando os municípios, mas esse ano, não, pois chega junho e já não pode mais firmar esses convênios. Esse é um ano de entregas e execuções dos investimentos que estamos anunciando e que já estão pagos. No ano que vem ou a partir de novembro deste ano, começamos uma nova etapa”, ressalta.

Ponto de Vista 

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.

A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz;  T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa  99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.