Em tempos de modernidade líquida, algumas instituições perdem o sentimento de pertença social. A erosão causada nos relacionamentos se deve, em parte, pelo imediatismo econômico, pela competitividade no universo do trabalho e falta de estrutura emocional e espiritual de muitas pessoas que não alcançam a felicidade, tanto individual como compartilhada. O casamento é um dos pilares fragmentados pela sociedade hodierna.
Para fins de constatação, à época da pandemia da COVID-19, a convivência doméstica tornou-se um drama para muitas famílias. Fruto disso é o número recorde de divórcios no segundo semestre de 2020. Segundo levantamento do Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal (CNB/CF), houve, nada menos, que 43,8 mil processos no período, representando um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2019. A convivência “forçada” evidenciou as mazelas de relacionamentos desgastados e corroídos por diversos fatores.
Mas, segundo especialistas, é possível manter um casamento saudável, independente do tempo decorrido. No entanto, algumas orientações devem ser observadas para que se chegue à tão sonhada felicidade.
Segundo a psicóloga Thaiana F. Brotto, não existe uma fórmula mágica para ter um casamento feliz, porém, com algumas dicas, é possível construir um relacionamento saudável e duradouro.
Em primeiro lugar, segundo a psicóloga, é imprescindível conservar uma base sólida de amizade. A cumplicidade é outro substantivo que, mesmo abstrato, faz com que a relação a dois ganhe mais concreção e significado. Em tempos de crise, pelas quais todo casal passa, a amizade, em forma de respeito e companheirismo, é fator que tem o poder de desencadear laços além-paixão. Isso é percebido no estímulo que os cônjuges dão um ao outro nas mais diversas áreas, sejam essas econômicas, pessoais, familiares dentre outras.
Ainda segundo Thaiana, abraçar as diferenças poderá impactar positivamente na relação a dois. A capacidade de se comprometer com a agenda de vida e sonhos do outro é uma forma de altruísmo e, em última instância, amor.
Reconhecer que existem diferenças demonstra saúde mental, pois os problemas estão enraizados na personalidade, nos valores, nos projetos e nas preferências de cada um. Respeitar as diferenças e acolhê-las é evitar a simbiose, em que ambos caminham em direção ao superficial mundo das paixões imaturas.
O psicoterapeuta Paulo Cesar T. Ribeiro sugere, por sua vez, o diálogo como forma de manter um casamento feliz. Para o terapeuta é fundamental que o casal compartilhe experiências vividas no dia a dia, seja no trabalho ou afim. Expressar sentimentos abre um campo vívido de possibilidades de comprometimento um com o outro e, da mesma forma, fortalece a união do casal.
Outra orientação do especialista é saber que não é possível mudar seu parceiro. Afinal, ninguém muda ninguém. Para Ribeiro, a reflexão de que as pessoas são inexatas e falham estabelece um novo paradigma na relação, a saber, o aprendizado do universo do outro.
Neste contexto, este colunista, como Teólogo, ousa apresentar mais uma orientação encontrada na Teologia – a ciência da fé. Para que um casamento se desenvolva saudavelmente, não se pode prescindir da área espiritual – não meramente religiosa ou doutrinária -, mas em relação ao sentimento de que é perfeitamente plausível crer em Deus na aventura da vida a dois.
Segundo a Bíblia Sagrada, no livro sapiencial de Eclesiastes, 4:12: “(…) o cordão de três dobras não se rebenta facilmente”. O trecho poético do escritor bíblico nos deixa a lição de que, juntos, cônjuges e Deus, formam um cordão impossível de ser rompido.
É certo que vivemos em um mundo em que a vida espiritual encontra determinadas dificuldades para prosperar. O próprio evangelho das “Fake News”, promovido por déspotas incautos, gera estranheza em muitos. Mas, saibamos que as verdadeiras lições apregoadas pelo sábio Rei Israelita Salomão, provável autor de Eclesiastes, lançam mão de prudentes sugestões que asseguram uma vida conjugal saudável e nada têm a ver com a manifestação de indivíduos que se promovem pela “fé”.
Observar uma espiritualidade, em um encontro com Deus, propiciará segurança em época de ansiedade e infortúnios. Ademais, sonhos são feitos de vários “futuros” e, como muitos dizem: “O futuro a Deus pertence”!
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