A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) recebeu pesquisadores de países vizinhos para debater resultados de pesquisa feita em conjunto sobre insegurança alimentar, durante o 1º Simpósio Interamericano Perspectivas sobre Alimentação. O evento foi promovido pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas (PPGCSA), por meio do Núcleo de Pesquisa ‘Questão Ambiental, Gênero e Condição de Pobreza’, e aconteceu em 19 e 20 de agosto, no Campus Centro da UEPG.
O encontro recebeu pesquisadores das Universidad Nacional Mayor de San Marcos (UNMSM), do Peru; Universidad del Valle (UniValle), da Colômbia; e a Universidad Nacional de Lanús (Unla), da Argentina; para debater os resultados da pesquisa ‘Insegurança alimentar e vulnerabilidade social dos estudantes de graduação’, realizada nas quatro instituições em 2023. O objetivo do estudo foi analisar e mensurar a ocorrência da insegurança alimentar entre estudantes universitários nas quatro instituições e, considerando as características de cada país, apontar as causas para o fenômeno e estabelecer medidas para combater o problema.
A abertura foi marcada pela presença do chefe de gabinete da Reitoria da UEPG, professor Rauli Gross, e a coordenadora do PPGCSA, professora Lislei Preuss, que saudaram a presença dos convidados e exaltaram os resultados alcançados na pesquisa. O evento iniciou, na manhã do dia 19, com a apresentação dos dados coletados pelos pesquisadores das universidades envolvidas, onde a professora Augusta Pelinski, do PPGCSA, apresentou o panorama da insegurança alimentar dentro da UEPG. Os professores Bill Anderson Acero, da UNMSM, Juan Byron Correa, da UniValle, e Marina Wallinger, da Unla, trouxeram os dados das suas instituições, com contextos sobre a realidade das universidades públicas de seus países.
Os dados produzidos pela pesquisa dentro da UEPG haviam sido apresentados à comunidade interna, durante a Conferência Universitária de (In)segurança Alimentar. Realizado entre agosto e setembro de 2023, a pesquisa coletou dados sobre hábitos de consumo e alimentação de 1.435 estudantes, de todos os cursos de graduação da Universidade. Os dados mostram que 35% dos estudantes da UEPG sofrem com algum nível de insegurança alimentar. O estudo se aprofundou em temas como etnia, gênero e renda para mensurar os perfis de alunos mais vulneráveis ao problema. A pesquisa também mapeou a quantidade de acadêmicos beneficiados pelas políticas afirmativas da Universidade e a efetividade delas para sua permanência.
A professora Augusta Pelinski destaca que foram identificados dados similares entre as universidades analisadas no estudo: “Dadas as particularidades de cada instituição e país, podemos observar cenários que se repetem em todas, com a alta taxa de insegurança alimentar, sobretudo em grupos específicos, com destaque para as mulheres”. Ela explica que assim como os problemas, há a possibilidade de pensar em soluções que podem ser replicadas e adaptadas à realidade das universidades do continente. “Estou muito agradecida pelo convite da UEPG de poder compartilhar essas informações que são comuns entre os nossos países. Do ponto de vista acadêmico, e pensando na internacionalização do conhecimento, este é um momento importante para a nossa Universidade Nacional de Lanús”, comenta a pesquisadora argentina, professora Marina Wallinger.
No segundo dia, o evento foi marcado pela palestra ‘A Universidade na América Latina e os desafios da vida universitária’, do professor Jorge Alberto Kulemeyer, da Universidade Nacional da Patagônia Austral (Unpa), da Argentina. Em sua fala, Kulemeyer abordou o panorama do ensino superior de alguns países do continente e tratou de temas como as formas de financiamento dos sistemas públicos e os grupos que gestam as instituições privadas. “Este é o momento debater uma questão chave para toda a população, que é a alimentação, e ela traz um grande potencial para unir as diferentes instituições que produzem pesquisa de qualidade na região, como a UEPG, para encontrar soluções para a questão”, comenta o professor.
Após a palestra, aconteceu momento cultural, com apresentação do Coral da Universidade Aberta da Terceira Idade da UEPG. Para o encerramento do segundo dia de evento, a coordenadora do Simpósio, professora Mirna Medeiros, da UEPG, e Nadja Menezes, da UniValle, leram documento constituído durante a Conferência Universitária de (In)segurança Alimentar, que ocorreu em 18 de julho, onde foram elencadas propostas para possíveis políticas para o acesso à alimentação e garantia da permanência dos estudantes da UEPG. Ao longo da semana, o grupo de pesquisadores da UEPG e universidades convidadas reuniu-se em grupos de trabalho temáticos para apresentações de trabalhos acadêmicos voltados ao assunto.
A coordenadora do Simpósio, Mirna Medeiros, avalia que o evento foi um sucesso, pois nele “foi possível verificar diferenças e semelhanças entre as realidades da Universidade na América Latina. Além disso recebemos ótimos trabalhos de diversas instituições nos grupos de trabalho, permitindo um encontro produtivo para a difusão e intercambio do conhecimento, bem como possibilidade de novas parcerias”. A professora reforça que o Simpósio fecha o primeiro ciclo da pesquisa, ao mesmo tempo que aponta a necessidade de continuar a discussão e monitorar a condição de acesso dos acadêmicos à alimentação saudável, assim como as políticas afirmativas necessárias.
“O que aprendi na minha vida dentro da Universidade é a importância da Democracia. Olho para esses dados, transformados em documento, e vejo o resultado de um processo construído coletivamente, por diversos olhares e conhecimentos, ao fim de um longo processo de pesquisa”, celebra a professora Édina Schimanski, coordenadora do Núcleo de Pesquisa ‘Questão Ambiental, Gênero e Condição de Pobreza’. A coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas da UEPG, professora Lislei Preuss, reforça que o encontro voltou os olhos da universidade a um problema que afeta sua comunidade interna: “Tudo o que foi apresentado no Simpósio são provocações e reflexões que nos instigou a pensar e oportunizou a produção e a socialização do conhecimento. Creio que ele também contribui enquanto um evento internacional, com a participação de diversos pesquisadores e estudiosos acerca da temática”.
Encontro na Reitoria
Os pesquisadores do Núcleo de Pesquisa Questão Ambiental, Gênero e Condição de Pobreza e convidados participantes da investigação reuniram-se com o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, no gabinete da Reitoria, no dia 22, para apresentar os resultados da pesquisa ‘Insegurança alimentar e vulnerabilidade social dos estudantes de graduação’ e tratar de futuras parcerias internacionais. Durante o encontro, foi entregue ao reitor a carta apresentada durante o Simpósio e apresentadas as propostas para combater a incidência da insegurança alimentar nas universidades.
O reitor destaca que projetos como este são muito importantes, não apenas para a universidade, mas para toda a comunidade. Ele também apresentou aos visitantes as ações de inclusão e permanência desenvolvidas na UEPG: “A cada ano cresce o número de alunos de famílias com poucos recursos. Hoje temos duzentos e cinquenta estudantes que recebem bolsa permanência e precisamos trabalhar para que mais alunos tenham acesso”. Após receber o documento dos pesquisadores, Sanches Neto garante que os dados apresentados na pesquisa orientarão as políticas de assistência estudantil da Universidade.
da assessoria