Segunda-feira, 30 de Setembro de 2024

Em coletiva sobre G20, Enio Verri destaca a importância da Itaipu no cenário global e urgência da transição energética

2024-09-30 às 16:20
Foto: Reprodução

Nesta segunda-feira (30), o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, concedeu uma entrevista coletiva no qual ressaltou o papel da empresa em âmbito mundial, a importância dos investimentos em inovação e quais os resultados desejados para o encontro ministerial do G20, que acontece nesta semana, em Foz do Iguaçu.

Verri iniciou a coletiva afirmando que é uma honra a cidade receber a reunião – Foz do Iguaçu é o único município que não é capital de estado a receber o evento – e que o foco na transição energética está diretamente ligado ao trabalho realizado pela binacional. “Terá um encontro de boas vindas muito rápido com as entidades que representam o debate da transição energética dentro do G20 e também com representantes da ONU e outros organismos internacionais. Teremos no decorrer da semana vários debates que tratam de alternativas da transição energética, de experiências bem sucedidas que nós podemos ter que já existem no mundo. Claro que Itaipu estará muito presente neste debate. Um deles é a experiência que nós temos aqui em Toledo, que é a da biomassa como alternativa, não só de equilíbrio ambiental, mas também de geração de energia barata e limpa”, aponta.

O diretor destacou também a importância do protagonismo do Brasil na pauta energética. “O discurso do presidente Lula na ONU, quem teve a oportunidade de ouvir, percebeu isso: o Brasil como o país que debate e reflete a construção de energia limpa, barata e de qualidade. Aa principal produção de energia hoje no Brasil é da hidrelétrica, mas nós temos crescido em relação ao resto do mundo muito acima da média na produção de energia eólica, fotovoltaica, assim como das experiências que nós temos no Brasil e dentro de Itaipu, como a biomassa, o hidrogênio verde, como a experiência que temos no Parque Tecnológico da SAF, que é o petróleo sintético, além de uma experiência muito nova para nós de Itaipu que é a produção de energia solar no fio d’água, usar parte do reservatório para produzir energia elétrica”, afirmou. Em complemento, Verri afirmou se tratar de uma marca muito positiva para a empresa, vista como “um braço do Governo Federal aqui no Paraná” por financiar experiências, assim como Petrobras, BNDES e SEBRAE fazem. “Somos representantes do Governo Federal nessa pauta de transição energética”, pontuou.

Histórico

Durante a conversa, Verri também falou sobre a importância histórica da Itaipu e como ela tem se posicionado no debate sobre novas fontes de energia. “A primeira usina que trata a questão da energia elétrica acompanhada da questão ambiental é a Itaipu. Ela tem como matéria-prima a água, você precisa manter o reservatório e isso implica uma política ambiental muito ousada e forte. Isso nos deu nesses 40 anos um acúmulo de experiências e acertos, de trocas com outros país que faz com que tenhamos essa marca. A Itaipu deixa de ser só uma protagonista, ela passa a ser um player nesse debate da transição energética e dentro desse conceito de crise climática”, diz.

Ao falar especificamente sobre a transição energética, Verri afirmou se tratar de uma mudança “lenta, gradual e inevitável” e que a COP 30, que será realizada em 2025, “vai deixar uma marca muito grande”.

Investimentos em tecnologia

Outro ponto abordado durante a coletiva foi sobre os investimentos em tecnologia realizados pela binacional, especialmente os que têm envolvimento com o Itaipu Parquetec. “Nosso parque existe há 20 anos e tem um desafio muito grande. Por exemplo, a Cibiogás, que é modelo no Brasil de produção biomassas nasceu dentro do nosso parque tecnológico. A experiência que eu citei aqui, de Toledo, através da Cibiogás, se construiu uma alternativa não só para você não jogar mais a carcaça de suínos no rio, como ela transforma a carcaça em biogás e consequentemente abastece os produtores. Você melhora o ambiente e ainda diminui os custos de produção de energia da população. A biomassa já é experiência antiga, o hidrogênio verde é uma experiência que já passa de 15 anos dentro do nosso parque tecnológico e agora a novidade que nós temos mais recente é o SAF, o petróleo sintético”, detalha

Ao falar sobre novos olhares, o diretor aponta que a “inovação seja resultado de um debate mundial e que o resultado seja público e socializado, se não acabamos desenvolvendo países que pensam a ciência, que pesquisam, e outros países que formam engenheiros para montar aquilo que outros pensam. Isso cria uma dependência, uma subordinação de um país com o outro, um desequilíbrio, fato que ocorre hoje no mundo. É preciso pensar que o planeta passa por uma crise. Todos os países deverão ser muito parceiros em pesquisa, inovaçã0 e também em respeito à preservação ambiental. Não dá para alguns países desenvolvidos que destruíram todo o seu ambiente, transferir para nós do Brasil uma responsabilidade que também é deles”.

Resultados esperados

“A humanidade não tem mais como esperar. Quando eu fazia pesquisa na áera de economia a gente olhava pobreza, inflação, distribuição de renda e via a questão climática e falava assim: ‘um dia a gente vai discutir isso aqui’. O momento chegou, não dá mais para transferir e separar a questão do clima da inflação, do desemprego, da miséria”, pontuou Verri ao ser questionado sobre a urgência do debate envolvendo o clima.

“A expectativa que o presidente Lula tem é que o G20 nos leve a pontos em comum que possam resultar em um planeta mais sustentável. O discurso do presidente na Assembleia Geral da ONU foi muito forte nisso. Mesmo o secretário-geral da ONU quando falou em nome da entidade mostrou isso: nós temos que sentar todos e conversar, não há espaços para outras disputas neste momento porque não teremos como ter outras disputas se não tivermos o planeta. Esse é o desafio”, finalizou.