por Michelle de Geus
Homem simples e de família humilde, Jeroslau Pauliki nasceu em Arapoti, onde passou a infância e a adolescência. Começou a trabalhar muito cedo, aos oito anos de idade, fazendo e vendendo pirulitos. Mas também foi vendedor de verduras, cobrador de ônibus, auxiliar de oficina mecânica e barbeiro. O seu grande sonho era conseguir um emprego como auxiliar de escritório e, aos 18 anos, veio para Ponta Grossa, onde fez curso de datilografia e redação comercial.
Em 1978, aos 34 anos, já casado e com filhos, Jeroslau estudava economia e trabalhava como gerente em uma fornecedora de materiais para tapeçarias e marcenarias. Certo dia, ele foi cobrar um cliente em uma cidade vizinha que não tinha como pagar e quitou a dívida com móveis. Ele vendeu tudo rapidinho e percebeu que estava diante de uma grande oportunidade. Movido pelo espírito empreendedor e pela vontade de vencer na vida, abriu uma loja simples de móveis em um pequeno galpão, próximo à rodoviária da cidade, no bairro da Ronda. Nascia ali o Mercado de Móveis Ponta Grossa, que mais tarde se tornaria a Lojas MM.
Realizando sonhos
“O que me inspirou foi poder promover conquistas para as pessoas”, afirma Pauliki. A ideia era atender consumidores sem crédito que não conseguiam comprar em grandes lojas tradicionais. O crediário era aprovado com base na palavra do cliente, sem pedir nada como garantia. “Muitos consumidores das classes C e D que estavam sem crédito na praça começaram a ter esse poder de compra, podendo realizar o sonho de ter uma casa mais confortável”, explica.
A empreitada foi um sucesso. Em apenas 15 dias, todo o estoque da loja foi vendido. Pauliki precisou vender o seu único bem pessoal, uma Brasília (Volkswagen) laranja, para comprar um pequeno caminhão que auxiliasse nas entregas. “O meu sonho era empreender junto a um mercado que pudesse promover o bem-estar das pessoas. E hoje chegamos a mais de 10 milhões de sonhos realizados através do nosso trabalho”, destaca.
Atualmente, a Lojas MM é uma das maiores redes de varejo do sul do Brasil. São mais de 200 lojas distribuídas em quatro estados – a maior parte se concentra no Paraná, seguido de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo. A rede conta ainda com um Centro de Distribuição e Administração (CDAM) em Ponta Grossa e “crossdocking” (sistema de distribuição) nas cidades de São José dos Pinhais, Joinville, Cambé e Cascavel.
Impacto social
Pautado pela simplicidade e pela transparência, Pauliki faz questão de manter a sua equipe motivada ouvindo os colaboradores. “Essa proximidade também nos permite ouvir as boas ideias de todas as gerações que trabalham conosco através de comitês, encontros e até da busca das premiações que envolvem inspiração e inovação”, observa, destacando que o contato próximo com clientes e colaboradores é o seu segredo para não perder a inspiração e seguir trabalhando. “Isso não apenas fortalece o sentimento de pertencimento entre todos que têm na MM um ponto de referência, mas também possibilita encontros para renovar a nossa motivação e a nossa inspiração”, acrescenta.
O empresário observa que também se inspira vendo o impacto do próprio trabalho na empresa e na sociedade. “Aplicar de forma organizada e disciplinada o nosso plano estratégico nos traz inspiração para contribuir também com a sociedade através de nossos projetos de resgate social e capacitação, pois sabemos da grande responsabilidade que os empreendedores têm em relação à sua comunidade”, afirma.
Otimismo realista
Para Pauliki, todos aqueles que começaram do zero como ele e que chegaram ao sucesso empresarial e social têm algo a ensinar. “Acredito que a minha história em si, de alguém que começou como cobrador de ônibus e chegou a esse patamar como empreendedor, mostra que tudo é possível, que a força do trabalho e a força de vontade podem operar milagres, pois do céu só vem chuva”, afirma. Para as pessoas que se inspiram nele, o empresário aconselha a buscarem o que chama de “otimismo realista”. “Seja sempre otimista, mas saia de casa com um guarda-chuva, ou seja, persevere e prospere com otimismo, mas sempre de acordo com a realidade e os riscos”, conclui.
