por Michelle de Geus
Quando eram crianças, os irmãos José Darcio Glapinski e João Carlos Glapinski, sócios-proprietários e diretores da rede de farmácias Fleming, moravam em um sítio situado a 20 quilômetros de Jaguariaíva e desde muito cedo trabalhavam para ajudar os pais. “Os sonhos eram reduzidos na infância. O meu pai, mesmo sendo uma pessoa simples, tinha uma visão futurista e sabia que os filhos precisavam estudar”, conta José Dárcio.
Aos sete anos de idade, ele se mudou para a casa de uma tia em Jaguariaíva para estudar e já na adolescência começou a trabalhar em uma farmácia. “Eu era responsável por abrir as caixas de medicamentos e guardá-los em seus devidos lugares. Mas, com a curiosidade e a vontade de saber a indicação e a posologia dos remédios, eu comecei a ler as bulas diariamente e, aos 16 anos, fui promovido para trabalhar no balcão no atendimento”, recorda.
Foi nessa época que surgiu a vontade de ingressar na então Faculdade de Farmácia e Bioquímica de Ponta Grossa (atual UEPG) e José Darcio começou a se dedicar ainda mais aos estudos. “Eu trabalhava das 8h às 18h, ia para o colégio das 19h às 22h30 e estudava diariamente até 1h ou 2h da madrugada”, detalha.
Em 1964, com a aprovação no vestibular, ele se mudou para a cidade para cursar o ensino superior. Nessa época, soube que uma pequena farmácia, já denominada Fleming, estava à venda nas proximidades da praça Barão do Rio Branco, no Centro de Ponta Grossa. “Eu comprei o estabelecimento à custa do sacrifício do meu pai, que teve de vender uma casa para que eu pudesse ter o valor da entrada do negócio. Felizmente as parcelas restantes foram quitadas com o lucro da própria farmácia”, relata.
O grande parceiro de negócios de José Dárcio foi o irmão João Carlos, que havia seguido os mesmos passos e mais tarde também se tornou farmacêutico. Atualmente, a rede de farmácias Fleming conta com 26 unidades, sendo uma de manipulação, 19 em Ponta Grossa e outras sete espalhadas por municípios dos Campos Gerais. Anexo ao seu Centro Administrativo, a empresa ainda mantém um Centro de Distribuição que atende às demandas da rede.
Inspiração nos consumidores
Na visão de João Carlos, a inspiração é algo intrínseco de cada pessoa. “O mais importante é ter um foco, saber onde se pretende chegar, trabalhar muito e estudar muito. E, claro, nunca deixar de perseguir o sucesso”, avalia, acrescentando que há várias pessoas e empresários bem-sucedidos que inspiram o seu trabalho. “Mas, mais do que isso, a inspiração vem de acompanhar o nosso desenvolvimento para atender às necessidades dos consumidores. Na maior parte das vezes, eles se transformam em pacientes, que necessitam de atenção especial e hoje em dia estão cada vez mais bem informados”, aponta.
Para isso, a Fleming conta com uma equipe motivada, e João Carlos se empenha em manter os colaboradores inspirados com treinamentos e um bom ambiente de trabalho. A repercussão do próprio trabalho na comunidade é outra coisa que o inspira. “Quando o trabalho é feito com responsabilidade, ética e honestidade, sempre repercute, tanto na clientela quanto na comunidade. Em função dessas práticas, somos uma empresa completando 60 anos de história sempre com a mesma direção, o que é uma raridade”, ressalta, acrescentando que todo cidadão deve participar ativamente da comunidade para que a sociedade seja mais justa e avançada.
Legado para todos
A exemplo de muitos empresários, João Carlos considera a própria história, por si só, inspiradora. “Penso que o espírito empreendedor, o professor dedicado, a família bem constituída, ser o sustentáculo de mais de 1.200 pessoas diretamente e o envolvimento direto com a comunidade podem servir de bons exemplos a todas as pessoas”, conclui, destacando que é preciso se esforçar para deixar um legado para a família e para os demais, sem se acomodar e pensando sempre em progredir.