Terça-feira, 26 de Novembro de 2024

Paraná precisa qualificar 1,1 milhão de profissionais até 2027, segundo Senai

Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027 mostra que Logística, Construção, Manutenção e Metalmecânica serão as áreas com maior demanda por novos profissionais
2024-10-19 às 15:45
Foto: Gelson Bampi/FIEP

Para atender a demanda da indústria do Paraná nos próximos três anos, será necessário qualificar 1,1 milhão profissionais entre 2025 e 2027, segundo o Mapa do Trabalho Industrial. O número contempla a necessidade de formação de 170,1 mil novos profissionais e de requalificação de 920,4 mil que já estão no mercado. A projeção leva em conta o crescimento da economia e do mercado de trabalho. O levantamento é elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo é uma importante ferramenta de inteligência para subsidiar as ações de planejamento de oferta do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

“Como ficou evidente nos Fóruns Regionais da Indústria que promovemos neste ano, a questão da empregabilidade é um dos principais desafios que o setor industrial paranaense enfrenta para sustentar sua evolução”, afirma o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Vasconcelos. “A indústria do nosso estado cresce acima da média nacional e tem potencial para se desenvolver muito mais, mas precisa de profissionais capacitados para acompanhar os avanços tecnológicos e ocupar os milhares de postos de trabalho que são abertos pelas empresas. O Senai Paraná tem se debruçado sobre esse tema, ofertando cursos de qualificação profissional em diversas áreas e serviços que contribuem para o aumento da produtividade das indústrias”, completa.

Segundo o Mapa do Trabalho Industrial, o estado precisará de 170,1 mil trabalhadores com uma nova formação para atender o ritmo de criação de empregos e a reposição de trabalhadores que deixarão o mercado de trabalho formal.

As projeções para o Paraná também mostram que 920,4 mil trabalhadores precisarão de treinamento e desenvolvimento para atualizarem as competências nas funções que já desempenham na indústria e que também são demandadas por outros setores no Brasil.

A atualização envolve o desenvolvimento de competências em dimensões como hard skills (habilidades técnicas como domínio de máquinas, equipamentos e softwares), soft skills (competências comportamentais como pensamento crítico, inteligência emocional, criatividade e inovação) e ações de saúde e segurança no trabalho (como inspeção de instalações, normas e regulamentos), para que os trabalhadores contem com as habilidades necessárias para desempenhar as funções de maneira eficaz e segura.

Logística e Operações Industriais lideram em demanda por profissionais

De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial, entre 2025 e 2027, as áreas com maior demanda por profissionais serão:

  • Logística e Transporte (261,9 mil), com oportunidades para técnicos de controle da produção, motoristas de veículos de cargas, almoxarifes e armazenistas, entre outros;
  • Operação industrial (141,8 mil), que são profissionais que atuam como alimentadores de linhas de produção, embalagem, etiquetagem, trabalhadores de cargas e descargas de mercadorias;
  • Alimentos e Bebidas (101,3 mil), com vagas para magarefes, trabalhadores na fabricação e conservação de alimentos, supervisores da fabricação de alimentos, bebidas e fumo, entre outras;
  • Construção (94,2 mil), para atuar como profissionais na operação de máquinas de terraplanagem, ajudante de obras civis, trabalhadores de estruturas de alvenaria, fundações, entre outros;
  • Metalmecânica (91,4 mil), com a necessidade de montadores de veículos automotores (linha de montagem); trabalhadores de soldagem e corte de ligas metálicas; trabalhadores da pintura de equipamentos, veículos, estruturas metálicas e de compósitos, e mais;

Metodologia do MTI 2025-2027

Para este Mapa do Trabalho Industrial, o Observatório dividiu o levantamento de dados por etapas:

Projeção do emprego formal até 2027: estima-se o nível de emprego formal por área de atuação profissional e setor. As projeções utilizam modelos de séries temporais, testando diferentes especificações e selecionando a de melhor ajuste para cada série. Os dados são analisados em conjunto para garantir a consistência em relação ao comportamento do emprego e às expectativas futuras.

Delimitação do emprego na indústria e em ocupações correlatas em outros setores da economia:  seleciona-se o volume de vínculos formais projetados para a indústria como um todo, incluindo a indústria extrativa, de transformação, construção e energia e saneamento, além de ocupações correlatas em outros setores econômicos, como agropecuária, serviços e administração pública.

As ocupações correlatas são categorizadas pelo caráter transversal e pela relevância para os diferentes setores, como cientistas de dados e engenheiros da computação.

“Esse enfoque em toda a indústria, com a soma das ocupações estratégicas para os demais setores, possibilita uma abordagem integrada da promoção da formação profissional, refletindo a alta interdependência entre os setores”, explica a especialista em Mercado de Trabalho do ONI e responsável pela elaboração do Mapa do Trabalho Industrial, Anaely Machado.

Estimativa da demanda por formação industrial: com base na estrutura do emprego formal projetado e na necessidade de formação de profissionais, estima-se a demanda por qualificação na área industrial e correlatas:

  • Formação inicial: considera o volume de novas vagas geradas na economia, a reposição de trabalhadores que deixam o mercado formal e o potencial estoque de profissionais já formados que poderiam ocupar essas vagas. Essa análise é fundamentada em microdados da RAIS/MTE, avaliando a trajetória profissional dos trabalhadores.
  • Treinamento e desenvolvimento: estima a necessidade de atualização e formação complementar para profissionais já empregados. Os valores são derivados de pesquisa primária com empresários da indústria, que relataram o percentual de trabalhadores treinados anualmente.

da Agência FIEP