A Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou nesta quarta (23), em Curitiba (PR), um evento voltado a combater o assédio e a violência de gênero contra mulheres. Intitulado de “Construindo um ambiente de trabalho livre de assédio e de violência de gênero”, o evento contou com duas palestras buscando uma sensibilização sobre o tema.
A palestra “De homem para homem”, buscou sensibilizar diretamente o público masculino, com uma apresentação realizada pelos Capitães da Polícia Militar do Paraná (PMPR), Denis Wellinton Viana e Victor Rodrigo Amaral, pelo delegado da Polícia Civil do Paraná, Wagner Quintão e pelo chefe da seção operacional da PRF no Paraná, Diego Prestes Bernardino. Durante a palestra, os presentes foram sensibilizados sobre a necessidade de reflexão e de mudança sobre a cultura de machismo, que afeta homens e mulheres. “O respeito às mulheres, a noção de que as mulheres não existem para estarem à nossa disposição, precisa estar muito claro para nós [homens], precisa estar internalizado. Além disso, precisamos ter a coragem de combater os comportamentos machista”, afirmou Bernardino. O chefe da seção de operações também frisou que é preciso reprimir os comportamentos inadequados antes que eles passem a se materializar em efetiva agressão, pois, quando isso acontece, já existe uma vítima com sequelas.
Para o Capitão Denis Wellinton Viana, além da mudança de comportamento necessária para todos, é preciso também responsabilizar os agressores. “Não importa o que o agressor tenha feito, ele pode mudar. Mas independente da mudança, ele precisa ser responsabilizado por seus atos”, ressalta Viana.
Para os homens presentes, foi deixada uma mensagem para contribuir com a causa. O principal conselho, ao ter contato com alguma vítima, é praticar a escuta sem julgamentos. A atitude de auxílio a ser tomada é ajudar na produção de provas, para uma responsabilização do agressor.
O segundo momento do evento foi a palestra “Combate ao assédio”, ministrada pela juíza federal Tani Maria Wurster, com o foco em habilitar os presentes a conseguir reconhecer o assédio. Segundo a juíza, o assédio está ligado a relações de hierarquia e assimetria de poder, fragilizando grupos minoritários ou em nível hierárquico menor. “Existe na nossa sociedade uma estrutura que hierarquiza as relações de gênero, colocando os homens em posição de poder frente às mulheres”, frisou Wurster.
A juíza Tani Maria Wurster trouxe dados relevantes para expor a situação de fragilidade de mulheres e a necessidade de ferramentas para protegê-las. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 32% das pessoas empregadas já sofreram mais de uma forma de assédio no ambiente de trabalho. Pesquisa do Conselho Nacional de Justiça também aponta que 87% dos casos de assédio não foram denunciados, restando impune o agressor. Para a juíza, “existe um custo pessoal para quem denuncia o assédio. Coloca em risco sua carreira e o denunciante fica estigmatizado dentro da instituição”. Além disso, as vítimas sofrem diversos problemas sociais, físicos e psicológicos, como depressão, palpitações, afastamentos do trabalho e, em casos extremos, suicídio.
A definição de assédio apresentada é a constante na convenção 190 da OIT: assédio é uma série de comportamentos e práticas inaceitáveis, ou ameaça desses, que visam, resultam ou podem resultar em danos físicos, psicológicos, sexuais ou econômicos e inclui violência e assédio de gênero.
O evento também contou com falas do coordenador do Programa Mulher Segura Paraná, delegado Leonardo Bueno Carneiro, do corregedor-substituto da PRF, Sebastião Gustavo Costa, da diretora de políticas públicas para as mulheres do Governo do Estado do Paraná, Mariana de Souza Machado Neris e do corregedor da PRF Paraná, Fábio Meurer.
da PRF