Uma nova edição do Vestibular dos Povos Indígenas foi realizada no Paraná, desta vez com participação de aproximadamente 600 candidatos. As provas aconteceram em dois dias, domingo (24) e segunda-feira (25), em Cornélio Procópio e Tamarana, na região Norte; Mangueirinha, no Sudoeste; Manoel Ribas, na região Central do Paraná; Nova Laranjeiras, no Centro-Sul; Ortigueira, na região dos Campos Gerais, e em Santa Helena, no Oeste do Estado.
Uma das características do Vestibular dos Povos Indígenas é que a cada ano uma instituição paranaense fica responsável por coordenar todo o processo das provas, e nesta edição a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) esteve à frente desse momento de inclusão e aproximação com a educação superior.
No primeiro dia de prova os candidatos foram avaliados com uma prova oral de língua portuguesa. Na segunda-feira foram realizadas a redação, provas objetivas de interpretação de textos, língua estrangeira moderna ou língua indígena, biologia, física, geografia, história, matemática e química.
Os candidatos concorrem a uma das 52 vagas oferecidas em uma das sete universidades estaduais do Paraná ou ainda na Universidade Federal do Paraná (UFPR). A escolha da instituição é feita no ato da inscrição e a decisão de qual curso seguir acontece conforme a classificação.
Segundo a coordenadora do XXIV Vestibular Indígena, Janete Ritter, os 596 inscritos também podem prestar o vestibular regular da Unioeste, e assim aumentar a chance de estudar em uma instituição de ensino superior pública do Paraná. As provas serão no dia 15 de dezembro.
“Para muitos indígenas esta é a grande oportunidade da vida deles, e em tempos de corrida pela busca do ensino superior esse vestibular unificado e específico vem ao encontro deste interesse. E prova dessa vontade é que mesmo sem tabular os dados oficialmente, já podemos constatar a baixa taxa de evasão”, disse Janete.
Incentivo
Durante o período de graduação os aprovados no Vestibular Indígena têm direito a uma bolsa que é paga em todo o período em estudam na Universidade. O valor pode variar, e no caso de mulheres com filhos é maior.
O Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná é uma política pública de Estado, com amparo na Lei n.º 14.995/2006. A iniciativa é coordenada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), em parceria com as sete universidades estaduais e a UFPR.
Povos indígenas na Unioeste
Ádana Garigsãnh Bernardo, 21 anos, é indígena kaingang, cursa o segundo ano de Medicina na Unioeste e quer levar para a aldeia aquilo que vive na universidade “Quero ser médica, para minha aldeia, médica para meu povo. Quando eu era pequena e passava pelas dificuldades lá na aldeia não imaginava estar aqui. Nem consigo expressar”, afirmou.
A acadêmica de Medicina viveu a vida toda na aldeia Originária da Terra Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, e ao ver o nome na lista de aprovados entendeu que estava frente a frente com uma grande oportunidade “Estudar para mim foi um meio de libertação. Quando vi meu nome na lista de aprovados queria explodir de felicidade. Agora vou me dedicar para conseguir terminar o curso e atuar dentro da minha aldeia, atendendo minha gente. Meu povo. Ser médica lá onde elas estão e vivem suas dificuldades”, pontuou.
A inserção da população indígena na Unioeste é uma prática que vem sendo incentivada e fomentada nos últimos anos de maneira mais atuante, inclusive com o investimento em políticas para que esses graduandos se mantenham na universidade. Atualmente conta com 32 alunos indígenas matriculados nos câmpus de Cascavel, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon.
da AEN