Em votação histórica, Leonardi é eleito prefeito de Tibagi com 61% dos votos válidos e defende gestão com foco em finanças, infraestrutura e limpeza pública

por Edilson Kernicki

Com a maior votação já recebida em Tibagi, o empresário Rildo Emanoel Leonardi (MDB), de 58 anos, retorna à chefia do Executivo local após um intervalo de quatro anos. Numa eleição histórica, com cinco candidatos, a coligação “Tibagi Forte de Novo” derrotou a situação, dois ex-prefeitos e um candidato inédito, com 61,03% dos votos válidos (6.973).

Leonardi disputou as últimas quatro eleições para prefeito e teve como vice a empresária Helynez Izabel Taques dos Santos Ribas (PP) em três ocasiões – a exceção foram as eleições de 2012, quando Hely foi a vereadora mais votada de Tibagi, com 546 votos. Naquele pleito, ele ficou sete pontos percentuais atrás de Angela Nasser, eleita naquele ano. Em 2016, quando o empresário se elegeu pela primeira vez, virou o jogo e teve 49,9% (5.729) contra 45,35% (5.207) da candidata à reeleição. Em 2024, a ex-prefeita obteve 11,54% dos votos, quase 50 pontos percentuais atrás de Leonardi.

Em 2020, Rildo ficou sem se reeleger por uma diferença de 555 votos, quando Artur Ricardo Nolte, o Butina, teve pouco mais de 5% de vantagem sobre ele, elegendo-se com 50,94% (5.461 votos). Este ano, Butina ficou em terceiro, com 10,82% (1.236).

As últimas eleições em que um candidato a prefeito tinha obtido mais de 60% dos votos em Tibagi foram em 1992, quando José Tibagy de Mello (PSDB) teve 5.240 votos, contra 2.880 do adversário, Homero Talevi Campos (PDT). As únicas eleições com mais candidatos a prefeito que em 2024 no município ocorreram na década anterior, em 1982, com seis postulantes.

Nesta nova chance à frente do Executivo, Leonardi pretende corresponder à confiança do eleitorado e abrir mais o gabinete para ouvir as reivindicações da população e, ao mesmo tempo, circular mais por toda a cidade em busca das demandas dos munícipes.

Como o senhor encara esse retorno à Prefeitura quatro anos após o fim de sua última gestão?

Ficar longe da Prefeitura por quatro anos me fez amadurecer mais e me fez aprender com os erros que cometemos durante aquela gestão. Por mais que tenhamos procurado fazer todo o nosso trabalho da forma mais correta possível, vejo que ter ficado longe, conversando com as pessoas, em contato com as pessoas, me fez crescer, aprender, observar o que está acontecendo no município. Quero trazer isso para essa nova etapa, esse aprendizado, com aquilo que podemos não ter acertado na nossa primeira gestão.

O que o senhor pretende trazer de sua experiência como ex-prefeito e o que planeja mudar para essa nova administração?

Nesses quatro anos que ficamos fora, observando a atual gestão, ouvindo as pessoas, aprendemos que as pessoas gostam de ser ouvidas, gostam de participar ativamente da vida pública, e esse aprendizado eu quero levar para essa nova gestão. Ouvir mais as pessoas e ter um dia para atender ao público que me procura Prefeitura; estar mais presente nos Postos de Saúde, nas escolas, nas obras, nas estradas rurais; ser um prefeito mais presente nas ruas, para poder ouvir melhor a população de Tibagi.

Queremos continuar fazendo aquilo que fizemos de melhor na nossa administração, que foi cuidar dos recursos públicos da melhor maneira possível. Pegamos o município com muita dificuldade econômica, em 2017, e fizemos uma gestão financeira muito bem-feita. Tanto é que tivemos as quatro contas aprovadas. Não temos nenhum processo do Ministério Público, criminal ou algo parecido. Tivemos uma administração muito séria e queremos trazer isso de volta para a nova gestão. Sabemos que os recursos públicos vêm dos impostos que as pessoas daqui de Tibagi pagam. O município de Tibagi é muito rico na agricultura e no turismo, em todos os setores, e precisamos cuidar para que o município ande bem. Queremos poder comprar, contratar serviços, pagar em dia e, com isso, reduzir o custo da máquina pública, podendo levar mais investimento para a saúde, a educação e para tantas áreas que são necessárias ao município.

Quais serão as prioridades para o início da nova gestão?

Caminhamos muito nessa campanha eleitoral; acho que foi a campanha da dupla Rildo e Hely que mais caminhou, visitando as comunidades rurais, as comunidades da sede, visitando as casas das pessoas. Olhamos nos olhos das pessoas e pudemos sentir várias necessidades e prioridades. Nem sempre são obras grandes as mais importantes, mas são demandas básicas que a população quer, como a limpeza do município, que ficou a desejar, por diversos fatores. E Tibagi é uma cidade bonita, com distritos bonitos, com um turismo forte. Não podemos deixar que as pessoas que aqui vivem ou que vêm nos visitar olhem para uma cidade com cara de malcuidada. Precisamos trazer esse cuidado muito forte de volta, para a limpeza pública.

Precisamos olhar nossas estradas rurais, pois Tibagi é o grande produtor agrícola do estado, é o segundo maior município em extensão territorial do Paraná. Temos de ter um olhar muito sério para as estradas rurais. Pretendemos planejar melhor a construção das estradas, já no início da gestão, para que possamos fazer um planejamento para os próximos quatro anos. Precisamos chegar ao final desses quatro anos com as estradas rurais em condições de trafegabilidade para o escoamento da safra, para o ônibus escolar não ficar encalhado no barro, para que a ambulância possa chegar na casa das pessoas e para que os moradores possam sair de suas casas para o trabalho ou até mesmo para um passeio. As pessoas que vivem no meio rural precisam ter boas estradas.

São várias as prioridades, mas, entre elas, habitação, saúde, estradas rurais, finanças e, principalmente, limpeza pública, para que as pessoas que visitam Tibagi saiam com uma bela impressão, de uma das cidades mais bonitas do Paraná.

Quais devem ser as primeiras ações de sua equipe na nova gestão?

O mais importante, quando assumirmos a Prefeitura, é vermos como estão as contas públicas, os contratos de licitação, organizar a questão administrativa, para que não cometamos alguns erros que vêm acontecendo. Tivemos as quatro contas aprovadas e não tivemos processos administrativos graves, porque fizemos uma boa gestão e essa é a maior prioridade: comprar e ter dinheiro em conta para pagar. Quando executar uma obra, ter dinheiro para pagar essas obras; poder pagar os médicos e os aumentos dos professores, as insalubridades necessárias; cuidar do funcionalismo público; valorizar as pessoas que trabalham no município, para que possam dar um retorno aos moradores que procuram atendimento na administração.

Quais critérios o senhor vai adotar para escolher os novos secretários que vão te auxiliar na administração municipal?

Nessa segunda gestão, vamos olhar um pouco mais para a questão técnica. Mas sabemos que a questão política é importante. Precisamos de pessoas que, além de técnicas, tenham um perfil muito parecido com o meu: eu gosto de ouvir as pessoas e de atender bem as pessoas. É isso que eu quero dos nossos secretários e dos cargos em comissão: que eles, antes de tudo, saibam ouvir os moradores. Nem sempre vamos conseguir resolver os problemas de toda a comunidade, mas esse atendimento tem de ser humanizado, tem de ser educado. Quando não for possível resolver o problema, que as pessoas sejam atendidas de forma educada, gentil e que possam compreender por que, muitas vezes, algo não pode ser feito. Claro que vamos ter pessoas técnicas, competentes, mas também sabemos que temos a questão política. Fizemos quase 7 mil votos, com quatro grupos políticos nos apoiando. Sabemos que a política é feita dessa forma, mas queremos, dentro desse grupo, pegar as pessoas que se encaixem melhor para ocupar esses cargos tão importantes.

“Pretendemos planejar melhor a construção das estradas, já no início da gestão, para que possamos fazer um planejamento para os próximos quatro anos”. Foto: Vanessa Delgado de Matos

Ainda falando sobre a máquina pública, o senhor pretende manter, ampliar ou reduzir o número de secretarias municipais?

Acredito que Tibagi tenha um número de secretarias relativamente bom para o tamanho da cidade. Mas sabemos que o mundo está demandando por segurança pública. Então pode ser que no futuro criemos uma Secretaria Municipal de Segurança Pública, para que possamos ter uma Guarda Municipal armada, para que possamos ter uma Guarda Patrimonial mais adequada. Essa secretaria ajudaria a Polícia Militar e a Polícia Civil a cuidar melhor da nossa segurança. Queremos, a princípio, manter o número de secretarias, mas estudando essa possibilidade; primeiro vendo o orçamento, como vamos receber a Prefeitura em relação à questão financeira e econômica, e, aí sim, lá no futuro, pensar se podemos ampliar. E, se formos ampliar, somente secretarias que sejam muito necessárias para o melhor atendimento do nosso município.

Como estão sendo estabelecidas as articulações junto ao governo estadual para o novo mandato?

Temos uma boa relação com o Governo do Estado, apesar de o governo municipal atual ter sido o candidato apoiado pelo governador. Enquanto prefeito, tive oportunidade de estar junto ao governador Ratinho Júnior e sempre fui muito bem atendido pelo Governo do Estado, porque temos bons deputados. O primeiro deles é o Alexandre Curi, que vai ser presidente da Assembleia. Ele foi o deputado que mais mandou recursos para o município de Tibagi. Sempre nos abriu as portas do Governo do Estado. E hoje temos mais um vizinho, amigo nosso, um deputado forte também, que é o Moacyr Fadel. É um grande deputado e tenho certeza que ele vai trabalhar pelo município de Tibagi. Temos bons deputados e vamos ter um bom diálogo com o Governo do Estado trazermos os recursos necessários para melhorar a vida das pessoas de nossa cidade.

Por fim, gostaríamos que deixasse uma mensagem aos munícipes de Tibagi.

Deixo uma mensagem de carinho e de agradecimento a todas as pessoas que nos receberam em suas casas, que nos ouviram. As pessoas confiaram no Rildo e na Hely e vamos retribuir isso com trabalho, dedicação e seriedade, porque aumentou a nossa responsabilidade, pois fizemos uma votação histórica para o município de Tibagi, com cinco concorrentes. Sete mil votos é algo que, por mais otimistas que fôssemos, tínhamos o receio de que pudesse não acontecer. Vamos montar uma equipe de trabalho que dê retorno. Queremos sempre olhar para o bem-estar da nossa população, que é quem mais importa para o município de Tibagi: as pessoas que pagam impostos, que geram emprego, que trabalham. Que Deus abençoe cada um que nos ajudou nessa campanha tão bonita.