A Polícia Civil de Ponta Grossa, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e a Polícia Militar, com apoio do canil da Guarda Municipal, desencadearam, nesta quarta-feira (11), operações policiais conjuntas visando desarticular uma organização criminosa em atuação na cidade de Ponta Grossa e outras regiões do Estado e do país.
As investigações que culminaram no desencadeamento da operação tiveram início após o setor de homicídios da Polícia Civil detectar que o grupo criminoso havia constituído uma milícia privada para execução de seus rivais e desafetos, elevando o número de mortes na cidade de Ponta Grossa.
No curso das investigações, as provas colhidas demonstraram que o grupo estava atuando em Ponta Grossa ao menos desde janeiro de 2023, sendo responsável pela prática de 21 (vinte e um) homicídios consumados e 6 (seis) homicídios tentados.
De acordo com o delegado Luís Gustavo Timossi, o grupo é suspeito de envolvimento em diversos outros homicídios, cujos trabalhos periciais devem comprovar a atuação do bando.
No curso das investigações, identificou-se que a milícia era comandada por um indivíduo que já se encontrava preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, de onde emitia as ordens para os assassinatos, chegando a acompanhar em tempo real as execuções, muitas vezes por chamadas de vídeo.
Foi identificado que quando não conseguia acompanhar as mortes, o chefe do grupo de extermínio solicitava que vídeos com as execuções fossem registrados e lhe encaminhados na sequência.
Foi identificado que o grupo, bem estruturado, possuía ao menos 28 (vinte e oito) integrantes, sendo 6 (seis) adolescentes.
Identificou-se que o grupo de extermínio possuía diversos núcleos. Além da chefia, foi identificada a participação de indivíduos associados, que se utilizavam da estrutura do bando para determinar/solicitar a prática de homicídios de rivais e desafetos; de um responsável financeiro, a quem competia realizar os pagamentos aos executores; um grupo de apoio logístico, responsável por auxiliar no planejamento da fuga até o transporte dos criminosos; um setor com olheiros da milícia, responsável por realizar levantamento das residências dos alvos, bem como ocultar as armas de fogo após a prática dos homicídios, buscando evitar as prisões em flagrante, além de um núcleo de executores, formado principalmente, mas não só, por adolescentes.
O uso de adolescentes visava, especialmente, à impunidade do grupo, em razão da previsão de penalidades mais brandas em razão da menoridade.
No curso das investigações, a Polícia Civil conseguiu prender diversos membros da milícia, além de identificar e apreender seis adolescentes envolvidos nas atividades criminosas, sendo solicitado à Polícia Penal a transferência do chefe do grupo criminoso de unidade penal. A polícia logrou êxito ainda em apreender diversas armas de fogo que eram utilizadas pela milícia.
Após a identificação dos envolvidos, foi representado junto ao Poder Judiciário pela expedição de mandados de prisão e busca e apreensão visando desarticular as atividades do grupo.
Além do crime de milícia, previsto no art. 288-A do Código Penal, as investigações identificaram a prática dos crimes de tortura (art. 1º, inciso I, alínea “a” da Lei 9.455/1997) e de corrupção de menores (art. 244-B do ECA). As penas, somadas, podem chegar a 16 (dezesseis anos).
Entenda: Operação conjunta desmantela grupo de extermínio responsável por pelo menos 21 homicídios em PG
PCPR