Sábado, 11 de Janeiro de 2025

Aquecimento global: 2024 é registrado como ano mais quente da história

2025-01-10 às 15:06
Foto: José Fernando Ogura/AEN

O ano de 2024 foi registrado como o mais quente desde o início das observações modernas de temperatura, superando a marca de 1,5°C de aquecimento global em relação aos níveis pré-industriais, conforme dados da MetSul. Esse ano também apresentou a temperatura mais alta desde 1850 e marca o 11º ano consecutivo com a temperatura global igual ou superior a 1,0°C acima da média do período pré-industrial (1850-1900).

De acordo com a série de temperaturas HadCRUT5, compilada pelo Met Office, Universidade de East Anglia e o Centro Nacional de Ciências Atmosféricas do Reino Unido, a temperatura média global de 2024 foi de 1,53 ±0,08°C acima da média de 1850-1900. Esse valor supera o recorde de 2023, que foi de 1,46°C, tornando 2024 o ano mais quente já registrado e 2023 o segundo mais quente. Com isso, 2024 é o primeiro ano em que a temperatura global ultrapassou 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

Diversos centros climáticos globais devem confirmar esses dados, indicando que 2024 foi, de fato, o ano mais quente desde o início das medições. Esses números refletem a proximidade de ultrapassarmos o limite de 1,5°C estipulado pelo Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a esse nível para evitar os piores impactos da crise climática. No entanto, é importante destacar que a meta do Acordo de Paris considera a média global de temperatura a longo prazo, não apenas os dados de um único ano.

Colin Morice, do Met Office, explicou que um único ano com temperatura acima de 1,5°C não configura uma violação do limite do Acordo de Paris, que exige uma média de temperatura superior a 1,5°C por várias décadas. Contudo, ele destacou que a margem para evitar esse limite sustentável está cada vez mais estreita.

O professor Rowan Sutton, diretor do Met Office Hadley Centre, complementou que, embora o limite de 1,5°C em si não seja considerado um ponto crítico em termos de impactos climáticos, qualquer aumento adicional da temperatura global contribui para a intensificação de eventos climáticos extremos. Ele também alertou para os riscos de elevação do nível do mar e para a possibilidade de ultrapassarmos pontos de inflexão planetários, como o colapso de ecossistemas essenciais, como a floresta amazônica ou as camadas de gelo na Groenlândia e na Antártida.

Atualmente, a temperatura global está estimada em 1,3°C acima dos níveis pré-industriais, de acordo com diversas fontes. O aumento da temperatura desde a Revolução Industrial tem sido amplamente associado às emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, resultantes de atividades humanas. Além disso, fenômenos climáticos naturais, como o El Niño-Oscilação Sul (ENOS), também influenciam o clima global.

O El Niño, que afetou os anos de 2023 e 2024, contribuiu para um aumento de cerca de 0,2°C na temperatura global anual. Em contraste, fenômenos como o La Niña, que ocorreram em 2021 e 2022, resultaram em uma leve diminuição nas temperaturas globais. No entanto, mesmo com esses fenômenos, a temperatura da superfície dos oceanos atingiu um recorde em 2024.

Esses dados reforçam a urgência de ações globais para mitigar os efeitos do aquecimento global, em conformidade com os compromissos do Acordo de Paris, com o objetivo de evitar um futuro climático catastrófico.

Informações: iG