Quinta-feira, 30 de Janeiro de 2025

Museu do Holocausto se posiciona sobre presença de bandas neonazistas no PR

2025-01-28 às 14:33
Foto: Divulgação/Museu do Holocausto

A Stop Hate Brasil divulgou recentemente um relatório que aponta o crescimento do número de bandas que exploram temas como neonazismo, racismo, antissemitismo e discurso de ódio contra pessoas LGBTQIA+. O tema foi divulgado por matéria no Fantástico do último domingo (26). De acordo com o levantamento, o Paraná é o segundo estado com o maior número de grupos musicais deste tipo (11 bandas) – São Paulo é o primeiro colocado no ranking, com 45.

O D’Ponta News entrou em contato com o Museu do Holocausto, localizado em Curitiba, para questionar sobre o alarmante dado. Em nota, a instituição afirma que “recebeu com consternação, mas não com surpresa, o levantamento divulgado no Fantástico acerca do aumento de bandas neonazistas no Brasil. Os dados são condizentes com uma tendência já verificada nos últimos anos”.

Ainda conforme o texto, a instrumentalização da música não é novidade e acontece no mundo todo, fornecendo assim um senso de identidade de grupo e fortalece a adesão ao extremismo.

O Museu do Holocausto também sinaliza algumas ações necessárias para combater os extremismos políticos: educação comprometida com os direitos humanos sobre os efeitos dos extremismos ao longo da história; medidas jurídicas e políticas para fiscalizar esses grupos e, sobretudo, regular a divulgação de suas ideias na internet, principal meio pelo qual indivíduos, especialmente homens brancos jovens, são aliciados; e ações de longo prazo e maior envergadura que intervenham sobre as estruturas sociais, políticas e econômicas que tornam o extremismo político atrativo em termos existenciais para esses sujeitos

Confira abaixo a nota na íntegra:

O Museu do Holocausto de Curitiba recebeu com consternação, mas não com surpresa, o levantamento divulgado no Fantástico acerca do aumento de bandas neonazistas no Brasil. Os dados são condizentes com uma tendência já verificada nos últimos anos.

A instrumentalização da música – cujos estilos não são, a priori, vinculados ao extremismo – também não é uma novidade, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, como demonstram, por exemplo, os estudos do etnógrafo Benjamin Teitelbaum. Ela fornece um senso de identidade de grupo e fortalece a adesão ao extremismo.

O combate aos extremismos políticos é urgente e requer ações coordenadas em várias frentes: a educação comprometida com os direitos humanos sobre os efeitos dos extremismos ao longo da história, como realizada no Museu do Holocausto de Curitiba; medidas jurídicas e políticas para fiscalizar esses grupos e, sobretudo, regular a divulgação de suas ideias na internet, principal meio pelo qual indivíduos, especialmente homens brancos jovens, são aliciados; e ações de longo prazo e maior envergadura que intervenham sobre as estruturas sociais, políticas e econômicas que tornam o extremismo político atrativo em termos existenciais para esses sujeitos.

Paraná

O estudo da Stop Hate Brasil também aponta que a predominância em estados como São Paulo, Paraná e Santa Catarina reflete a consolidação histórica de movimentos neonazistas e supremacistas brancos em regiões do Brasil onde há uma base ideológica ou sociocultural que permite a proliferação desses grupos.

O que diz a Lei

No Brasil, manifestações de racismo e antissemitismo são consideradas crimes graves de acordo com a Lei nº 7.716/1989. Esses atos são qualificados como inafiançáveis e imprescritíveis, refletindo a seriedade com que o ordenamento jurídico brasileiro trata tais violações. A legislação criminaliza não apenas a prática de discriminação racial, mas também discursos que promovam a segregação, violência e o ódio racial e etnicamente motivados.

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