A Stop Hate Brasil divulgou recentemente um relatório que aponta o crescimento do número de bandas que exploram temas como neonazismo, racismo, antissemitismo e discurso de ódio contra pessoas LGBTQIA+. O tema foi divulgado por matéria no Fantástico do último domingo (26). De acordo com o levantamento, o Paraná é o segundo estado com o maior número de grupos musicais deste tipo (11 bandas) – São Paulo é o primeiro colocado no ranking, com 45.
O D’Ponta News entrou em contato com o Museu do Holocausto, localizado em Curitiba, para questionar sobre o alarmante dado. Em nota, a instituição afirma que “recebeu com consternação, mas não com surpresa, o levantamento divulgado no Fantástico acerca do aumento de bandas neonazistas no Brasil. Os dados são condizentes com uma tendência já verificada nos últimos anos”.
Ainda conforme o texto, a instrumentalização da música não é novidade e acontece no mundo todo, fornecendo assim um senso de identidade de grupo e fortalece a adesão ao extremismo.
O Museu do Holocausto também sinaliza algumas ações necessárias para combater os extremismos políticos: educação comprometida com os direitos humanos sobre os efeitos dos extremismos ao longo da história; medidas jurídicas e políticas para fiscalizar esses grupos e, sobretudo, regular a divulgação de suas ideias na internet, principal meio pelo qual indivíduos, especialmente homens brancos jovens, são aliciados; e ações de longo prazo e maior envergadura que intervenham sobre as estruturas sociais, políticas e econômicas que tornam o extremismo político atrativo em termos existenciais para esses sujeitos
Confira abaixo a nota na íntegra:
O Museu do Holocausto de Curitiba recebeu com consternação, mas não com surpresa, o levantamento divulgado no Fantástico acerca do aumento de bandas neonazistas no Brasil. Os dados são condizentes com uma tendência já verificada nos últimos anos.
A instrumentalização da música – cujos estilos não são, a priori, vinculados ao extremismo – também não é uma novidade, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, como demonstram, por exemplo, os estudos do etnógrafo Benjamin Teitelbaum. Ela fornece um senso de identidade de grupo e fortalece a adesão ao extremismo.
O combate aos extremismos políticos é urgente e requer ações coordenadas em várias frentes: a educação comprometida com os direitos humanos sobre os efeitos dos extremismos ao longo da história, como realizada no Museu do Holocausto de Curitiba; medidas jurídicas e políticas para fiscalizar esses grupos e, sobretudo, regular a divulgação de suas ideias na internet, principal meio pelo qual indivíduos, especialmente homens brancos jovens, são aliciados; e ações de longo prazo e maior envergadura que intervenham sobre as estruturas sociais, políticas e econômicas que tornam o extremismo político atrativo em termos existenciais para esses sujeitos.
Paraná
O estudo da Stop Hate Brasil também aponta que a predominância em estados como São Paulo, Paraná e Santa Catarina reflete a consolidação histórica de movimentos neonazistas e supremacistas brancos em regiões do Brasil onde há uma base ideológica ou sociocultural que permite a proliferação desses grupos.
O que diz a Lei
No Brasil, manifestações de racismo e antissemitismo são consideradas crimes graves de acordo com a Lei nº 7.716/1989. Esses atos são qualificados como inafiançáveis e imprescritíveis, refletindo a seriedade com que o ordenamento jurídico brasileiro trata tais violações. A legislação criminaliza não apenas a prática de discriminação racial, mas também discursos que promovam a segregação, violência e o ódio racial e etnicamente motivados.
Leia mais:
Relatório aponta crescimento do número de bandas neonazistas no Paraná