A Azul Linhas Aéreas confirmou oficialmente ao D’Ponta News o fim das operações no Aeroporto Sant’Ana, em Ponta Grossa (PR), a partir de 10 de março de 2025. A decisão integra o plano de reestruturação da companhia, que já havia suspendido voos em 12 cidades brasileiras, incluindo Correia Pinto (SC) e Jaguaruna (SC), devido a custos operacionais elevados, crise na cadeia de suprimentos e ajustes de demanda.
A empresa atribuiu o encerramento à alta do dólar, disponibilidade limitada de frota e necessidade de otimizar rotas mais rentáveis. Em nota, afirmou: “Reavaliamos constantemente as operações como parte de um processo normal de adequação ao mercado”. A medida ocorre uma semana após o anúncio de novas rotas estratégicas, como Campinas-Vilhena (RO), indicando priorização de mercados com maior retorno.
A Azul iniciou operações em Ponta Grossa em 13 de outubro de 2016, após acordo com o governo do Paraná que incluiu incentivos fiscais e investimentos de R$ 10 milhões da prefeitura e R$ 4 milhões do estado para modernizar o terminal e ampliar a pista, permitindo o pouso de aeronaves como os ATR 72. Apesar disso, o aeroporto continuou com limitações estruturais, restringindo voos a horários menos concorridos e aeronaves de menor porte.
A Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Ponta Grossa (AEAPG) criticou a decisão da Azul e reforçou a urgência de um novo aeroporto na cidade. Em nota, a entidade destacou: “Ponta Grossa, com quase 400 mil habitantes e maior parque industrial do interior paranaense, não pode ficar sem conexões aéreas. O Sant’Ana está limitado por sua localização entre o Rio Tibagi, ferrovias e rodovias, tornando ampliações inviáveis”.
A associação argumenta que um novo terminal, capaz de receber aeronaves maiores, atrairia rotas mais rentáveis e conectaria a região a destinos estratégicos, como São Paulo e Curitiba.
O encerramento das operações da Azul ocorre em meio a uma turbulência judicial que atrasa obras de ampliação do Sant’Ana desde 2019, com disputas entre empresas e revisões de licitações. Enquanto isso, o governo federal e o estado do Paraná discutem a inclusão do projeto de um novo aeroporto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com previsão de conclusão em dezembro de 2026.
A prefeitura de Ponta Grossa e a Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias do Paraná afirmaram que buscarão alternativas para minimizar os impactos, incluindo negociações com outras companhias aéreas. Enquanto isso, a AEAPG pressiona por união política em torno da pauta: “Não se trata de ideologia, mas de desenvolvimento. Precisamos de um aeroporto que reflita o potencial econômico e turístico da região”.
Por Heryvelton Martins.
