Em delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente utilizava recursos públicos para financiar as motociatas realizadas durante seu mandato. De acordo com o depoimento, os custos dos eventos eram cobertos pelo cartão corporativo da Presidência da República.
Cid detalhou, de acordo com a CNN Brasil, que as despesas com o transporte das motocicletas, bem como a hospedagem e alimentação da equipe de segurança que acompanhava o presidente, eram pagas com o cartão corporativo. Além disso, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) precisou adquirir novas motos para acompanhar Bolsonaro nos eventos.
“O GSI teve de comprar motos similares às do ex-presidente para poder acompanhá-lo nas motociatas”, disse Cid, explicando que, para transportar as motos até os locais dos eventos, em alguns casos foi necessário embarcá-las.
As motociatas, que reuniam apoiadores de Bolsonaro em passeios de moto por várias cidades, foram intensificadas no ano de 2022, especialmente durante o período eleitoral. O ex-ajudante de ordens revelou que, além dos custos com as motocicletas, os gastos com a segurança também eram financiados com o cartão corporativo.
Em janeiro de 2023, documentos fiscais relacionados a compras feitas com o cartão corporativo de Bolsonaro indicaram que uma motociata realizada em São Paulo, em 12 de junho de 2021, foi considerada um evento oficial, com as despesas pagas por meio de dinheiro público.
A delação de Cid, que envolveu 14 depoimentos, teve seu sigilo retirado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira (19), tornando os detalhes do acordo acessíveis ao público.