Um homem de 23 anos, acusado de manter a esposa em cárcere privado por ao menos oito anos, foi solto neste domingo (16) após uma audiência de custódia. O caso ocorreu em Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba, e está sendo investigado pela Polícia Civil. Ele havia sido preso em flagrante na última sexta-feira (14), após a vítima enviar um e-mail pedindo ajuda à Casa da Mulher Brasileira, que acionou a Polícia Militar (PM).
A vítima, também de 23 anos, relatou que era constantemente vigiada por uma câmera instalada na porta da residência e que não podia manter contato com outras pessoas sem a presença do marido. Ela também revelou ter sofrido agressões físicas graves, incluindo episódios em que foi amarrada e asfixiada. O filho do casal, de apenas quatro anos, também vivia confinado na casa e presenciava as agressões.
A denúncia foi feita por meio de um e-mail enviado pelo celular do filho, que não possuía chip nem acesso a aplicativos de mensagens. Em depoimento, a mulher contou que já havia tentado pedir ajuda anteriormente, entregando um bilhete em um posto de combustíveis há cerca de 15 dias. Apesar das diligências realizadas na época, a polícia não conseguiu localizá-la.
Ao chegar à residência localizada em uma área rural, os policiais inicialmente enfrentaram resistência por parte da vítima, que negou estar em situação de violência. No entanto, ao ser confrontada com o conteúdo do e-mail e solicitada a escrever para comparar sua caligrafia com o bilhete anterior, ela começou a chorar e confirmou os abusos. A polícia apreendeu câmeras de monitoramento para análise e segue investigando o caso.
A mulher afirmou ainda que familiares do suspeito eram coniventes com a situação, acobertando as agressões e o cárcere privado. Ela e o filho foram encaminhados para acolhimento e proteção.
Apesar da gravidade dos relatos e das provas apresentadas pela polícia, o homem foi liberado após a audiência de custódia e deverá responder aos crimes em liberdade. Ele é acusado de sequestro, cárcere privado, causar dano emocional à mulher e ameaça, todos no contexto de violência doméstica.
A soltura gerou questionamentos sobre os critérios utilizados na decisão judicial. A Polícia Civil segue investigando o caso para reunir mais evidências contra o suspeito.
