Uma noite de domingo muito especial para os devotos de São José e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Uma celebração levou o bispo diocesano, Dom Bruno Elizeu Versari, pela primeira vez à paróquia/santuário para presidir a celebração da abertura do tríduo em homenagem a São José e abençoar o centro de convivência, entregue oficialmente ontem (16), depois da missa das 19 horas.
Para o primeiro dia do tríduo, os devotos trouxeram imagens de São José para serem abençoadas. Eram de todos os tamanhos, dos mais diferentes materiais e mostravam desde a figura conhecida do santo, com o menino Jesus no colo, até a de São José dormindo. E teve oração e foi cantado o hino do padroeiro. “Estamos vivendo algumas alegrias nesta noite”, dizia o pároco, padre Casemiro Oliszeski, no início da celebração, referindo-se a presença do bispo, que nunca havia estado na paróquia/santuário, e, a inauguração do centro de convivência. “É um sonho da comunidade que se concretizou. O empenho, o esforço, a colaboração de cada paroquiano e de tantos outros que vêm aqui para participarem das novenas a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, comemorava o padre.
Dom Bruno, reconhecendo o fervor da comunidade, afirmava a imensa alegria de estar celebrando o primeiro dia do tríduo da festa de São José. “É bom vermos o testemunho de homens que viveram a fé incondicional, termos a oportunidade de celebrar, encontrar as pessoas, que olham o exemplo e o testemunho de São José. Isso nos inspira a viver na fé, com entrega, confiança, esperança em Deus. Tem momentos na vida que são difíceis, mas a confiança, a fé e a esperança que ajudam a percorrer o caminho de fé”, destacou. Em sua homilia, o bispo refletiu a respeito do Evangelho, que relembrou a subida da montanha por Jesus para rezar, ao lado de Pedro, Tiago e João. Eles estavam preocupados com a morte de Jesus e Ele se transfigura diante deles, mostrando sua natureza divina e que não desapareceria, mas que permaneceria vivo. ‘Este é meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz’, ressoou da nuvem para que eles ouvissem”, enfatizou Dom Bruno.
Para detalhar a vida de São José, o bispo apresentou alguns slides com o fruto de uma pesquisa realizada por ele, em 2021, durante uma viagem à Terra Santa. “Fui tirar algumas dúvidas que sempre tive e perguntei para o povo de lá”, contou. Dom Bruno começou citando que José era de Belém e que foi a Nazaré – distante a 150 quilômetros uma da outra – para tratar do casamento com Maria, da qual era parente. “Era comum o casamento entre parentes naquela época. Foi até lá, pedir Maria em namoro, o que foi confirmado com um contrato diante do rabino. José voltou para casa e passou a trabalhar como artesão em Séfori, justamente para conseguir recursos para dar à noiva tudo o que ela merecia. Nesse tempo foi quando Maria conta a ele que estava grávida”, contou Dom Bruno, lembrando do aparecimento do anjo a José e do acolhimento de Maria e seu filho. “Um exemplo de seguimento dos mandamentos, quem ensinou as escrituras a Jesus, que as sabia de cor. Esse foi José”.
Em outro momento, o bispo falou sobre a hipótese da causa de morte de José, que não está escrita na Bíblia. “No deserto, em Israel, há muita erosão e, quando chove, esses locais são inundados. José trabalhava com madeira e teria comprado árvores de um vizinho. Foi buscá-las e, ao voltar, passou por dentro de uma dessas erosões e acabou atingido por uma avalanche, que levou ele e o menino Jesus. O menino se salva, mas José é tirado com vida e, mais tarde, acaba morrendo, nos braços de Jesus”. De acordo com o bispo, o povo judeu costuma contar a história das gerações e essa história foi eternizada. “Quis partilhar com vocês”, frisou. Dom Bruno citou o livro ‘São José, artesão de humanidades’, do monge arqueólogo e pesquisador, hoje bispo, Bruno Varriano “Ele foi compondo essa história, partindo do povo”, acrescentou. O livro foi lançado em 2021, pela Editora CNBB.
Após a Santa Missa, o bispo Dom Bruno, os padres Casemiro e Jaime Rossa – vigário paroquial – e os diáconos Juarez Letta do Espírito Santo, Flávio Antônio Pauluk e Alfredo Assad saíram em procissão até o Centro de Convivência. E o povo foi convidado a acompanhar a bênção do espaço. Em seguida, foram vendidas e entregues as porções de arroz carreteiro.
Centro
“Está sendo entregue uma unidade de convivência muito importante. Os fiéis não se encontram somente para rezar, também para conviver e isso é muito importante. A gente celebra a Eucaristia, reza, celebrando o mistério da fé, mas, depois, também nós celebramos o encontro das pessoas, o encontro das famílias. É muito importante para uma comunidade onde busca viver a mesma fé, uma comunidade de irmãos, que busca Deus”, elogiou o bispo Dom Bruno.
O Centro de Convivência custou em torno de R$ 1 milhão. Foram emprestados R$ 600 mil da Cúria Diocesana e já foram devolvidas duas parcelas. “Isso já é ótimo! E vamos continuar devolvendo o que falta, confiando na generosidade do povo, sempre pronto para ajudar”, comemorava padre Casemiro. A obra durou pouco mais de um ano. Teve início em fevereiro de 2024. “Foi um passo enorme, muito bem dado, com muito trabalho, muito esforço, muita generosidade. Não tivemos tempo de montar a loja do santuário para essa entrega oficial, mas ela faz parte desse novo espaço”, informou o pároco.
O Centro de Convivência abriga jardim externo, área de circulação externa, área de banheiros, rampa de acesso, capela, salão de festas com estrutura completa. Foram reformados aproximadamente 130 metros quadrados e construídos 400 metros novos, com área de intervenção externa, calçadas, acessos e jardim, de 900 metros quadrados, abrangendo um total de intervenção em aproximadamente 1.400 metros quadrados. “O projeto surgiu da necessidade em receber adequadamente toda a comunidade e também os devotos da Mãe do Perpétuo Socorro, tanto nas ocasiões de festas, mas principalmente, nas necessidades diárias do Santuário como era o caso dos banheiros. Optou-se por realizar um projeto global de reestruturação da paróquia. O primeiro passo foi dado com a construção da casa paroquial. Agora, estamos dando o segundo passo que é a entrega desse salão de festas completo, que favorecerá o bom andamento das festividades proporcionando as pastorais responsáveis bem como aos paroquianos e noveleiros um maior conforto para a realização das mesmas. Também servirá de um espaço de encontro na ocasião de palestras, reuniões e confraternizações. Esta fase da intervenção contemplou a reforma de um espaço que abrigou os banheiros novos com acessibilidade. Ainda contemplou a reforma da capela que está implantada na praça, em frente ao salão novo, com o objetivo de integrá-la ao espaço”, explicou a arquiteta e urbanista, Juliane Cleto Pacheco Kossemba.
Também as calçadas foram ampliadas e o jardim vem sendo remodelado “para que a praça se torne um lugar de permanência e não de passagem. Serão instalados bancos em todo espaço para abrigar os visitantes, inclusive, nos dias de semana. A arquitetura aqui nesse projeto é desafiada porque precisou se apequenar, se simplificar, para que o todo o entorno fosse o destaque; a intervenção arquitetônica, as formas, as cores, a implantação, precisaram olhar e respeitar a hierarquia de forma e função, para que ela realmente cumpra o papel a que se destina. A igreja edifício tem que sempre ser o centro de um terreno paroquial. Toda a intervenção do entorno deve se moldar e estar a serviço do foco principal em questão. Qualquer pessoa que por aqui passe deve reconhecer nesse local o sagrado, que aqui habita, portanto, o partido arquitetônico usado no centro de convivência foi o de servir ao seu propósito… Sem ser visto, sem ser o centro”, argumenta a arquiteta.
“Pela misericórdia de um Deus próximo a seu povo, pelo amor de uma mãe que zela pelos seus filhos, pela intercessão do valoroso São José, pela generosidade de cada um, alguns paroquianos, outros participantes das novenas, dizimistas, os que fazem a sua oferta, os que contribuem com o carnê fidelidade, enfim, graças a essa a Igreja Viva, que participa de maneira, muitas vezes, silenciosa, hoje damos um grande passo. Muito obrigada”, agradeceu Juliane, que também é coordenadora do Conselho Pastoral Paroquial. A execução do projeto foi feita por ela e pelo engenheiro civil Isaac Pietrowski, também integrante da comunidade. Ambos ofereceram seus serviços voluntariamente.
Futuro
O próximo passo é a reestruturação do centro de pastoral. “Há uma necessidade muito grande quanto à acessibilidade, banheiros…Agora, temos banheiros melhores para cadeirantes e os que têm dificuldade de locomoção. Mas, precisa reestruturar o centro pastoral. É um passo gigantesco a ser dado, mas esperamos que a comunidade consiga dar também esse outro passo. Inicialmente, vamos pagar o valor emprestado e, depois, iniciar os serviços. O projeto já está pronto. Bastam os recursos”, adiantou o pároco, padre Casemiro Oliszeski.
da assessoria