Aos 10 anos, o menino Eliel Davi Martins enfrenta uma batalha contra a leucemia, pouco tempo após perder a mãe para a mesma doença. O pai, Luciano Carlos Martins, guarda civil municipal em Ponta Grossa há 10 anos, acompanha o filho no tratamento em Curitiba e compartilhou a rotina com a equipe de jornalismo do D’Ponta News.
No dia 9 de dezembro de 2024, a família do menino Ponta-grossense comemorou mais um aniversário de vida do garoto. No dia seguinte, Eliel começou a sentir dores na articulação do joelho direito e o pai, percebendo que não haviam sinais de trauma o medicou para dor. “Na quarta-feira de manhã, novamente, ele acordou com muita dor, daí já não podia nem pisar mais no chão”, contou Luciano. Eliel foi levado ao médico, que solicitou exames. Um deles apontou leucócitos elevados, o que levou à prescrição de antibióticos por suspeita de infecção.
Mesmo após o uso dos medicamentos, Eliel não melhorou. Continuou fraco, comendo pouco e sempre deitado. Luciano procurou outros médicos e fez mais exames, incluindo ultrassons e hemogramas. Diante do histórico recente da perda da mãe de Eliel, o pai chegou a cogitar ajuda psicológica, acreditando que os sintomas poderiam estar relacionados ao impacto emocional da perda. “A mãe dele faleceu há sete meses, ele acompanhou todo o processo da doença dela, que durou três anos e meio”, relatou.
Uma cirurgia no joelho chegou a ser feita para investigar uma suposta infecção, mas nada foi encontrado. “Do dia 9 até 14 de janeiro, eu corri com ele em diversos médicos. Ele chegou a passar por uma cirurgia que não precisava”, lamentou o pai.
Após procurar ajuda com uma outra médica e considerando o histórico do menino, foi recomendado que Eliel fosse com urgência ao Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Até que no dia 15 de janeiro, ele foi internado e recebeu o diagnóstico de leucemia.
Tratamento longo
O tratamento de Eliel está sendo realizado no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, com previsão de duração de dois anos. “É feito por etapas, com ciclos diferenciados. Cada etapa depende do tipo de organismo da criança”, explicou Luciano.
Atualmente, Eliel está na primeira fase, que deve durar cerca de quatro meses, período em que precisa permanecer em Curitiba. Em alguns ciclos, ele faz exames e quimioterapia no mesmo dia. Em outros, fica internado por dois a quatro dias, retornando após intervalos de até cinco dias.
A permanência na capital se faz necessária para garantir que qualquer intercorrência possa ser atendida rapidamente. Após a fase inicial, se não houver complicações, a família poderá retornar a Ponta Grossa, com deslocamentos regulares para os procedimentos.
Reações de Eliel e impacto na rotina
Luciano relata que Eliel tem reagido relativamente bem ao tratamento. “É um processo muito doloroso, pesado. Ele ainda fica debilitado após os ciclos, mas comparado ao estado em que chegou, já está mais ativo”, disse.
A rotina escolar foi interrompida. “Ele não teve condições de frequentar a escola este ano. A escola manda conteúdos, e quando ele está bem, faz pelo computador”, explicou o pai.
A catequese também precisou ser pausada, mas a fé segue presente. “Somos cristãos. Todos os amiguinhos e a catequista estão orando por ele.”
Luciano destaca a maturidade do filho diante das adversidades. “Ele diz que sente saudade da vida que tinha antes da doença. Às vezes ele se pergunta por que tantas coisas ruins aconteceram com ele. Mesmo sendo uma criança, ele reage com muita maturidade.”
Desafios de um pai
Luciano perdeu a esposa em setembro de 2024. Desde então, cuida sozinho de Eliel e da filha de nove anos. Antes do diagnóstico, conciliava o trabalho com os cuidados dos filhos. “Eu levantava, arrumava a casa, fazia o café, o almoço e levava eles para a van da escola. Quando eu estava no trabalho, minha cunhada ajudava”, contou.
Agora, a filha está sob os cuidados da avó, em Ponta Grossa. “A dificuldade como pai é ver teu filho saudável, ativo e, de um dia para o outro, vê-lo definhando, emagrecendo. Isso é doloroso”, cita.
Mesmo contando com o salário da Guarda Civil Municipal, Luciano enfrenta despesas adicionais com alimentação, transporte, remédios auxiliares e itens de uso diário. “O hospital fornece o tratamento e medicação, mas tem muitos gastos ao redor. Sempre tem algo, como uma pomada, um deslocamento”, expõe.
Ele e o filho estão hospedados em uma casa disponibilizada pelo hospital, mas seguem arcando com todos os outros custos. “A dificuldade financeira é relativa. Eu continuo bancando minha casa em Ponta Grossa e agora também estou aqui com ele”, afirma.
Como ajudar
Uma campanha de arrecadação foi criada pela Guarda Civil Municipal com o objetivo de arrecadar R$ 7 mil. Até agora, mais de R$ 4 mil já foram doados. Quem quiser contribuir pode acessar a Vakinha online (clique aqui).
Luciano finaliza com um pedido: “O que eu mais peço é oração. Orarem muito pela cura do meu filho, para que em breve possamos voltar à cidade e ele retomar a vida dele, como era antes”, finaliza.
Por Camila Souza.