Durante a votação do Projeto de Lei Ordinária nº 12 de 2025, que reconhece a cruz e o crucifixo como objetos de arte sacra e autoriza sua fixação em órgãos e repartições públicas de Cascavel, o vereador Policial Madril (Progressistas) surpreendeu ao recorrer a uma lembrança de infância para ilustrar a força das crenças populares. Em seu discurso, conforme informações da CGN News, Madril mencionou o antigo costume de preparar chá de “cocô branco de cachorro” como remédio caseiro para bronquite, prática conhecida em diversas regiões do Brasil e também chamada de “chá de jasmim” ou “açúcar do campo”.
Segundo o vereador, “quando a gente era criança, eu já fui encaminhado para médico, desenganado, e quantas vezes hoje a gente fica reparando que antigamente, quem é da minha idade, um pouco mais novo, qual que era o remédio para bronquite, que as pessoas ficavam procurando um cocô branco de cachorro para fazer um xarope, e as pessoas tomavam, e acreditavam e saravam”. A fala buscou exemplificar como a fé e a crença em determinados rituais ou símbolos podem influenciar positivamente a vida das pessoas, mesmo sem comprovação científica.
Madril traçou um paralelo entre essas práticas populares e a importância dos símbolos religiosos, como a cruz, nos espaços públicos. “São tantas coisas que é a crença, a fé, que move as coisas. Então, quando a gente faz esse projeto, a gente vota, quando fala da cruz, mas eu entendo que quando fala da cruz, fala de todos os símbolos religiosos, que cada um acredita, e a gente tem que respeitar”, afirmou.
O vereador também destacou a evolução do respeito entre diferentes religiões e defendeu a necessidade de tolerância: “Antigamente, a gente sabe que, há uns 20 anos atrás, o católico falava do evangélico e assim por diante, e hoje a gente sabe que o pastor, o padre, tem a harmonia. Eu mesmo, quando sou convidado, eu vou na igreja evangélica e a gente vai em todas as religiões que a gente respeita, mas eu sou católico, e como muitos daqui”.
Ao concluir, Madril reforçou a importância do projeto e do respeito à diversidade religiosa: “Enquanto as pessoas estão em religião, a pessoa não está fazendo coisa ruim”.
O Projeto de Lei Ordinária nº 12 de 2025 foi aprovado em primeiro turno por ampla maioria na Câmara Municipal de Cascavel, com 18 votos favoráveis e apenas um contrário. A proposta reconhece a cruz e o crucifixo como objetos de arte sacra de valor cultural e histórico, permitindo sua exposição em espaços públicos do município.
A discussão ocorre em meio a decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou constitucional a presença de símbolos religiosos em órgãos públicos, entendendo que tais objetos representam manifestações culturais e históricas da sociedade brasileira, sem ferir o princípio do Estado laico.
A prática mencionada por Madril tem registros na medicina popular brasileira e paraguaia, onde o excremento seco e esbranquiçado de cachorro, chamado de “jasmim de cachorro”, era utilizado em infusões para tratar doenças respiratórias como bronquite, coqueluche e tuberculose. Não há comprovação científica de sua eficácia.