A morte do papa Francisco, ocorrida em abril de 2025, reacendeu o interesse global pela chamada Profecia de Malaquias, um antigo texto atribuído ao bispo irlandês São Malaquias, que supostamente prevê o fim da sucessão papal e, para alguns, até mesmo o fim do mundo em 2027.
Segundo a tradição, São Malaquias teria recebido uma visão profética durante uma viagem a Roma em 1139. Nela, teria visto a sucessão dos papas até o fim dos tempos, registrando 112 lemas curtos em latim, cada um associado a um futuro pontífice, começando por Celestino II, eleito em 1143.
O texto permaneceu desconhecido até 1595, quando foi publicado pelo monge beneditino Arnold Wion. Desde então, a profecia ganhou notoriedade, especialmente por suas descrições precisas dos papas até o final do século XVI. Após esse período, as referências se tornam vagas, o que levou estudiosos a suspeitarem de fraude: muitos acreditam que o texto foi forjado no século XVI para influenciar o conclave de 1590.
O ponto mais polêmico da profecia é o lema final, que fala de “Petrus Romanus” (Pedro, o Romano), descrito como o último papa, que “apascentará as ovelhas em meio a muitas tribulações”, após as quais “a cidade das sete colinas será destruída e o Tremendo Juiz julgará o Seu povo” — uma clara referência ao fim do mundo e ao juízo final.
Com a morte de Francisco, muitos interpretam que ele seria o último pontífice antes desse “Pedro, o Romano”. Outros aguardam a eleição de um papa que adote esse nome, ou veem em Francisco vínculos simbólicos — como o fato de ter escolhido o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, cujo pai se chamava Pietro (Pedro).
Além disso, algumas leituras sugerem que a profecia aponta para o ano de 2027 como data do juízo final, baseando-se em cálculos que somam 442 anos ao papado de Sixto V (1585–1590), período em que o texto teria sido escrito.
A maioria dos historiadores e teólogos considera a Profecia dos Papas uma falsificação do século XVI, criada para fins políticos e sem valor profético real. As descrições precisas até 1590 e a falta de exatidão posterior reforçam essa tese. A Igreja Católica, oficialmente, não reconhece a autenticidade da profecia, e estudiosos católicos como Dom Estevão Bettencourt e o padre Paulo Ricardo a classificam como instrumento de manipulação política.