A onça-pintada macho capturada na madrugada de quinta-feira (24) no Pantanal de Aquidauana, Mato Grosso do Sul, após o ataque fatal ao caseiro Jorge Ávalo, foi encontrada em estado de saúde preocupante. O animal, que deveria pesar cerca de 120 quilos, estava com apenas 94 quilos, apresentando magreza acentuada, desidratação e alterações nos sistemas hepático, renal e gastrointestinal, segundo boletim veterinário divulgado nesta sexta-feira (25).
Além do peso abaixo do ideal, a onça tem idade considerada avançada para a espécie, entre 9 e 10 anos, e foi observada com presas menores que o habitual, o que pode indicar problemas odontológicos ou de saúde geral. Exames complementares, como raio-x, ultrassom e hemograma, estão em andamento para um diagnóstico mais preciso.
O felino foi encaminhado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) em Campo Grande, onde permanece sob observação e cuidados veterinários. Após estabilização, a onça poderá ser integrada a um programa de monitoramento do Governo Federal ou encaminhada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Ataques de onças-pintadas a humanos são raros e considerados comportamentos atípicos para a espécie, que normalmente evita o contato com pessoas. Pesquisadores apontam que o quadro debilitado do animal, aliado à possível escassez de alimento e perda do medo de humanos – potencialmente agravada por práticas ilegais de alimentação de animais silvestres para turismo – podem ter contribuído para o ataque.
Segundo o pesquisador Gediendson Araújo, especialista em manejo de onças-pintadas, o objetivo agora é identificar doenças ou condições que expliquem a magreza e o comportamento do felino. “Como é um caso muito atípico, a partir da avaliação clínica e de sanidade, vamos ver qual doença que ele tem, porque não é normal o animal desse porte estar tão magro, e assim podemos tentar relacionar ao caso”, explicou Araújo.
O caso é considerado inédito no Brasil e deve gerar novos estudos sobre a saúde e o comportamento das onças-pintadas na região, além de alertar para os impactos das ações humanas sobre a fauna silvestre.