O programa ‘Manhã Total’, da Rádio Lagoa Dourada (98.5), recebeu nesta quinta-feira (8) o médico pediatra Lincoln Babo Alves, que conversou com os ouvintes sobre os principais cuidados com a saúde das crianças durante a transição do outono para o inverno. A estação mais fria do ano, que começa oficialmente em 20 de junho, costuma elevar os casos de doenças respiratórias, exigindo atenção redobrada de pais e responsáveis.
Lincoln explicou que o sistema imunológico infantil está em desenvolvimento, o que torna os pequenos mais vulneráveis a infecções. “Uma criança não nasce com o sistema imunológico desenvolvido, mas a imunidade melhora bastante a partir dos cinco anos de idade”, destacou o médico.
Segundo ele, quanto mais nova a criança, maior o risco. “Crianças com menos de um ano são as mais vulneráveis. A taxa de mortalidade infantil contempla bastante essa faixa etária”. Ele também lembrou que é normal as crianças adoecerem com frequência nos primeiros anos de vida, especialmente quando começam a frequentar escolas e creches.
Bronquiolite e pneumonia
Um dos pontos abordados foi a comparação entre bronquiolite e pneumonia, duas doenças respiratórias comuns na infância. De acordo com o pediatra, a gravidade dos quadros são fatores predominantes e que fazem a diferença. “No caso da pneumonia, depende do tipo. Se for uma pneumonia ambulatorial, tratada com antibiótico em casa, tende a ser mais leve do que uma bronquiolite que exija internação. Mas também pode ocorrer de uma criança precisar ser internada por pneumonia e não precisar de internamento para a bronquiolite”, afirmou. No entanto, ele ressaltou que ambos os quadros merecem atenção e que a gravidade depende muito do organismo e da situação de cada criança.
Sinais de alerta em doenças e quadros febris
O médico enfatizou a importância de os pais saberem identificar sinais de gravidade nas doenças. “Não existe doença leve ou grave; existe uma doença que pode agravar. Os pais precisam notar sinais de que a situação está piorando”, alertou. Entre os principais sintomas de alerta estão desidratação (com boca seca e olhos fundos), alterações neurológicas como irritação extrema ou apatia, e dificuldade para respirar. “Se perceber que está fazendo um buraquinho no pescoço ou afundando nas costelas ao respirar, é necessário buscar atendimento médico imediato”, orientou. Nos bebês, recusa alimentar ou interrupção das mamadas também são sinais preocupantes.
Sobre a febre, Lincoln desmistificou práticas antigas. Ele explicou que a febre é uma resposta natural do organismo e não deve ser combatida com métodos desconfortáveis, como banhos gelados. “Resfriar a criança durante a febre não ajuda e só a deixa mais desconfortável. O ideal é deixá-la confortável, sem exagerar nas cobertas ou na temperatura do ambiente”, disse.
Cólicas
O pediatra também falou sobre as cólicas nos primeiros meses de vida, classificando-as como parte natural do desenvolvimento. “O intestino sobrecarrega e faz parte do crescimento. Massagem e colocar a criança no peito são as melhores estratégias para aliviar”, explicou, destacando que medicamentos só são indicados em casos muito específicos de dor intensa.
Cuidado excessivo
Ele também fez um alerta sobre os efeitos do excesso de proteção dos pais. “Estudos mostram que crianças superprotegidas tendem a ter mais doenças reumatológicas. O sistema imunológico precisa ser exposto para se fortalecer”, apontou. Segundo o médico, é essencial que as crianças brinquem ao ar livre e tenham contato moderado com o ambiente, pois, ajuda na saúde e o desenvolvimento.
Veja a entrevista na íntegra:
Por Camila Souza.