O programa ‘Manhã Total’ da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) recebeu nesta sexta-feira (9) a presidente da Associação Nacional de Fibromialgia e Doenças Correlacionadas (Anfibro), Adriane Scremin. Durante a entrevista, Adriane falou sobre os detalhes da ação que acontece na próxima segunda-feira (12) em Ponta Grossa, data em que se celebra o Dia Nacional de Conscientização da Fibromialgia.
Adriane Scremin |Foto: Edu Vaz- D’Ponta News
O evento será realizado no Parque Ambiental, na região da Estação Arte, das 9h30 às 16h, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Ponta Grossa. A programação contará com a presença de profissionais da saúde, incluindo fisioterapeutas, quiropraxistas e técnicas de enfermagem.
“As pessoas sentem dores e muitas vezes não entendem o que está acontecendo, não conhecem o próprio corpo”, explicou Adriane. Ela destacou também as dificuldades enfrentadas por quem convive com a doença, especialmente na busca por diagnóstico. “Há uma dificuldade muito grande para diagnosticar porque não temos reumatologista no SUS”, relatou.
Adriane compartilhou parte de sua história pessoal durante a entrevista. “Tenho fibromialgia há 25 anos e só no ano passado descobri que também tenho lupus. A fibromialgia pode desencadear outras doenças”, contou.
Para ela, liderar e participar desses eventos tem um impacto positivo em sua vida. “Esse tipo de evento me ajuda porque eu deixo de focar em mim e passo a focar nas pessoas, na conscientização e no atendimento. Também trabalho para melhorar o acesso a atendimentos e para regulamentar os direitos das pessoas”, explicou.
Ela reforçou a importância de se manter ativa, mesmo convivendo com a dor. “Você esquece por um momento da dor que está sentindo e vai lutar pelas outras pessoas que não têm voz”, afirmou.
Adriane também comentou sobre o aumento recente de casos. “As pessoas que tiveram Covid, hoje em dia estão apresentando sintomas de fibromialgia. Isso contribuiu para o aumento dos casos”, observou.
Para encerrar, fez um convite aberto à população. “Convido todos a participarem e, se possível, levem também os familiares. É importante que os familiares entendam a condição para melhorar a convivência em casa”, destacou.
O que é a fibromialgia?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a síndrome da fibromialgia (FM) é caracterizada por dor generalizada no corpo, especialmente na musculatura. Além da dor, quem convive com fibromialgia pode apresentar fadiga (cansaço extremo), sono não reparador (acordar cansado), além de sintomas como alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e problemas intestinais. Uma característica marcante é a grande sensibilidade ao toque ou à compressão da musculatura.
A fibromialgia é considerada relativamente comum, conforme aponta a Sociedade, cerca de 5% dos pacientes em consultórios de Clínica Médica e até 15% dos que procuram Reumatologia têm a síndrome. A maior parte dos pacientes (entre 70% e 90%) são mulheres, geralmente com idade entre 30 e 60 anos, embora também haja casos em crianças e idosos.
Diagnóstico e sintomas
O diagnóstico da fibromialgia é clínico, o que significa que não há exames específicos para comprovar a doença. O médico pode diagnosticá-la já na primeira consulta, após uma entrevista detalhada e exame físico. Tradicionalmente, os critérios envolvem dor generalizada há mais de três meses e a presença de pontos dolorosos específicos na musculatura. No entanto, mesmo que nem todos esses pontos estejam presentes, o diagnóstico pode ser confirmado e o tratamento iniciado.
O principal sintoma é a dor difusa, que muitas vezes o paciente descreve como sendo “nos ossos”, “na carne” ou em torno das articulações. A dor pode ser mais intensa no final do dia, mas também ocorre ao acordar. Outros sintomas frequentes incluem alterações no sono (afetando cerca de 95% dos pacientes), fadiga, depressão e alterações gastrointestinais, como a síndrome do intestino irritável.