Durante o Maio Laranja, campanha nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infantil, a delegada Ana Paula Cunha Carvalho, que está à frente do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) em Ponta Grossa, concedeu entrevista exclusiva ao D’Ponta News e forneceu dados preocupantes.
De janeiro a março de 2025, foram instaurados 39 inquéritos policiais para apuração de crimes relacionados a abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Em comparação, no mesmo período de 2024, o número foi de 31 inquéritos.
Segundo a delegada, esses números representam apenas uma parte do problema. “O número de denúncias é muito superior, porque existem situações em que ainda não houve instauração formal de inquérito, mas já há diligências em andamento”, afirmou.
Ela explica ainda que o Nucria é responsável por atender vítimas de 0 a 18 anos, independentemente de classe social, e investiga todos os crimes sexuais previstos no Código Penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, como estupro, estupro de vulnerável, assédio sexual, importunação sexual, pedofilia e favorecimento à prostituição.
A delegada reforça que a maioria dos casos ocorre dentro do ambiente familiar. “Pais, avós, padrastos, tios, irmãos ou pessoas muito próximas, como vizinhos, padrinhos e amigos íntimos da família, são os principais autores dos crimes”, relata Ana Paula.
Veja como identificar os sinais e realizar a abordagem:
Campanha Maio Laranja
A campanha Maio Laranja, que ocorre anualmente, tem como principal objetivo dar visibilidade ao combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. O dia 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil, com base no caso Araceli, ocorrido em 1973 no Espírito Santo, quando uma menina de 8 anos foi raptada, violentada e assassinada.
A data e a campanha foram oficializadas pela Lei nº 14.432/2022, que consolidou o movimento nacional por meio de ações educativas, informativas e preventivas em todo o país. Em Ponta Grossa, diversas atividades têm sido promovidas ao longo do mês de maio para conscientizar a população e fortalecer a rede de proteção às crianças e adolescentes.
Dados nacionais
O Cenário da Infância e Adolescência no Brasil 2024, da Fundação Abrinq, mostra que a violência sexual atinge majoritariamente menores de 19 anos. Das 62.091 notificações de violência sexual em 2022, 73,8% tinham como vítimas crianças ou adolescentes. Além disso, 87,7% das vítimas são meninas, e 68,7% dos abusos ocorrem dentro de casa.
Ano após ano, os números continuam preocupantes:
2020: 29.269 casos
2021: 35.084 casos
2022: 42.083 casos
2023: 57.363 casos
2024: 57.061 casos
A Abrinq
Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos e Jogos (Abrinq), é uma entidade que representa os interesses dos fabricantes de brinquedos no Brasil. A Abrinq também criou a Fundação Abrinq, uma organização não governamental que atua em prol dos direitos da criança e do adolescente. A Fundação atua em diversas áreas, como a promoção da educação, a garantia de direitos, a prevenção do trabalho infantil e a conscientização sobre violência sexual, entre outras.
Denuncie
Em caso de suspeita ou confirmação de abuso, a denúncia pode ser feita de forma anônima por diversos canais.
Disque 100 – Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos
Disque 181– Polícia Civil
Polícia Militar- 190
Conselhos Tutelares de Ponta Grossa- Geral: (42) 3220-1065; Leste: Ramais 2293 / 2294 | Celular: (42) 98876-1764; Oeste: Ramais 2062 / 2063 | Celular: (42) 98876-1980; Norte: Ramais 2060 / 2061 | Celular: (42) 98876-1339 e Sul: (42) 98875-8762.
Por Camila Souza.