Sexta-feira, 06 de Junho de 2025

Cartilha valoriza cultura local com expressões típicas de Ponta Grossa

2025-06-04 às 15:52
Edu Vaz/ D’Ponta News

No Programa Manhã Total desta quarta-feira (4), da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM), as professoras Maria Izabel Sekula e Maria Aparecida Carbonar falaram sobre o lançamento da cartilha ‘Minha Nossa Ponta Grossa’, que reúne expressões populares da cidade em uma verdadeira viagem afetiva e cultural pelos bairros e marcos históricos do município. O material foi viabilizado com recursos do Banco do Brasil, por meio do Programa Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura (Promific), e teve um custo de R$ 10.200 para a impressão de 200 exemplares.

A professora Izabel Sekula explicou que a cartilha nasceu de um trabalho anterior com expressões típicas de Ponta Grossa, que já eram aplicadas em produtos como canecas, camisetas e souvenirs. “Já trabalhamos essas expressões há um tempo através dos artesanatos, souvenirs, canecas e camisetas”, revelou.

O projeto ganhou ainda mais força após um pedido das professoras, incluindo Márcia Dropa, ao Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Compac) para que dez dessas expressões fossem reconhecidas como patrimônio imaterial da cidade. “Pedimos a salvaguarda de 10 expressões pontagrossenses”, disse Izabel. Foi essa iniciativa que motivou a inscrição do projeto no Promific. “Para a nossa alegria foi aprovado e hoje está aí concretizada em forma de cartilha”, afirmou.

Como contrapartida pelo incentivo recebido, 200 cartilhas estão sendo distribuídas gratuitamente, com foco em escolas da rede pública, turistas e patrocinadores. “Só as crianças das escolas são 120 e tem uma parte para a Secretaria de Cultura que entrega para os turistas e outra parte para o Banco do Brasil e os retratados na cartilha”, detalhou Izabel. A ideia é que novas edições possam ser impressas no futuro, ampliando o alcance do material.

Atualmente, o projeto está sendo aplicado em três escolas de Ponta Grossa, duas turmas do 5º ano das Escolas Municipais Pref. Dr. Fulton Vitel Borges de Macedo e Deodoro Alves Quintiliano, além de uma turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Maria Laura. “Acreditamos que quanto mais cedo eles aprenderem a história do lugar é melhor. Queremos que olhem para Ponta Grossa com um olhar de historiadores e tenham o desejo de preservar”, afirmou a professora Aparecida.

A cartilha também tem um importante papel na preservação da identidade linguística local. A professora Carbonar destacou o modo de falar do pontagrossense como reflexo da história. “A nossa história é de caminhos entre indígenas, primeiros habitantes, tropeiros e imigrantes. Dessa mistura nasce o nosso modo de falar que nos identifica onde quer que estamos”, contou. Um exemplo citado por ela é a famosa interjeição regional ‘adê’, usada como expressão de admiração ou dúvida.

Outro destaque é o personagem principal da cartilha, Marcelinho, um cadeirante inspirado na trajetória do artista plástico Marcelo Schimaneski, expoente da Arte Naïf. Por meio dos olhos de Marcelinho, a cidade é explorada de forma acessível e inclusiva. “A gente pede que a cidade nesse sentido melhore ainda mais. Só percebemos que isso faz falta quando a gente convive com a pessoa que necessita de acessibilidade”, comentou Carbonar.

Marcelo Schimaneski encontrou na pintura uma forma de superação após um acidente em 1989 que o deixou tetraplégico. Desde então, Schimaneski tem produzido telas marcadas por cores vibrantes e cenas do cotidiano. Mesmo com limitações motoras, ele aprendeu a pintar e hoje é referência nacional na arte Naïf. Suas obras já foram premiadas em bienais no Brasil e no exterior. “A cartilha tem elementos da arte plástica do artista expoente da arte Naïf, Marcelo Schimaneski. Há também os haicais do poeta Zunir Andrade que é uma forma poética, as expressões e também fala dos patrimônios da cidade”, explicou Izabel.

Além da cartilha, a professora Izabel também comercializa produtos com as expressões locais, como canecas, xícaras e camisetas, por meio da Câmara de Arte Criativa da Associação Comercial, Industrial e Empresarial (Acipg) e seu perfil no Instagram (clique aqui). Embora ainda não tenha loja física, ela participa de eventos locais com frequência.

O Promific
O Programa Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura (Promific) permite que empresas e pessoas físicas destinem até 60% do valor do IPTU para patrocinar projetos culturais. Em troca, as marcas ganham visibilidade ao serem divulgadas junto aos projetos apoiados. A iniciativa estimula a economia criativa e fortalece a cultura local com apoio do setor privado.

Veja a entrevista na íntegra:

Por Camila Souza.