A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG) comemora 103 anos de uma trajetória que se funde com a própria história da cidade. Fundada em 1922, a entidade tem sido peça-chave no desenvolvimento econômico, industrial, social e cultural de Ponta Grossa. Ao longo das décadas, a ACIPG protagonizou avanços importantes como a chegada da energia elétrica e dos serviços telefônicos, o fomento ao turismo e o impulso à industrialização com a criação do Distrito Industrial Cyro Martins, consolidando a cidade como polo do agronegócio.
Para marcar esse momento, a presidente da entidade, Giorgia Bochenek, participou do programa Manhã Total, da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM), nesta quarta-feira (2). “Fico feliz em comemorar os 103 anos e ver que a cidade está pujante, que estamos atraindo novas indústrias, estamos crescendo ordenadamente e que estamos participando do Masterplan, que é um baita projeto que precisamos pensar a cidade para daqui 20 anos”, afirmou.
Ela lembrou que parte das dificuldades enfrentadas hoje poderiam ter sido evitadas com mais planejamento. “Hoje enfrentamos várias dificuldades porque não tivemos esse olhar há 20 anos atrás do que poderia estar tendo reflexo hoje”, disse ao citar, por exemplo, a recente crise hídrica. “Se nós tivéssemos cobrado melhorias antes e tivéssemos atentos a várias situações, talvez a realidade teria sido outra”.
Entre as ações recentes, a ACIPG participou da construção do Masterplan, projeto coordenado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG). A proposta é que o documento oriente os próximos gestores no planejamento estratégico da cidade.
Internamente, a entidade também acompanha de perto as discussões do Plano Diretor. “Temos associados nossos que fazem parte dos conselhos municipais de urbanismo e do Iplan e de outros conselhos para que nós possamos trazer isso e discutir com a diretoria esses assuntos e trabalhar em conjunto”, explicou. “Dentro da ACIPG somos muito democráticos, chamamos todos e cada um fala sobre o seu conhecimento e juntos vamos construir uma solução, ninguém é dono da verdade”.
Giorgia destacou que a atuação da Associação vai além dos interesses econômicos. “Essas demandas impactam ou direta ou indiretamente, quando se fala da segurança, dos moradores em situação de rua, por exemplo. Estamos envolvidos em questões de mobilidade urbana e estamos sempre discutindo várias temáticas que impactam e precisamos estar atentos a todos os assuntos”.
Ela está no segundo ano de sua segunda gestão e reforçou que o momento da renovação está próximo. “Tem muitas demandas, muitas pessoas querem falar com a presidência e eu atendo todo mundo. Tem desde pessoas que vão lá para se apresentar, que acabaram de chegar na cidade e se associaram, há também fornecedores e pessoas que querem colaborar com uma ideia”, contou.
Apesar da dedicação, acredita na importância de abrir espaço para novas lideranças. “Temos que dar oportunidade para outras pessoas com outro olhar e outra cabeça para assumir e fazer acontecer”. E faz um apelo àqueles que vão assumir: “Eu espero que os próximos presidentes permaneçam com essa postura da casa ser do empresário, de todos aqueles que são associados, desde ao pequeno, médio e grande empresário, é a casa de todos”.
Durante a entrevista, Giorgia também reforçou o convite para novos empresários fazerem parte da entidade. “Quando a gente fala em ACIPG, a grande vantagem é a pessoa poder participar ativamente ali dentro. Temos 19 câmaras setoriais com vários segmentos, temos os jovens, mulheres, comitê tributário, de inteligência artificial, enfim, vários segmentos”. E garantiu que há espaço para todos. “Impossível que o empresário não se enquadre em nenhuma dessas que tem e se não enquadrar, podemos criar algo personalizado para essa pessoa. Ela pode assumir a liderança daquele setor ou segmento para tocar o projeto”.
Ela também incentiva os empresários a olharem além do próprio negócio. “As pessoas muitas vezes se preocupam da empresa para dentro, em contratação, nos números, vendas e marketing. Mas essa pessoa precisa começar a pensar para fora e buscar ajuda naquilo que ela carece, por exemplo, a contratação de pessoas. Ela precisa buscar e exigir que tenhamos curso e qualificação para essa demanda”, sugeriu. “Tragam as demandas e vamos unir esforços para fazer parcerias com empresas que promovem cursos”.
Para Giorgia, o engajamento com a Associação fortalece toda a classe empresarial. “Se o empresário estiver dentro de uma associação ele também está reforçando que aquela associação fica mais poderosa”, afirmou.
Ela lembrou ainda exemplos práticos de como essa força coletiva gera impacto. “Um exemplo foi a cidade industrial, onde passa muito caminhão. Foi uma luta da Associação junto com núcleos das indústrias, começaram a participar e trazer as demandas que precisavam”.
Ao finalizar, deixou um recado direto. “O empresário tem que ir atrás, vai lá, conversa com os nossos colaboradores que eles vão orientar”. E reforçou que a ACIPG está aberta a todos os perfis. “Precisamos de mais líderes e pessoas comprometidas com a cidade”. E concluiu: “Quando se fala de empresários, eu falo de donos de food truck, massoterapeutas, salão de beleza, oficina mecânica, pessoas com MEI, não só grandes empresários”.
