Quinta-feira, 17 de Julho de 2025

Leia a carta enviada pelo governo brasileiro aos EUA

2025-07-16 às 14:49

Em reação à decisão do governo dos Estados Unidos de impor tarifas sobre produtos brasileiros, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o ministro de Estado das Relações Exteriores, Mauro Vieira enviaram, nesta quarta-feira (16), uma carta oficial ao secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, manifestando a posição do Brasil e solicitando diálogo.

O Governo brasileiro reagiu com preocupação ao anúncio dos Estados Unidos, feito em 9 de julho, de impor tarifas de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1° de agosto, alegando que a medida pode afetar negativamente setores econômicos de ambos os países e comprometer uma parceria comercial histórica. Desde antes da adoção de tarifas recíprocas em abril, o Brasil afirma ter mantido diálogo contínuo com autoridades norte-americanas, mesmo diante de um déficit comercial acumulado de cerca de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos. Em 16 de maio, o governo brasileiro apresentou uma proposta confidencial com sugestões de negociação e ainda aguarda resposta dos EUA. O Brasil reforça estar disposto a buscar uma solução negociada que preserve os laços comerciais e reduza os impactos das novas tarifas.

Confira abaixo a carta na íntegra:

1. O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.

2 . Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.

3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.

4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.

5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.