O CEO do Grupo MM, Marcio Pauliki, falou com exclusividade ao D’Ponta News sobre os desdobramentos recentes em torno da proposta de tarifação de até 50% sobre importações vindas dos Estados Unidos. O empresário abordou os possíveis impactos econômicos e, principalmente, os fatores políticos que, segundo ele, estariam por trás do que chamou de “tarifaço”.
Apesar de reconhecer que não há ainda total clareza sobre os motivos reais da medida, Pauliki acredita que a reação brasileira pode minimizar os efeitos. “O Brasil exporta apenas 2% do total de exportação para os Estados Unidos. Então é algo, se ocorrer mesmo essa taxação de 50% nós podemos esperar um 0,2, 0,3 a menos do PIB. Ele defendeu que o país, empresários e associações busquem novas parcerias comerciais com outros países. A medida, de acordo com Pauliki, pode reduzir o impacto das tarifas norte-americanas.
O empresário também chamou atenção para o que considera um pano de fundo político por trás da discussão. Segundo ele, o debate público tem sido dominado por “narrativas” que muitas vezes têm mais força do que os próprios fatos.
“Começam a sair pesquisas, começam a ter aí acusações. Na verdade, são grandes narrativas que a gente vê acontecendo. As narrativas, infelizmente, são mais verdadeiras do que a verdade propriamente dita. As pessoas acabam comprando narrativas e quem mais divulga, quem melhor divulga, acaba conseguindo impactar mais o público”, declarou.
Pauliki apontou ainda que a questão está relacionada a interesses de grandes empresas de tecnologia norte-americanas. Segundo ele, o sucesso do Pix — sistema brasileiro de pagamentos instantâneos — teria provocado reações de empresas como Google, Meta e operadoras de cartões de crédito, que estariam perdendo receitas com o novo modelo. Ele sugere que essas empresas possam ter pressionado autoridades nos EUA, incluindo o ex-presidente Donald Trump, a reagir.
“Por trás de toda essa questão está tendo aí um interesse econômico das Big Techs, que devem ter reclamado para o presidente Trump e ele, do jeito que ele é, acabou jogando aí uma taxação de 50%, que pelo que a gente está vendo agora.
Pauliki concluiu dizendo que as consequências políticas do episódio ainda precisam ser observadas com atenção, mas acredita que a taxação, se não for revertida, tende a ser suavizada nas próximas negociações. “Acho que no final vai acabar virando espuma”, afirmou.