Sábado, 09 de Agosto de 2025

Arlindo Cruz morre aos 66 anos no Rio de Janeiro

Músico, compositor e multi-instrumentista, o artista foi um dos principais nomes do samba e ficou conhecido por sua passagem pelo grupo Fundo de Quintal e por sucessos como "O show tem que continuar"
2025-08-08 às 15:24

Um dos maiores nomes do samba, o cantor, multi-instrumentista e compositor Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira (8), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por sua esposa, Babi Cruz. O artista estava internado no hospital Barra D’Or, na Zona Oeste do Rio.

Desde março de 2017, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, Arlindo Cruz lidava com as sequelas da doença. Após um longo período de internação, ele não se apresentava mais, passando por diversas hospitalizações.

Trajetória e carreira

Nascido em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho era carinhosamente apelidado de “o sambista perfeito” por amigos e admiradores, em alusão a uma de suas canções, em parceria com Nei Lopes. O apelido, inclusive, foi o título de uma biografia lançada este ano.

Sua paixão pela música começou cedo, recebendo o primeiro cavaquinho aos 7 anos. Aos 12, já tocava de ouvido e aprendeu violão com o irmão Acyr Marques. Aprofundou seus conhecimentos musicais na escola Flor do Méier, onde estudou teoria e violão clássico, iniciando sua carreira em rodas de samba ao lado de ícones como Candeia, que se tornou seu padrinho musical.

As primeiras gravações profissionais de Arlindo foram no LP “Roda de Samba”, com o auxílio de Candeia. Depois de uma breve passagem por Barbacena (MG), onde participou de festivais, ele retornou ao Rio e passou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos, dividindo o palco com grandes nomes como Jorge Aragão, Beth Carvalho e Almir Guineto. Foi nesse período que conheceu Zeca Pagodinho e Sombrinha, com quem fez parcerias.

Como compositor, emplacou 12 músicas com outros intérpretes logo no início, incluindo “Lição de Malandragem”, “Grande Erro” (gravada por Beth Carvalho) e “Novo Amor” (com Alcione). Sua consagração veio ao substituir Jorge Aragão no grupo Fundo de Quintal, onde ficou por 12 anos. Com o grupo, participou de sucessos como “Seja sambista também” e “Só Pra Contrariar”.

Após sua saída do Fundo de Quintal em 1993, Arlindo Cruz consolidou sua carreira solo. Nos anos 90, dedicou-se também às eliminatórias de sambas-enredo da Império Serrano, sua escola do coração, onde conquistou vitórias em 1996 e 1999, além de 2001, 2003, 2006 e 2007. Ele foi homenageado como enredo da escola em 2023. Ao longo de sua carreira, Arlindo teve mais de 550 sambas gravados por diversos artistas. Entre suas parcerias de maior sucesso estão as canções com Zeca Pagodinho (“Bagaço de Laranja”) e Beth Carvalho (“Jiló com Pimenta”).

Em sua carreira solo, lançou álbuns e DVDs, como “Arlindo Cruz MTV Ao Vivo” (2009) e “Batuques e Romances” (2011). Em uma de suas últimas aparições na TV, no programa “É Gol!!!”, do SporTV, o sambista falou sobre sua paixão pelo Flamengo, seu time do coração.