O programa Manhã Total da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) entrevistou nesta terça-feira (12) a vereadora Joce Canto (PP). Por chamada telefônica, ela explicou seu requerimento para abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) destinada a analisar o pregão 90.025/2025 da Fundação Municipal de Saúde, que terceiriza o atendimento do Centro de Referência para Animais em Risco (CRAR) em Ponta Grossa.
O pregão, no valor de R$ 32 milhões para três anos contou com a participação de seis empresas. Apenas uma era de Ponta Grossa e acabou desclassificada. A vencedora foi o Hospital Veterinário Faculdade Anclivepa de Porto Alegre (RS).
Joce explicou que R$ 14 milhões do valor previsto inicialmente seriam destinados a castrações e o restante para a gestão do CRAR. Ela lembrou da clínica desclassificada de Ponta Grossa e citou sobre a que foi a vencedora do pregão que é do estado gaúcho. Para a parlamentar, o ideal seria firmar parceria com clínicas locais, permitindo que os insumos fossem adquiridos na cidade e os procedimentos realizados no próprio município. “Da forma que foi feito hoje, quem ganhou foi uma empresa de Porto Alegre, adoro o Rio Grande do Sul mas temos que valorizar o nosso comércio”, afirma.
A vereadora disse que o contrato foi assinado rapidamente e que as clínicas veterinárias locais não foram informadas sobre o processo. “O que fere a questão da publicidade e impessoalidade”, declara. Ela também questionou se a Prefeitura considera que as clínicas da cidade não têm competência para gerir o contrato. “Se for possível gastar com a causa animal, claro que a gente quer gastar. Mas queremos que o dinheiro fique na nossa cidade. Temos médicos veterinários competentes e clínicas veterinárias que oferecem todos os serviços que estão previstos dentro deste contrato”, destaca.
Outro ponto levantado foi o valor das castrações, que inicialmente ultrapassava R$ 600, enquanto clínicas de Ponta Grossa realizam o serviço por cerca de R$ 300 reais.
Joce disse ainda que o CRAR não possui estrutura para atender um contrato dessa dimensão. “Precisaria expandir ou encontrar um novo local”, afirma. De acordo com ela, o edital prevê que o atendimento seja feito na atual sede do CRAR, mas a demanda não seria atendida. “Acreditamos que a empresa não vá conseguir suprir toda essa demanda”, aponta.
A vereadora relatou que a empresa assumirá a gestão da estrutura já existente, que considera precária. Ela lembrou que o Conselho Municipal de Saúde (CMS) realizou fiscalização no local e apontou problemas. “Tinha medicamentos vencidos e estava faltando ração. É uma estrutura bem grave que a gente encontra no CRAR”, disse.
Com base nessas questões, Joce solicitou a abertura da CEI. “Para que a gente possa ouvir pessoas e analisar esse processo licitatório que acredito que formalmente, não está bom”, afirma. Ela disse que está estudando a licitação, reunindo documentos e pretende encaminhar as informações ao Ministério Público do Paraná (MPPR) e a outros órgãos competentes.