O Paraná vai contar com uma plataforma para conectar investidores a instituições socioambientais para destinar recursos a projetos voltados à sustentabilidade. O Banco Verde foi lançado nesta terça-feira (19) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, durante a Conferência da Mata Atlântica. O evento reúne, em Curitiba, governadores de estados das regiões Sul e Sudeste, como parte da agenda do 13° Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), representantes do Consórcio Brasil Verde, além de lideranças ambientais e sociais.
A iniciativa do Governo do Estado tem o objetivo de impulsionar o financiamento a projetos socioambientais no Paraná. Com o Banco Verde, as empresas podem destinar recursos a organizações que tenham projetos ligados à economia de baixo carbono e à valorização da biodiversidade. A estimativa inicial é aportar de R$ 50 milhões e R$ 100 milhões por ano em projetos ambientais.
“O Paraná já é o estado mais sustentável do Brasil, mas queremos ampliar a conservação da Mata Atlântica, nosso principal bioma. Por isso criamos a iniciativa de um Banco Verde para incentivar as empresas que têm a pegada do desenvolvimento sustentável a contribuírem com projetos sustentáveis”, disse Ratinho Junior. “E além disso, vamos também remunerar aqueles agricultores que preservam as áreas verdes e as nascentes de suas propriedades, porque é um trabalho de conservação que beneficia todos nós”, complementou.
A plataforma foi criada pelas secretarias estaduais do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), do Planejamento (SEPL), da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e da Indústria, Comércio e Serviços (Seic), além da Invest Paraná, e está vinculada ao programa Paraná Mais Verde, que busca aliar desenvolvimento ambiental, econômico e social no Estado.
“O Banco Verde vai garantir dinheiro para apoiar projetos ambientais e pagar os pequenos agricultores que promovem a preservação”, ressaltou o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca. “É uma iniciativa que está sendo implantada em outros estados. Por isso é importante fomentar ideias, porque o que vai salvar o meio ambiente é o pensamento e o trabalho coletivo”, acrescentou.
Tanto as instituições sociais, quanto as empresas já podem se cadastrar no site para destinar ou acessar os recursos da plataforma. Além dos aportes voluntários dos investidores, a ideia é de que as empresas vinculadas ao programa de incentivos fiscais Paraná Competitivo também apoiem as iniciativas listadas no Banco Verde.
“A sociedade civil, terceiro setor, iniciativa privada e o próprio governo poderão cadastrar na plataforma projetos de agricultura de baixo carbono, restauração ambiental e proteção da biodiversidade”, explicou o diretor de Políticas Ambientais da Sedest, Rafael Andreguetto. “Esses projetos poderão ser financiado coletivamente, por meio da plataforma, seja por adesão individual ou pela iniciativa privada”, pontuou.
Além de beneficiar os projetos ambientais, 20% dos recursos serão alocados ao Fundo Estadual de Meio Ambiente (FEMA). Esse montante será revertido a outro projeto, de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) para pequenos produtores rurais que promovem o cuidado com os ecossistemas naturais em suas propriedades.
A estimativa é de que, no primeiro ano do programa, sejam contemplados cerca de mil pequenos produtores do Estado, com um potencial de repasse de aproximadamente R$ 10 mil ao ano por produtor.
Elo estratégico
O Banco Verde é o elo estratégico entre empresas e instituições, assegurando que os recursos sejam convertidos em ações concretas que beneficiam tanto o meio ambiente quanto as comunidades envolvidas, alinhando as demandas empresariais às necessidades reais da sociedade e aos princípios de responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG).
Com a plataforma, o Paraná amplia e fortalece sua atuação quanto aos acordos nacionais e internacionais aos quais é signatário, como a REGIONS4, UNDER2, Consórcio Brasil Verde, Pacto Global pela Restauração, Declaração de Edimburgo, Race to Zero, Secretariado da Convenção da Biodiversidade e o Tratado da Mata Atlântica.
Como participar
A submissão dos projetos no site ficará disponível por um período de dois meses. As instituições devem informar seu nome técnico e comercial, localização e os biomas beneficiados. Na sequência, deve selecionar as categorias e modalidades, justificando sua proposta com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e nas diretrizes ambientais do Paraná.
Após o envio da documentação, será feita uma análise técnica e legal do projeto. Se aprovado, ele será incluído na vitrine do Banco Verde, ganhando visibilidade para captação de recursos. Todo o processo de execução será acompanhado pela equipe da plataforma, garantindo que a iniciativa seja estruturada para gerar impacto real na biodiversidade e nas comunidades paranaenses.
O processo é semelhante para as empresas. Ao clicar em “Apoiar agora” e criar o perfil na plataforma, é possível explorar a vitrine de projetos selecionados e encontrar iniciativas alinhadas aos valores da organização. Após reservar sua cota, a equipe formaliza o apoio e firma o contrato com a entidade que será apoiada.
Biofertilizantes
O Paraná também firmou uma parceria com a UNIDO — Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, braço da ONU, para a criação de um fundo inédito para financiar a construção de fábricas de biofertilizantes a partir de resíduos urbanos.
O fundo deve contar com um aporte inicial de R$ 120 milhões, podendo chegar a até R$ 500 milhões, para financiar a instalação das plantas de biofertilizantes com juros baixos. “A produção nacional de fertilizantes organominerais vai trazer uma série de benefícios ao agro brasileiro, já que boa parte dos fertilizantes utilizados atualmente na lavoura são importados e não são sustentáveis”, ressaltou o representante da UNIDO Clovis Zapata.
“O Paraná vem dando exemplos de sustentabilidade. E esta é mais uma iniciativa nesse sentido, que de um lado dá uma destinação correta aos resíduos urbanos, incentivando a fabricação de biofertilizantes para a agricultura, o que também representa um ganho no desenvolvimento e na geração de empregos”, disse o diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin.
Conferência
Integrante do Consórcio Brasil Verde, iniciativa que reúne 21 estados brasileiros para promover a cooperação dos estados para enfrentar as mudanças climáticas, o Paraná lidera os projetos relacionados à Mata Atlântica, bioma no qual 99% do território estadual está inserido.
O bioma abrange 17 estados brasileiros, correspondendo a 15% do território nacional. Atualmente vivem na Mata Atlântica 72% dos brasileiros, concentrando 70% do PIB nacional. O Paraná conta com uma das maiores áreas remanescentes de floresta no País, com mais de 2,3 milhões de hectares preservados.
Com duração de três dias, a primeira edição da Conferência da Mata Atlântica, promovida pelo Governo do Estado, vai reunir um time com 30 especialistas para debater como o bioma pode mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Junto ao evento, também acontece o encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que reúne os governadores dos sete estados das duas regiões.
da AEN