Quinta-feira, 21 de Agosto de 2025

Professor da UEPG orienta sobre as principais indicações para facetas dentais

Procedimento pode corrigir desde manchas até desalinhamentos nos dentes
2025-08-20 às 11:58
Foto: Edu Vaz/ D’Ponta News

O programa Manhã Total da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) recebeu nesta quarta-feira (20), o professor de odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Abraham Calixto, que explicou quando optar por facetas ou lentes de contato dentárias, procedimentos comuns na atualidade. A principal diferença de ambas, está na espessura. As lentes de contato são mais finas que as facetas. Isso influencia o preparo do dente (desgaste) e o tipo de correção que cada um é mais indicado.

Segundo o professor, muitos pacientes procuram por lentes ou facetas devido a dentes escuros ou desalinhados. “Uma das indicações antes de fazer a faceta é o paciente realizar um clareamento. Porque a lente tem 0.5 milímetros de espessura e por isso, não se consegue dar o branco que o paciente busca”, afirma. Ele explica que, ao clarear os dentes antes, o efeito é mais natural, já que o dente atua como um “vidro” que transmite a cor.

Quando há um escurecimento mais intenso do dente, o preparo precisa ser diferente. “Esse 0.5 [milímetros da lente] não ajuda e é necessário desgastar o triplo para que seja possível dar condição para que a peça de porcelana faça a sua parte estética e copiar os demais dentes. Ela precisa ser mais grossa. Ela vai de 0.5 de lente de contato para 1.5 para facetas”, esclarece.

Calixto aponta que a colocação da lente é um procedimento simples para o profissional, pois exige pouco desgaste. “O objetivo é desgaste mínimo ou nenhum. Eu acredito que apenas 5% da parcela da população tenha dentes para desgastar essa pequena quantidade. Na maioria das vezes, vai ter que partir para a faceta”, comenta.

Ele exemplifica casos em que pacientes usaram aparelho ortodôntico e, depois, um dente entortou. “Ele não vai querer muitas vezes utilizar novamente o aparelho e levar de 6 meses a um ano, ele pode através do desgaste nivelar isso e colocar uma faceta”, explica.

Sobre a abrangência do tratamento, o professor lembra que as facetas costumam ser aplicadas principalmente nos dentes da frente. “Para você fazer uma composição estética geralmente envolve 6 dentes, de canino a canino, superior e às vezes inferior. Geralmente o dente que é mais mostrado é da arcada superior mas há pessoas que sorriem e mostram todos os dentes”, conta. Por isso, o procedimento também tem sido levado até a região dos molares que são os últimos dentes da boca.

A procura pelo tratamento também está relacionada ao desejo de mudar a coloração dos dentes. “Tem gente que quando mostramos a escala de cores, ele opta por uma cor muito branca, e não é bem assim que deve ser, fica muito artificial mas tem gente que quer assim mesmo”, diz.

O professor ressalta que o procedimento pode ser ajustado de acordo com a tonalidade natural dos dentes. “A gente sugere que você faça pelo menos um grau de claridade maior. As pessoas querem um branco mas não um branco giz”, afirma.

Para Calixto, o resultado depende diretamente do paciente. “98% depende do paciente e o restante com o dentista. Mas o dentista não consegue estar toda hora com o paciente para passar orientações sobre higiene”, destaca. A higienização correta é considerada essencial para a durabilidade e estética do procedimento.

Entre as principais indicações estão casos de restaurações amplas já manchadas ou presença de espaços entre dentes. “Às vezes com o uso do aparelho ajudaria. Mas a pessoa não tem paciência de ficar usando aparelho por 1 ou 2 anos e aí que as facetas ajudam com isso”, exemplifica.

Sobre a resistência, Calixto explica que antes de serem fixadas as facetas são frágeis, como uma xícara de cerâmica, mas após a cimentação podem ser até mais fortes que o esmalte dental. “Se equipara ao esmalte dental, que é a estrutura mais dura do organismo humano”, diz.

A técnica já é antiga, mas só se consolidou com o avanço das resinas. “Com o desenvolvimento das resinas, hoje temos a cola ideal que não solta e não cai a faceta”, explica.

Apesar da durabilidade, o professor alerta que as facetas podem sofrer fraturas como qualquer dente natural. “Tem todo um cuidado e planejamento e deve ter um profissional que te acompanhe. Não adianta fazer a faceta e não ir ao dentista, quando você volta lá pode ter trincas e doenças gengivais”, ressalta. Ele lembra ainda que embora as facetas não gerem cáries, as linhas de adesão podem acumular resíduos se a higiene for inadequada, o que pode causar mau cheiro. A porcelana é considerada segura e biocompatível. “Na maioria das vezes o mau cheiro relatado por pacientes tem a ver com a higienização”, reforça o professor.

A durabilidade varia de 5 a 20 anos. “O paciente que faz essa faceta sabe que em algum momento da vida dele ele vai precisar fazer a troca”, diz Calixto. Estudos também confirmam que o consumo de café, vinho ou alimentos com corantes não prejudica desde que haja higiene adequada.

As facetas podem ser feitas de resina ou porcelana. “A longevidade das facetas de porcelana é 4 vezes maior do que as de resina”, explica. A porcelana alcança sua máxima qualidade após 5 a 10 anos, enquanto a resina se mostra mais suscetível a manchas.

O processo de aplicação envolve etapas de planejamento, escaneamento, molde e escolha da cor. “O scanner leu, copia tudo isso e o dentista faz um preparo muito sutil e simples. O paciente sai dali com um provisório que copia o seu próprio dente”, detalha. Após a definição e aprovação do paciente, a peça definitiva é confeccionada e aplicada em consultório. “O paciente já sai do consultório e no mesmo dia já pode ir em uma churrascaria”, exemplifica.

O valor varia de acordo com o material e o profissional escolhido. “O termo de custos de uma faceta de cerâmica com um bom profissional, considerando um elemento, pode custar até R$ 2.500 reais podendo chegar a até R$ 5 mil reais, por dente”, explica Calixto. A resina é uma opção mais barata, mas também menos durável. “Procure saber se é resina ou porcelana, a porcelana é mais cara”, orienta.

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