Sexta-feira, 22 de Agosto de 2025

Museu Campos Gerais recebe exposição inédita de Adalice Araújo

2025-08-21 às 17:37
Foto: João Pimentel

Nesta quinta-feira (21), o Museu Campos Gerais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (MCG-UEPG) inaugura a exposição inédita ‘Desnuda’, de Adalice Araújo, com curadoria de Orlando de Azevedo.

O acervo, guardado por Orlando, irá percorrer diversos museus universitários paranaenses entre os anos de 2025 e 2026, segundo relata o diretor do MCG, Niltonci Batista Chaves. O projeto de circulação é encabeçado pela Rede dos Museus e Centros de Memória das Universidades Públicas do Paraná (Remup).

Para Miguel Sanches Neto, reitor da UEPG, esta exposição é uma recuperação de um grande talento que poderá ser contemplado em todo o estado. “Adalice foi a mais importante crítica de artes plásticas do Paraná, e teve reconhecimento por esta atividade. Esta exposição desnuda a face oculta da grande intelectual, a da artista que renunciou a uma carreira criativa para projetar outras trajetórias”, pontua.

Ivo Mottin Demiate, vice-reitor da UEPG, destacou que o Museu voltou à vida depois da obra de restauro e que exposições como essa fortalecem o papel dos museus universitários no estado do Paraná. “Antes, a ideia do museu voltar à vida era muito distante da realidade e hoje nós estamos aqui. Comemoramos o apoio da Seti e ressaltamos a importância de ter essa memória sempre reativada e a beleza que nós temos nas artes paranaenses”, ressalta.

Universidades, cultura e memória

O Secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, afirma que esta é uma primeira iniciativa desta rede dos museus e centros de memória das universidades públicas do Paraná. “Nós criamos [a rede] há algum tempo e fazemos esse trabalho de planejamento e organização para que a gente tenha práticas alinhadas e discutidas em conjunto”, relata. “A expectativa é ter diversas exposições, como essa que inicia agora, circulando em todos os espaços dos nossos museus e ambientes universitários, porque na grande maioria dos casos, nas nossas universidades no interior, a universidade é o único equipamento de cultura que tem. Então, levar esta exposição que inicia agora em Ponta Grossa para todas as regiões do Estado é, sem dúvida, uma grande conquista e que resulta desta rede que nós organizamos”, complementa.

Renê Wagner Santos, assessor de Museus Universitários da Seti, também esteve presente e declarou, durante a abertura, que será lançado um catálogo para permitir que a exposição fique para a história. “O que a gente não guarda na memória pode se perder”, afirma.

Adalice Araújo

Poeta, crítica de artes, artista plástica e pesquisadora, Adalice Araújo nasceu em Ponta Grossa, em 1931, e se dedicou a documentar e interpretar as artes plásticas do Paraná. Em sua trajetória, dirigiu o Museu de Arte Contemporânea do Paraná, publicou o Dicionário de Artes Plásticas no Paraná e recebeu diversos prêmios, como o Prêmio Mário de Andrade, da Associação Brasileira de Críticos de Artes, e o Prêmio Gonzaga Duque.

A mostra que estreia no MCG é composta por obras produzidas por Adalice entre as décadas de 1950 e 1970. “Por conta dessa expressiva contribuição no campo cultural e artístico paranaense, a exposição se reveste de grande importância não só para os profissionais e estudantes das artes, mas para a comunidade como um todo”, reforça Niltonci.

Jacinta Caron, sobrinha de Adalice esteve presente na abertura, representando sua família. Emocionada, declarou que a tia era apaixonada pelas artes. “Ela impulsionou a carreira de grandes artistas, sempre teve esse olhar de incentivo, essa vontade de divulgar as artes, que as artes fossem difundidas para o público em geral. Essa iniciativa nos deixa muito felizes porque ela deixou um legado que não pode morrer”, assegura. Para Jacinta, a exposição marca o início de um momento que vai eternizar a memória de Adalice.

Niltonci ainda destaca que a exposição proporciona um reconhecimento merecido à figura da artista, ressaltando a importância da arte local dentro do contexto cultural brasileiro. “Além disso, ajudaria a fortalecer a identidade cultural do Paraná, promovendo um diálogo contínuo entre diferentes gerações de artistas e críticos”, destaca.

Descobertas de maneira casual, as 49 obras do acervo de Adalice estão vendo o mundo pela primeira vez. O curador Orlando de Azevedo reforça que a importância é imensa, “porque estamos destacando uma artista que se converteu na maior crítica de arte do Paraná e uma das mais importantes do Brasil e está sendo revelada agora como verdadeira artista”, afirma. Orlando comenta que Adalice escondia seus trabalhos no fundo do armário e ninguém conhecia esse lado da ponta-grossense. “Estar aqui, neste museu lindo, bem representado, bem restaurado e organizado, é uma honra. Estou muito feliz que a obra da Adalice inaugure sua itinerância neste lugar”, aponta.

Exposição itinerante

A escolha por uma exposição itinerante, segundo Niltonci, permite alcançar públicos diversos, especialmente em cidades do interior que têm menos acesso a grandes mostras culturais. “Essa abordagem garante que o conteúdo educativo e cultural atinja escolas, universidades e comunidades, incentivando o engajamento com a arte de maneira ampla e inclusiva”, relata.

Além das obras, ‘Desnuda’ circula pelos museus com uma seção de atividades interativas com debates, palestras e oficinas que podem envolver artistas, críticos e público, “em um diálogo contínuo sobre os papéis da crítica de arte, da memória e da documentação nos tempos atuais”, explica.

Fomentada por uma parceria entre a Seti, as Instituições Estaduais de Ensino Superior, os museus e espaços de memória vinculados à Remup, ‘Desnuda’ fica em cartaz até o fim deste ano, no Museu Campos Gerais – Rua Engenheiro Schamber, 654. A entrada é gratuita.

da assessoria