Admissão de culpa
Sabe aquela criança que pegou escondido o chocolate e, ao ser cobrada, nega o delito enquanto exibe o nariz todo lambuzado pelo suco do cacau? Pois essa é a sensação que tenho ao ler a proposta de projeto de lei apresentada pela oposição, em busca da concessão de anistia aos golpistas – inclusive ao inelegível. É a admissão, clara e direta, de que cometeram crimes.

HC PRÉ-preventivo
Tudo bem que a proposta possa não passar de um “pensamento digitalizado” ou de alguns “considerandos” sem assinatura. Ainda assim, é inegável que a nova “minuta” apresentada pela oposição busca inovar, e muito, as regras jurídicas brasileiras. Chega a criar a figura do habeas corpus PRÉ-preventivo: quer anistiar não apenas aqueles que muito provavelmente serão condenados, mas também os que ainda sequer estão sob investigação.

Cada um por si
Aliás, admitir culpas foi o que mais vimos nesta semana. O que foram aquelas cenas dos advogados reconhecendo no STF que, efetivamente, houve a tentativa de golpe? Mesmo tentando, com malabarismos retóricos, demonstrar que seus clientes não participaram, o estrago foi grande. Penso que a maioria dos réus não deve ter ficado nada satisfeita com a estratégia de suas defesas técnicas. O que ficou foi uma briga de foice para mostrar quem foi o mais limpinho dentro do chiqueiro.

Babação
Ainda mais porque não faltaram causídicos já plantando para atuações futuras. Não perdi meu tempo cronometrando, mas foi um espaço generoso dos minutos destinados às defesas que acabou sendo gasto na puxação de saco dos ministros da Corte. Perdoe-me a falta de finesse, ministra Cármen Lúcia.

A ditadura de Trump
Efetivamente, Trump acredita ser um imperador. Pensa que basta baixar o polegar para cortar cabeças. A diretora do FED (Banco Central norte-americano) e a dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças resistem à sua tentativa de demiti-las. O bilionário deve acabar levando uma invertida da Justiça norte-americana, que provavelmente lhe dará um corretivo nestes e em outros casos.

BRICS a mil
E por falar em invertida, o cenourão levou um revés no tabuleiro global ao assistir ao fortalecimento das relações entre Índia, Rússia e China (os IRC), ecoando a partir da Ásia como resposta aos seus tarifaços mundo afora. A cena de Xi, Putin e Modi juntos deixou o norte-americano preocupado. E o Brasil – que tem tudo a ver com isso – nesta segunda preside a reunião do BRICS. Estou achando que os criminosos lesa-pátria já começam a dar com os burros n’água.

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político