Sexta-feira, 12 de Setembro de 2025

De “caguei para a prisão” a “bandido tem que apodrecer”: as frases de Bolsonaro sobre o cárcere

2025-09-12 às 09:50

A trajetória política de Jair Bolsonaro é marcada por diversas polêmicas. O ex-presidente coleciona episódios controversos desde seus tempos de vereador do Rio de Janeiro e, conforme foi subindo em sua carreira, seus posicionamentos acabavam chamando cada vez mais atenção.

Durante sua vida, o ex-presidente sempre se apresentou como conservador e em diversas vezes criticou o sistema judiciário e penitenciário do Brasil. Agora condenado, Bolsonaro pode ter que rever seus posicionamentos sobre o cárcere.

Uma das frases mais emblemáticas proferidas pelo ex-presidente foi em 2017: “A Papuda lhe espera. Boa estadia lá, valeu? Um forte abraço”. À época, Bolsonaro era pré-candidato à Presidência e, no vídeo com a declaração, reagia à “Lista de Fachin”, provocando os deputados federais Carlos Zarattini e Maria do Rosário. No mesmo vídeo, ele celebra não estar na lista de investigados em inquéritos sob tutela de Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. “Não tô de novo. Que decepção para a esquerda do Brasil”, comemorou.

Um ano antes, em um evento o parlamentar havia declarado que a Polícia servia para matar e que “bandido bom era bandido morto”.

Após ser atacado por Adélio Bispo de Oliveira, em setembro de 2018, o então candidato à presidência afirmou que não perdoava o homem. “Eu não perdoo ele (sic) não. Se depender de mim, ele mofa na cadeia”, declarou. Em complemento, afirmou que pretendia acabar com a progressão de pena. “Como não podemos condenar ninguém por prisão perpétua, que, pelo menos, se cumpra 30 anos de cadeia. Vamos acabar com progressão de pena”, pontuou.

Posteriormente, em entrevista ao Programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, ele se posicionou sobre presídios. “Bandido tem que apodrecer na cadeia. Se cadeia é lugar ruim, é só não fazer besteira que não vai para lá. Vamos acabar com essa história de ficar com pena de encarcerado. Quem está lá fez por merecer”, pontuou.

Já durante sabatina promovida pelo jornal Correio Braziliense, também em 2018, Bolsonaro afirmou que “presídio cheio é problema de quem cometeu crime”.

Durante seu mandato, Jair manteve fortes convicções sobre o sistema carcerário, mas já rejeitava a possibilidade ser preso, mesmo com denúncias surgindo contra seu governo. “Eu tenho 3 alternativas para o meu futuro: estar preso, ser morto ou a vitória. Pode ter certeza: a 1ª alternativa, estar preso, não existe. Nenhum homem aqui na terra vai me amedrontar”, disse para líderes com líderes evangélicos em Goiânia em agosto de 2021.

No mês seguinte, durante discurso no 7 de setembro, ele avisou: “Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso”.

Com a proximidade das eleições de 2022 e mais denúncias surgindo contra seu governo, Bolsonaro passou a oscilar no tom de suas declarações.

Em agosto de 2022, ele afirmou que não seria preso e reagiria com violência: “Eu atiro para matar, mas ninguém me leva preso. Prefiro morrer.”

Derrotado nas eleições e citado constantemente nas investigações do 8 de janeiro e de golpe de Estado, Bolsonaro passou a tratar o tema de sua possível prisão mais abertamente, mas mantendo seu posicionamento polêmico. “Vira e mexe me fazem a pergunta: ‘Está com medo de ser preso?’. Tudo pode acontecer”, declarou em 30 de junho de 2023. “Qualquer um pode ser preso e não se diz o motivo e ponto final”, afirmou.

No dia 25 de fevereiro, em entrevista ao jornalista Léo Dias, Bolsonaro foi questionado sobre a possibilidade de prisão. “É horrível. Mas eu não reclamo para minha mulher, não reclamo para ninguém. Eu vou enfrentar tudo (…) (Posso) morrer na cadeia”, declarou. No entanto, no dia 21, o ex-presidente havia demonstrado que não se importava com a prisão. “O tempo todo isso de vamos prender Bolsonaro. Eu caguei para a prisão”, disse após a Procuradoria Geral da República apresentar denúncia por tentativa de golpe de Estado.

Em 16 de março de 2025, Bolsonaro discursou para apoiadores na orla de Copacabana. Entre os temas estava sua possível prisão e a anistia para presos pelos atentados de 8 de janeiro. “Se estivesse aqui, estaria preso até hoje ou, quem sabe, morto por eles. Eu vou ser um problema pra eles, preso ou morto”, declarou.

Dois meses depois, em entrevista à rádio Auriverde, o ex-presidente questionou os crimes a ele imputados. “Alguns falam que eu devia sair do Brasil. Não vou sair do Brasil, me prendam, pô. Está previsto 40 anos de cadeia, me prendam. Qual crime? Crime impossível, da Minnie e do Pato Donald”, pontuou. O ex-presidente também refletiu sobre o tempo de prisão que poderia ser condenado. “Eu estou com 70 anos já, quase morri na última cirurgia, vou morrer, não vai demorar. A gente fica sendo um arco que dá para resistir. (…) Tenho quarenta anos de cadeia no lombo, não tenho recurso para lugar nenhum, eu vou morrer na cadeia”, finalizou.