O 11 de setembro, ao longo da história, recepcionou passagens que marcaram negativamente a caminhada da humanidade pela Terra. Foi num 11 de setembro, em 2001, que as Torres Gêmeas, em Nova Iorque, foram atingidas. Curiosamente, o mesmo dia em que, sessenta anos antes, começava a ser erguido o Pentágono, símbolo máximo da cultura bélica espalhada mundo afora pelos governos norte-americanos. Também foi num 11 de setembro, em 1973, que os militares chilenos consumaram o golpe que assassinaria o presidente Salvador Allende, democraticamente eleito.
Para nós, brasileiros e brasileiras, o 11 de setembro nunca mais será o mesmo. Diferente dos exemplos negativos, a partir de agora temos um motivo para comemorar esta data. Que tal declará-la o Dia da Defesa Democrática? Ao lado do 25 de outubro – quando celebramos a Democracia em memória do jornalista Wladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar brasileira -, o 11 de setembro deve ser lembrado pelo que representou: a condenação dos atores que tentaram impor um golpe contra a República e que, no dia 25 de janeiro de 2023, mostraram sua face mais pública.
Não é apenas a condenação de Jair Bolsonaro que deve ser recordada. Líder da organização criminosa golpista, segundo o Supremo Tribunal Federal, sentenciado a 27 anos de prisão. Nem tampouco o mais de um século de pena imposto aos demais membros do núcleo duro da tentativa golpista. Civis e militares. O que deve ser destacado é que, pela primeira vez em nossa história, os autores de uma tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito foram responsabilizados e devidamente punidos.
O 11 de setembro deve entrar para o calendário cívico de nossa Pátria – sim, a verde e amarela, e não a azul, vermelha e branca. Como alguns criminosos lesa-pátria poderiam desejar. Deve ser ensinado nas escolas como o auge de uma resistência vitoriosa, quando nossas instituições democráticas mostraram sua força diante daqueles que acreditavam ser possível colocar uma nação inteira de joelhos em nome de seus projetos pessoais de poder – econômico e político.
Devemos emprestar a esta data a grandeza que ela carrega a partir de hoje (escrevo na noite de 11 de setembro de 2025).
Um dia que deixa de ser apenas símbolo de tragédias mundiais e passa a ser, para nós, um marco de vitória: vitória da nossa jovem democracia.
A democracia venceu. E você, você perdeu, mané!
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político
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