Sábado, 20 de Setembro de 2025

Prefeitura defende novo edital da merenda escolar, mas sindicato alerta para ‘golpe’ contra trabalhadores

Nova licitação para merenda escolar, no valor de R$ 88,9 milhões, enfrenta resistência de sindicato e comunidade, que alertam para a precarização do trabalho e a falta de transparência no processo
2025-09-19 às 17:48

A Prefeitura de Ponta Grossa vai promover uma campanha para esclarecer a população sobre a nova licitação da merenda escolar, destacando que o serviço já é terceirizado há muitos anos e que os profissionais que atuam nas escolas não serão prejudicados. Segundo a administração municipal, a licitação busca modernizar o sistema, aumentar eficiência e reduzir custos, com previsão de investimento próximo a R$ 89 milhões para contratação de empresa responsável por fornecimento, preparo, logística e manutenção da alimentação escolar para cerca de 30 mil alunos da rede municipal.

No entanto, a iniciativa tem gerado forte reação do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ponta Grossa (SindServ) e de parte da comunidade, que consideram o processo um “golpe” contra os trabalhadores e questionam os reais impactos da terceirização na qualidade da alimentação e na garantia dos empregos das merendeiras concursadas.

Polêmica e mobilização sindical

O processo teve seu primeiro pregão suspenso após críticas contundentes do sindicato e manifestações públicas, o que levou a Prefeitura a reajustar o edital e reduzir o valor de R$ 96,5 milhões para R$ 88,9 milhões. O SindServ cobra maior transparência, relatando que o estudo técnico apresentado pelo Executivo é frágil e insuficiente para justificar mudanças significativas na gestão da merenda escolar. O presidente Luis Eduardo Pleis afirma que o edital prevê a contratação de dezenas de funcionárias privadas e que as servidoras efetivas só seriam mantidas em casos excepcionais, contrariando compromissos feitos pela prefeita Elizabeth Schmidt durante a campanha eleitoral, que havia sinalizado concursos públicos para ampliar o quadro de merendeiras.

Em reunião fechada, representantes do sindicato, conselhos municipais e o procurador-geral do município questionaram a falta de dados concretos e a ameaça à relação de cuidado entre merendeiras e alunos, destacando que a merenda vai além de alimento, sendo um elo social nas escolas.

Defesa da Prefeitura e fragmentação contratual

A prefeita Elizabeth Schmidt utilizou as redes sociais para defender a terceirização e a unificação dos contratos, que hoje são fragmentados em múltiplos contratos distintos para aquisição e prestação de serviços relacionados à merenda escolar. A gestão argumenta que isso dificulta a fiscalização e eleva custos, e que o novo modelo trará maior segurança e eficiência, além de manter os empregos das merendeiras e proporcionar ajudantes para dividir tarefas.

Parlamentares que apoiam o governo municipal reafirmam que as informações contrárias são falsas, enquanto vereadores oposicionistas insistem na necessidade de mais esclarecimentos e na votação de um projeto de lei para proibir a terceirização nas escolas municipais, previsto para até o final deste mês.