Pai nosso
Pai nosso que estais no céu, jogai sobre esses fariseus pecadores as águas do lago que arde com fogo e enxofre. Que cena desprezível a dessa gente, usando mais uma vez – como reiteradamente o fazem – o santo nome para justificar seus privilégios. Rezar ou orar o Pai Nosso porquê aprovaram um projeto que poderia (o verbo está aplicado no tempo correto) conceder anistia a um líder de organização criminosa é pracabá.

Não entendi
Confesso que fiquei confuso com a posição do líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcanti (RJ), de ser contra o projeto que tenta emplacar a redução de pena para os “malucos” – segundo Jair Bolsonaro em seu depoimento no STF – condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Afinal, a defesa da anistia não era para pôr em liberdade a “tiazinha do zap” e a “mocinha do batom”?

Blindagem pouca é bobagem
A superação sempre parece ser o objetivo de deputados e deputadas federais. Aprovar uma couraça de Homem de Ferro para se proteger contra investigações criminais é um deboche com a sociedade brasileira, que assiste diariamente a um jovem preto e pobre ser preso por posse de maconha para uso próprio, ou a uma mulher, também preta e pobre, ser encarcerada por roubar uma caixa de leite. Não é à toa que a avaliação da imagem do presidente da Câmara dos Deputados está abaixo do rabo do cachorro. De um Chihuahua, para ser mais preciso.

Votação dos suplentes
E por falar na PEC da Blindagem – ou da Impunidade, ou ainda da Bandidagem, como queiram – parece ter sido a votação mais festejada por deputadas e deputados que ficaram nas primeiras suplências nas eleições de 2022. Já estão em campo avisando os eleitores de seus estados sobre como votou cada parlamentar. E, ao que tudo indica, o movimento já começa a surtir efeito: alguns que colocaram suas digitais na aprovação dessa barbaridade já andam se mostrando arrependidos nas redes sociais.

Domingo é rua
E, para expressar a indignação da sociedade contra a aprovação dessa PEC, haverá manifestação neste domingo, 21 de setembro, em várias cidades do País. É inegável que essa tentativa de mudar a Constituição de 1988 escancara ainda mais as porteiras do crime para as poltronas verdes do Plenário da Câmara dos Deputados. Porteiras que, ao que parece, já estão abertas para ocupar os assentos de aeronaves de alguns políticos.

Vaquinha da Zambelli
E não é que a vaquinha daquela que já foi espanhola e agora é das terras da Cicciolina rendeu uma boa grana? A deputada – aquela mesma que correu atrás de um jornalista preto pelas ruas de São Paulo e que está presa na Itália por invadir sistemas judiciais brasileiros e forjar documentos – arrecadou mais de R$ 300 mil em uma vaquinha para se bancar nas cadeias europeias. Até o Veio da Havan, que anda meio sumido, teria doado R$ 5 mil.

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político