Segunda-feira, 29 de Setembro de 2025

Cristina Graeml suaviza discurso e expõe contradições em seus posicionamentos

2025-09-29 às 14:19

A jornalista e ex-candidata à Prefeitura de Curitiba, Cristina Graeml, oficializou na sexta-feira (26) sua filiação ao União Brasil, em evento realizado na capital paranaense. Apresentada como pré-candidata ao Senado Federal, ela foi recebida pelo senador Sergio Moro, presidente estadual do partido no Paraná, e pelo presidente nacional da sigla, Antonio Rueda.

A movimentação política marca uma inflexão significativa no discurso de Graeml, conhecida por sua postura radicalmente alinhada à direita radical nos últimos anos. A jornalista, no entanto, adotou um tom mais conciliador, com falas que indicam uma tentativa de se aproximar do eleitorado de centro-direita.

“A busca é por mais fortalecimento em busca da minha pré-candidatura ao Senado, que nasceu em fevereiro no Podemos, o qual sou muito grata. Estou alinhada aos objetivos do senador Sergio Moro para o estado do Paraná e em busca da unificação e pacificação da direita e centro-direita no estado”, afirmou Graeml durante sua filiação, demonstrando uma mudança no discurso, agora mais voltado à união de forças e à moderação retórica.

Contradição

Cristina ganhou projeção nacional como comentarista política com posicionamentos incisivos. Suas falas públicas frequentemente circulavam nas redes sociais como exemplos de uma militância ideológica de extrema-direita, marcada por confrontos com jornalistas e políticos progressistas. No entanto, a aproximação com Moro e o ingresso no União Brasil — partido que abriga setores mais moderados da direita — evidenciam um reposicionamento estratégico em sua carreira política.

Mesmo antes da estreia eleitoral, ela já causava polêmica por criticar a atuação do Supremo Tribunal Federal, negar que tenha havido tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 e por adotar uma postura negacionista durante a pandemia da Covid-19 (criticou as vacinas e chegou a atribuir algumas mortes à imunização, o que era fake news).

A entrada no União Brasil, porém, levanta um questionamento: qual são as reais posições de Graeml? Se no início da carreira ela apresentava-se como uma candidata “contra o sistema”, agora ela vai para um dos blocos mais tradicionais da política brasileira.

Oportunismo

Durante a filiação de Graeml, Moro afirmou: “Estamos construindo um partido forte e unido com pessoas valorosas… Pessoas que podemos confiar, como a Cristina Graeml, que, sabemos, não vão trocar suas convicções por oportunismo ao chegar no Congresso”. A fala, porém, contrasta com a decisão de Cristina e com vídeos antigos em que ela criticava duramente o agora aliado, chamando Moro de traidor e inábil.

Mesmo entre apoiadores, a guinada levanta dúvidas. A curta carreira política de Graeml já teve episódios desgastantes. Na campanha pela Prefeitura de Curitiba, por exemplo, ela foi acusada por rivais de ser uma “falsa direita” e até de abrigar “comunistas” em sua equipe.

Resta saber se o eleitorado mais radical, que a impulsionou em 2024, seguirá com ela nesta nova fase — mais moderada no discurso, mas mais inserida que nunca no “sistema” que ela tanto dizia combater.