Após 16 anos à frente da Igreja Nossa Senhora do Rosário, o Padre Edvino Sicuro se despede de Ponta Grossa. A missa de despedida está agendada para o dia 29 de março, às 10h, porém a transferência ainda tem data para acontecer. Padre Edvino irá trabalhar na Paróquia Santo Estanilau, em Curitiba, mas ainda aguarda o término dos projetos de construção e restauração que iniciou aqui no município para assumir a nova missão.
Padre Edvino conta que a transferência se deve a uma necessidade da paróquia de Curitiba e admite que recebeu a notícia com tristeza. “Depois de todo esse tempo aqui em Ponta Grossa e tantos projetos que eu ainda tenho aqui dentro da paróquia, foi difícil aceitar”, revela. “Como nós temos voto de obediência, por sermos religiosos, temos que ir onde o superior mandar. Dessa vez foi pedido para ir para Curitiba. Ainda bem que não é para ir para Roma, como foi há oito anos atrás”, brinca, acrescentando que existe uma regra dentro da congregação religiosa de quem um padre não pode ficar mais do que 10 anos na mesma paróquia.
Quem assume o comando da Igreja do Rosário é o Padre Alexandre, que deverá dar continuidade aos trabalhos pastorais da paróquia. Ele passou um mês ao lado do Padre Edvino recebendo orientação e encaminhamento “Só tenho agradecer a Deus e a colaboração do povo que foi muito generoso comigo. O povo da paróquia do Rosário colaborou mesmo. Você precisa ver quantas coisa nós fizemos esse ano, tanto na parte espiritual, quanto na parte material”, diz.
O padre que conquistou a paróquia
A Paróquia Nossa Senhora do Rosário foi comandada pelo Padre Edvino por 16 anos, de 1999 a 2006 e de 2012 a 2020. “Eu tinha assumido aqui em 1999 e a igreja estava vazia, comida de cupins, o telhado caindo na laje”, enumera. Ele lembra que os sete anos foram dedicados quase integralmente às reformas. “Aí a igreja estava lotada – bombando, como diz o pessoal aí – e eu fui embora. Quando voltei [em 2012] a participação do pessoal havia reduzido pela metade, o dízimo tinha caído para 1/3 do que era antes e eu praticamente tive que reerguer a comunidade tudo de novo. Isso foi mais difícil na segunda vez do que na primeira”, admite.
Padre Edvino não esconde a satisfação de entregar uma igreja totalmente diferente da que recebeu. “Graças a Deus, e com o apoio de muita gente, nós conseguimos reerguer a paróquia e agora ela está numa condição financeira boa para se manter. Quando eu cheguei os funcionários nem estavam recebendo direito e agora pelo menos os funcionários estão tranquilos. A gente está com as contas mais ou menos em dia e, claro, agora esvazia um pouquinho por causa da construção, mas eu sei que depois o povo vai continuar colaborando”, enfatiza.
Ponta-grossense de coração
Natural de Irati, Padre Edvino se considera um ponta-grossense de coração. Antes de se despedir da cidade, ele faz um apelo. “Eu gostaria que o povo dessa cidade continuasse um povo acolhedor e que cuidasse bem da nossa cidade. Que a nossa cidade fosse mais bonita. Que o nosso povo plantasse mais flor na frente da casa, cuidasse da rua, não jogasse lixo no chão, não deixasse crescer mato como a gente está vendo por aí”, pede. Ele também faz um pedido ao poder público. “Que a administração da cidade também cuidasse mais das nossas praças, como a Barão do Rio Branco que está num abandono total. Que a gente tivesse também uma administração que cuidasse da beleza da cidade e ajudasse a criar uma nova cultura”, frisa.
Segundo o Padre Edvino, tudo isso está ligado à cultura, que ainda perde muito para a de outros países. “[Gostaria] que a gente fosse realmente uma capital cívica. Ponta Grossa é chamada de capital cívica, mas eu não vejo nada de civismo aqui, não. A gente precisa melhorar a cultura do nosso povo e isso que eu gostaria de deixar como minha mensagem de despedida”, frisa.
A população de Ponta Grossa é generosa e de bom coração, de acordo com o Padre Edvino. “Quando eu cheguei aqui a primeira vez, em 1983 [para trabalhar no Seminário Verbo Divino], me disseram: ‘Ih, você para uma cidade provinciana, fechada e um povo frio’. Não tenho essa impressão. O povo não é fechado, nem frio, é um povo acolhedor”, reforça. Ele garante que continuará rezando pelos ponta-grossenses e não quer se desligar da cidade. Ele promete continuar com os seus programas de rádio e participando de eventos em Ponta Grossa.
Quem ensina, também aprende
Após 26 anos morando na cidade, Padre Edvino revela que aqui aprendeu a ir ao encontro das pessoas. “O povo aqui gosta de receber a gente em casa, de convidar para refeições, isso eu não encontrei muito em alguns outros países. Aprendi também a gostar da cidade, em resumo, aprendi a gostar de Ponta Grossa”, enfatiza.
Ele confessa que o que vai mais sentir falta de Ponta Grossa é do carinho dos fiéis. “De receber o povo na porta da Igreja e dar um abraço, e de receber um monte de abraços também. O carinho, isso eu vou sentir muita falta. Não sei se eu vou conseguir fazer a mesma coisa lá em Curitiba, pois dizem que o curitibano é mais frio. Vamos ver, eu vou fazer a experiência e depois eu te digo”, diverte-se