Não posso falar em volta, já que eu nunca fui embora. Talvez, a palavra mais adequada seja renascer. Sim, renasci. Tive Covid e praticamente 50% dos meus pulmões foram comprometidos. Hoje estou curado, mas ainda convivo com algumas sequelas físicas e emocionais. Foram dias de recolhimento e outros mais virão, pois as cicatrizes seguem comigo, assim como o medo de partir antes de finalizar projetos.

​Mas sei que sairei dessa ainda mais forte, com o apoio da minha família, que é a minha base e está presente em todos os meus momentos, sejam eles de dias de sol aberto ou de tempo cinzento. Sem ela, eu não aguentaria viver. Mãe , Pai, Luciane, Maurício, Chafic, vocês são minha melhor parte!

​Nessa minha parada obrigatória, pude ver que há pessoas que realmente se importam com a minha saúde e meu bem estar, desejam o meu melhor e estão de mãos dadas comigo sempre, custe o que custar. Entretanto, há também aquelas que fingem se importar. A essas deixo um conselho: em vez de fofocarem, difamarem, agirem na maldade, orem. Se não souberem ou não puderem orar, fiquem apenas em silêncio. Agradeço às pessoas que, em silêncio, acompanharam meu momento off, sem projetar culpados ou motivos. Estou vivo, ao contrário do que algumas pessoas desejaram. E isso basta.

​Sobre a Covid, é interessante notar as diferentes formas que ela afeta as pessoas contaminadas. Enquanto eu tive 50% dos pulmões prejudicados e algumas pessoas lutam pela vida nos hospitais, outras tiveram a doença sem sintoma algum. Não se sabe por que isso ocorre, a única certeza é de que a Covid pode afetar qualquer um, independente de classe social. A pequena diferença é que alguns podem arcar com alguns tratamentos caros, que tornam a recuperação mais fácil, enquanto outros aguardam ou morrem à espera de um leito de UTI pelo SUS.

Nessa luta contra o Covid é importante ter ao lado, além da família, os profissionais de saúde, um time de heróis e heroínas. A dra. Liliana Pillati está nesse time. A minha heroína, com extrema competência, soube ser dura nos momentos em que deveria ter sido e doce naqueles em que eu precisei de acalanto. Aliás, ela é mais que uma heroína, é um anjo presente na minha e demais vidas nesse momento de pandemia. Serei eternamente grato a ela. E por falar em gratidão, agradeço também aos profissionais que estiveram ao meu lado, à equipe do Laboralfa, que me apoiou nos contínuos exames feitos em casa e aos verdadeiros amigos, que torceram por mim.

​E por fim, lembro que estamos no meio de uma pandemia e a vida precisa prosseguir. Portanto, cuide-se, pois muitos não estão tendo a chance que você tem.