Terça-feira, 19 de Novembro de 2024

Agro&Negócio: Vinho: Paraná produz bebida dos deuses de altíssima qualidade, por Ricardo Weg

2022-10-21 às 08:30

Baco, Deus do Vinho, pode vir ao Estado

O Deus Baco deve estar se mexendo nas órbitas do além, especialmente porque não deve ter levado uma garrafa de sua bebida predileta. Ao saber dessa notícia que segue abaixo, com certeza Baco, Deus do vinho, vai baixar incorporado em solo paranaense.

Baco está vindo com um trenó e vai voltar carregado com vinhos de altíssima qualidade. Lá no céu, nas ceias dos Deuses, Baco vai querer servir vinho do Paraná. Bom, espero que lá do céu ele leia nossa coluna Agro & Negócio aqui no site D’Ponta. Se não leu, perdeu, e cá ficaremos com os vinhos. Baco pode perder o posto para algum paranaense.

Baco, Deus do Vinho

“Tem que ser selado, registrado, carimbado, Avaliado, rotulado se quiser voar!”(Raul Seixas)

 

O fato é que os vinhos produzidos em Bituruna, no sul do Paraná, são conhecidos pela qualidade e sabor diferenciado há mais de oito décadas. Após anos de trabalho, os vinicultores receberam uma excelente notícia. Eles obtiveram o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG), na modalidade de Indicação de Procedência (IP), que atesta a qualidade de um produto ou serviço graças à sua origem.

 

Paranaense casca dura

Ao todo, quatro vinhos casca dura (do tipo branco, aromático, seco, que leva esse nome por ser de uma variedade de uva rosada com a casca mais grossa, proveniente do cruzamento natural da uva moscato com uma variedade nativa) receberam a IG, das vinícolas Sanber, Bertoletti, Di Sandi e Dell Mont. O reconhecimento foi concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O trabalho em busca da IG é uma iniciativa da Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Bituruna (Apruvibi), com o apoio do Sebrae/PR e da Prefeitura Municipal.

 

Presidenta comemora

De acordo com a enóloga Michele Bertoletti Rosso, presidenta da Apruvibi e proprietária da Vinícola Sanber, o reconhecimento é uma conquista que reflete o esforço de diversas gerações que produzem vinho em Bituruna.

“Estávamos ansiosos por esse dia. Hoje, entramos no mapa da viticultura mundial. De forma oficial, estamos inseridos como produtores de uva e vinhos, de forma diferenciada. O reconhecimento é o atestado de que produzimos com processos, técnicas, boas práticas, tradição e amor. Que os vinhos feitos aqui carregam procedência”, enfatizou.

Para Michele, a IG também será vista com outros olhos pelos consumidores. “O consumidor passa a ter a certeza de que vai apreciar um vinho que passou pelo crivo de um conselho regulador antes de ir ao mercado, que existe um trabalho profissional na produção. Nós, que tínhamos vinhos premiados, damos mais um passo, com a possibilidade de conquistarmos mercados no mundo inteiro”, afirmou.

 

Terroir paranaense

Atualmente, Bituruna conta com quatro vinícolas e cem produtores de uva. São mais de um milhão de litros de vinho produzidos e distribuídos no território nacional, todos os anos. Os vinhos casca dura, que receberam a certificação, carregam um aroma acentuado de frutas tropicais e características únicas resultantes do terroir (termo francês que resume a relação entre clima, relevo, temperatura, umidade e solo de um determinado lugar).

Na avaliação do produtor Deonilson Sandi, da Vinícola Dell Mont, o reconhecimento dará mais credibilidade para a região.

“Cada vez mais o mercado busca por vinhos de origem, certificados. Isso é importante para a gente. Acredito que toda a região ganhe, seja na parte de comercialização dos vinhos ou na atração de turistas. A Indicação abre um leque novo de oportunidades para todos”, avaliou.

De acordo com Adilson Jerry Sandi, da Vinícola Di Sandi, a Indicação Geográfica fortalecerá o compromisso com investimentos.

 

Baco e outros turistas são esperados

“Nós estamos trabalhando muito forte essa questão do turismo, para receber bem as pessoas com uma estrutura ainda melhor. O reconhecimento vem ao encontro disso, uma vez que a notoriedade da região se eleva no intuito de tornar a nossa região uma referência na produção de vinhos, em especial do casca dura, que carrega uma qualidade diferenciada pela sua composição de aproximadamente de 80% de uvas europeias e um aroma mais duradouro”, acrescentou Adilson Jerry Sandi.

Na avaliação do produtor Claudinei Bertoletti, da Vinícola Bertoletti, integrante da terceira geração da família na produção de vinho, a conquista trará ainda mais frutos.

“Foi uma batalha de todos. Hoje, vemos o quanto isso foi importante e valeu a pena. Agora, vamos celebrar e divulgar, porque acreditamos que a procura será ainda maior, assim como o nosso trabalho e a responsabilidade. Estamos muito felizes”, comemorou o produtor.

Para a consultora do Sebrae/PR, Alyne Chicocki, o Selo  traz reconhecimento, oportunidades e muito trabalho pela frente.

“A partir da IG, os vinhos de Bituruna entram para um rol de produtos protegidos e diferenciados. Precisamos trabalhar o posicionamento de mercado adequado para que o consumidor perceba o valor de um produto com IG, que abrange a valorização da cultura local, a história, a produção de qualidade e a rastreabilidade, entre outros aspectos. O Selo também deverá movimentar o segmento turístico do município e da região”, concluiu.

Produtos com IG no Paraná 

Com os Vinhos de Bituruna, o Paraná possui, agora, onze produtos com o registro de IG. Os demais são: a Bala de Banana de Antonina, Melado de Capanema, Goiaba de Carlópolis, Queijo de Witmarsum, Uvas de Marialva, Café do Norte Pioneiro, Mel do Oeste, Mel de Ortigueira, Erva-mate São Matheus, do Sul do Paraná, e Morango do Norte Pioneiro.

 

Agradeço ao Sebrae/PR pelo envio do release. Para quem imaginou que eles mandaram umas garrafas de vinho de presente para o colunista e aos amigos do D’Ponta, está enganado. Só veio o texto e a foto. Nem uma garrafinha daquelas em forma de chaveiro. Ficamos salivando. Mas a gente vai para Bituruna entrevistar o Baco. Nos aguardem.

Agro&Negócio

por Ricardo Weg

Formado em comunicação-social, letras e MBA em Marketing Digital (Fundação Getulio Vargas), Ricardo Wegrzynovski é multimídia (internet, TV e rádio). Empolgado com a vida, trabalha com marketing e tecnologia. Escreve também para o gigante The Rio Times. É assessor de comunicação em política. Nesse setor trabalhou com a equipe do ex-presidente dos EUA, Barack Obama. Em Brasília, onde morou por 13 anos, trabalhou na Câmara dos Deputados, Ipea, Ministério da Agricultura, e Presidência da República. No exterior trabalhou em Londres e Portugal. Paranaense gente boa, manezinho adotado pela ilha, mora em Floripa quando pode. No mais é “nômade digital”.