A interdição da rodovia BR-277 vai gerar prejuízos incalculáveis ao setor agropecuário do Paraná. O bloqueio da rodovia já provoca impactos significativos no escoamento da safra de soja, em um momento em que o Estado tem perspectivas de bater um recorde de produção. A fila de caminhões, que não conseguem chegar ao Porto de Paranaguá, gera demurrage – taxa de estadia dos navios por período que permanecem atracados, aguardando a chegada das cargas. Esse dinheiro sai do bolso do produtor rural. Já temos notícias de cooperativas e traders que têm optado a escoar sua produção pelos portos de Santos, em São Paulo, e de São Francisco, em Santa Catarina, ainda que com frete mais caro.
Esse cenário é inconcebível. Desde 2016, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), juntamente com outras entidades que representam o setor produtivo, vinha alertando o governo do Estado sobre as necessidades de antecipar a licitação das rodovias do Anel de Integração, cujas concessões venceram em novembro de 2021.
Com o fim das concessões, as rodovias paranaenses ficaram sem manutenção e sem serviços de monitoramento geológico ao longo de toda a malha. Com isso, entre o fim de 2022 e o início de 2023, já assistimos a outros incidentes que culminaram com bloqueios na BR-277, na BR-376 e na Estrada da Graciosa. Uma análise técnica contratada pela FAEP tinha apontado que todos esses episódios poderiam ter sido evitados e/ou minimizados se houvesse a continuidade do serviço de monitoramento geológico que era feito pelas concessionárias. Ou seja, tratava-se de um caos anunciado.
A inabilidade política do governo do Paraná está custando caro à sociedade. As diferenças políticas deveriam ter se encerrado nas eleições. É urgente que Estado e governo federal se definam quanto a nova modelagem do pedágio. Essa situação não pode se estender e penalizar o povo paranaense ainda mais.
Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR
da comunicação FAEP