Nesta sexta-feira (6), em Paris, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, receberam das mãos da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), Emmanuelle Soubeyran, o certificado reconhecendo o Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação.
A busca pelo novo status foi iniciada há mais de 60 anos e representa um marco para a pecuária brasileira, com a possibilidade de abertura de novas oportunidades para que os produtos brasileiros possam acessar os mercados mais exigentes do mundo.
“É o reconhecimento de um país que tem no agronegócio, na pecuária, uma das suas mais importantes vertentes econômicas. Esse certificado é o reconhecimento da robustez e da confiabilidade do nosso sistema de defesa agropecuária”, registrou o presidente Lula.
“Este é um dia histórico, que comprova a força da nossa sanidade agropecuária e abre grandes oportunidades comerciais. Receber o certificado de país livre de febre aftosa sem vacinação é motivo de orgulho nacional. Um resultado de mais de 60 anos de trabalho sério e comprometido dos nossos estados e de todos que atuam nesse setor”, comemorou o ministro Fávaro.
Para a diretora-geral da OMSA, a certificação representa um marco histórico para o país. “É uma honra e um privilégio estar aqui diante dos senhores para celebrar este dia. O Brasil está pronto para ir adiante. Essa conquista decorre de muito planejamento”, disse Soubeyran.
Ao todo, mais de 244 milhões de bovinos e bubalinos em cerca de 3,2 milhões de propriedades deixarão de ser vacinados contra a doença, trazendo uma redução de custo direta, com a aplicação da vacina, de mais de R$ 500 milhões.
Atualmente, o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, com 87% do volume sendo comercializado in natura.
“O principal mercado da carne bovina brasileira é o Brasil. Nós deixamos 70% da nossa produção no país e exportamos os excedentes. E, com essa certificação, será possível ampliar esses mercados. Estamos entrando em um novo momento para a pecuária brasileira e para a indústria”, disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), Roberto Perosa.
“Para o Brasil é o momento de ganho de imagem. O que estamos conquistando vai se reverter em dinheiro na nossa balança comercial”, pontuou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
HISTÓRICO
O primeiro registro da febre aftosa no Brasil foi em 1895, na região do triângulo mineiro em Minas Gerais.
Já a última ocorrência da doença em território nacional foi em 2006, seguida da implementação de zonas livres, que deram sustentação ao país como líder mundial no comércio de proteína animal, em bases sustentáveis.
Em 2007, Santa Catarina tornou-se a primeira zona do país a ser reconhecida como livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
O reconhecimento internacional do Brasil como país livre de febre aftosa com vacinação veio em 2018, também pela OMSA.
Três anos depois, em 2021, os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso foram reconhecidos pela OMSA como zonas livres de febre aftosa sem vacinação.
Em maio de 2024, o país alcançou um novo patamar ao encerrar a vacinação nas últimas unidades da Federação que ainda imunizavam o rebanho, tornando-se, na prática, totalmente livre da doença sem vacinação.
Finalmente, em 2025, após o cumprimento do período de 12 meses sem vacinação e da proibição do ingresso de animais vacinados nas áreas em transição, o Brasil obteve o reconhecimento internacional da OMSA como país totalmente livre da febre aftosa sem vacinação.
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