Um dos principais pontos de uma propriedade é a eliminação dos agentes causadores de doenças, incluindo os parasitas, que são responsáveis por impactar diretamente na produtividade, causando queda no ganho de peso, redução da produção de leite e até mesmo a morte do animal.
Parasitas externos que infectam os bovinos
Mosca-dos-Chifres: suas picadas são doloridas, irritam os animais e os deixam inquietos, afetando diretamente a sua saúde e bem-estar, visto que deixarão de se alimentar. Elas podem picar o animal de 25 a 40 vezes por dia.
Mosca-dos-Estábulos: permanecem por 24 horas sobre os bovinos e podem picá-lo até 40 vezes em apenas 5 minutos, causando estresse e irritabilidade. Essa mosca se desenvolve em fezes e resíduos orgânicos animais ou vegetais.
Mosca-Berneira: a mosca deposita o seu ovo em cima de uma mosca de outra espécie e essa vai pousar no bovino. Os ovos cairão no animal e irão infectá-lo, o que dificulta muito o seu controle. As larvas conhecidas como berne causam dor e feridas ao longo do corpo do animal, reduzindo a alimentação e consequentemente a produtividade.
Mosca-da-Bicheira: uma fêmea pode depositar de 200 a 300 ovos em uma ferida recente. As larvas se alimentam do tecido vivo (pele, músculo, tendões etc.), causando muita dor e incômodo ao animal.
Piolhos: causam problemas de pele nos bovinos e muita coceira devido às picadas.
Sarna: é causada por ácaros e transmitida por animais infectados. Geralmente as lesões começam na cauda e se espalham para as demais partes do corpo.
Carrapatos: causam prejuízos diretos como coceira, irritabilidade, quedas produtivas etc. Já os indiretos são as doenças causadas tendo esse parasita como vetor, como a tristeza parasitária bovina.
Parasitas Internos que infectam os animais
Estrongilídeos gastrointestinais: infectam o abomaso dos bovinos, afetando expressivamente o seu crescimento. Geralmente a infestação ocorre na primeira época do pastejo.
Estrongilídeos pulmonares: medem de três a oito centímetros e causam lesões significativas no pulmão do animal, além de bloquear as vias respiratórias.
Fascíola hepática: um dos hospedeiros é uma espécie de caracol aquático. Se o animal entrar em contato com esse molusco infectado, o parasita se alojará no fígado do bovino, causando distúrbios metabólicos.
Resistência parasitária
Os primeiros casos de resistência foram relatados na década de 60. Essa situação ocorre quando um medicamento não tem 100% de eficácia contra determinado parasita se for utilizado por um longo período, sob as mesmas condições.
Considera-se resistência parasitária quando a droga reduz menos de 90% da carga de parasitas presentes no animal. É transmitida geneticamente, ou seja, os ovos depositados nas próximas gerações já serão resistentes às drogas aplicadas (dependendo do princípio ativo).
As principais causas de resistência parasitária são:
• Intervalos muito curtos entre tratamentos;
• Troca recorrente de diferentes grupos de vermífugos;
• Tratamento em todos os animais do rebanho;
• Uso de produtos de ação prolongada;
• Aquisição de animais já resistentes aos parasitas;
• Dosagem errada;
• Utilização do produto após o prazo de validade.
Considerações
Deve-se repensar sobre a utilização descontrolada de antiparasitários a fim de minimizar os casos de resistência nas próximas gerações. Prevenir a doença por meio de estratégias de uso racional de medicamentos em vez de eliminá-la é o ideal, permitindo um grau inferior de infestação no animal e na pastagem.
Maryon Strack Dalle Carbonare é zootecnista pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), doutora pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pesquisadora na área de Forragicultura e diretora de Pesquisa e Projetos da MS.DC Consultoria
* Artigo escrito com a colaboração da zootecnista Amanda Hofman Muhlenbruch, auxiliar de pesquisa na MS.DC Consultoria
Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #291 Agosto de 2022.