Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024

D’P Agro: Ovinos em alta

2022-11-19 às 14:32
Divulgação

Focado no abate de ovinos, frigorífico Frigoville prevê impulsionar a cadeia produtiva de ovinocaprinocultura na região e fomentar o desenvolvimento no interior

Por Michelle de Geus

A região central do Paraná ganhará ainda este ano um novo empreendimento para fomentar a cadeia produtiva de ovinocaprinocultura. Trata-se do frigorífico Frigoville, que está sendo construído no município de Reserva, a 17 quilômetros da cidade, na saída para Cândido de Abreu. A planta foi planejada para abater ovinos, bovinos, caprinos e suínos com os procedimentos sanitários dos Serviços de Inspeção Federal (SIF), sendo o primeiro nesses moldes nos Campos Gerais.

Uma das pessoas que estão à frente da iniciativa é o empresário Augusto Lopata, sócio-proprietário do Frigoville. Lopata conta que a ideia de instalar um frigorífico em Reserva surgiu da proximidade com grandes fazendas que se dedicam à criação de animais para abate, principalmente bovinos. “Sou reservense e tenho orgulho em dizer que a cidade tem uma das maiores criações em número de cabeças de gado do estado”, explica.

O empresário destaca que o empreendimento será voltado principalmente (mas não só) para o abate de ovinos e acredita que a presença de um frigorífico desse porte contribuirá para aumentar o número de criações e trazer mais desenvolvimento à região. “É uma carne nobre e que tem boa aceitação no Brasil. Porém, atualmente, cerca de 80% da carne ovina que entra no país vem do exterior. Então, há um campo muito grande para produzirmos aqui na região uma carne de alta qualidade e que tem um mercado próprio, nacional, para venda”, avalia.

“Há um campo muito grande para produzirmos na região uma carne de alta qualidade e que tem um mercado próprio para venda”
(Augusto Lopata, sócio-proprietário do Frigoville)

De acordo com o empresário, o Frigoville terá capacidade inicial para abater 100 ovinos, 100 suínos e 60 bovinos por dia, e atuará também com industrialização das carnes, produção de embutidos e cortes especiais. A planta de 1.400 m2 de área construída contempla ainda um curtume, para agregar preço aos couros. No total, o empreendimento deve gerar 60 empregos diretos e 4 mil indiretos. O frigorífico já conta com inspeção federal e pode já começar exportando os produtos.

Investimento

O investimento do Frigoville, segundo Lopata, é de R$ 4 milhões, custeados com recursos privados e financiamento através do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). As obras iniciadas em 2020 já estão em fase de conclusão e as atividades devem começar por volta do mês de novembro. Conforme o empresário, o prédio, o sistema de trilhagem, as câmaras frias, as câmaras de congelamento e as lagoas de tratamento de efluentes já estão prontos. “Faltam detalhes de acabamento nas mangueiras de recepção de animais, mas acredito que no final de setembro ou começo de outubro as atividades de montagem devem estar prontas. Aí faltam apenas alguns documentos e a vistoria do Ministério da Agricultura para liberação. O frigorífico deve entrar em atividade em outubro ou, no mais tardar, em novembro”, prevê.

Frigorífico terá capacidade inicial para abater 100 ovinos, 100 suínos e 60 bovinos por dia. Empreendimento atuará também com industrialização das carnes, produção de embutidos e cortes especiais

Fomento

O empresário ressalta que o trabalho desenvolvido pela Cooperativa dos Produtores de Ovinos e Caprinos dos Campos Gerais (Coopegera) foi fundamental para o empreendimento. “A associação desenvolve, aqui em Reserva, um trabalho de fomento à criação de ovinos com início, meio e fim. O início seria esse incentivo aos pecuaristas e o fim seria o abate com o Frigoville”, detalha, acrescentando que o objetivo é estimular o mercado de ovinos da região. “O segmento de produtos de qualidade na linha de carnes ovinas tem uma capacidade de crescimento muito grande e a expectativa é que a inauguração do frigorífico traga mais desenvolvimento”, aponta.

Para Izaltino Cordeiro dos Santos, superintendente de Inovação e Negócios da Coopegera, a existência de um frigorífico é condição fundamental para a organização da cadeia produtiva de ovinocaprinocultura e uma demanda apresentada pela região dos Campos Gerais. “A decisão dos investimentos foi motivada pelo programa municipal Fomento e Inovação Tecnológica na Produção de Ovinos para Indústria, apresentado e executado pela Coopegera, que faz o levantamento e a prospecção do potencial dos rebanhos ovinos para garantir o padrão zootécnico na qualidade, regularidade de oferta e escala de produção para a industrialização da carne com processos inovadores”, detalha. Conforme dos Santos, o Frigoville deve absorver a produção regional, abater, processar e trabalhar com mercado doméstico e externo.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #292 Setembro de 2022