Mesmo sendo imprescindível à população, o agronegócio ainda é rotulado como vilão por algumas pessoas, sendo um assunto amplamente discutido no momento atual. Todavia, dados constatam que produtores rurais brasileiros, além das empresas e indústrias do país, adotaram métodos sustentáveis de produção agropecuária, reduzindo os impactos e danos ao meio ambiente.
A fim de assegurar a oferta de insumos para a população e concomitantemente reduzir a deterioração do ambiente, surgiu a técnica de produção integrada. Essa prática consiste em um sistema estruturado de forma a usufruir das relações sinérgicas entre solo-planta-animal-atmosfera em áreas que assimilam atividades agrícolas multifuncionais. Ou seja, é um processo que permite o abastecimento alimentar gerando menos impacto à natureza.
Produção agropecuária sustentável
Os sistemas integrados de produção agropecuária (SIPAS) podem mesclar a produção animal, florestal e agrícola, sendo denominado Integração-Lavoura-Pecuária quando existe o consórcio entre animais e grãos; Integração Lavoura-Pecuária-Floresta quando é adicionado o componente arbóreo ao sistema; Integração Lavoura-Floresta no caso da produção agrícola e florestal sem a presença de animais no ambiente; e ainda Integração Pecuária-Floresta quando há apenas o cultivo de árvores juntamente com os animais.
Fonte: Rede ILPF
A implementação de árvores em uma área onde se desenvolve a pecuária é conveniente devido à oferta de sombra aos animais, método que garante conforto e bem-estar juntamente com uma efetiva produção.
A presença das árvores no sistema também aumenta a umidade do ar e do solo, tornando a temperatura do ambiente mais amena. Além disso, a copa das árvores limita os impactos da chuva e a velocidade do vento, reduzindo a degradação da pastagem, favorecendo a condição ambiental e permitindo a circulação de nutrientes.
Quando associada a produção animal com a lavoura (integração lavoura-pecuária), os benefícios baseiam-se na redução de custos para controle de pragas, doença e plantas invasoras, melhorando também a capacidade produtiva do solo. De acordo com a Rede ILPF, outros benefícios indiretos desse sistema incluem a redução de abertura de novas áreas produtivas através do desmatamento, como também a redução de gases de efeito estufa. A importância dos sistemas ILPF foi reconhecida com a Política Nacional de ILPF (Lei nº 12.805/2013) e pela sua inclusão como um dos pilares do Plano ABC e Plano ABC+.
Sistemas Integrados no Brasil
Em 2015/2016, os sistemas de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta eram presentes em 1,5 milhão de hectares no Brasil. Os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram os que se destacaram quanto à adoção dessa técnica. De acordo com dados da Embrapa, a estimativa é que em 2030 o Brasil alcance a faixa de 30 milhões de hectares com ILPF.
Fonte: Rede ILPF
Considerações Finais
Os sistemas de integração agropecuária são mais sustentáveis do que os empregados e difundidos atualmente, sendo uma alternativa acessível para a recuperação de áreas degradas e produção efetiva, complementando a renda do produtor.
* Artigo escrito juntamente com a médica veterinária Luiza S. Carneiro, mestranda em Zootecnia pela UEPG