Quinta-feira, 15 de Maio de 2025

Ponto de Vista: Presidente da Coamo, Airton Galinari destaca sucesso e valores da cooperativa

2023-08-19 às 13:28
Foto: Divulgação

Com exclusividade, o programa Ponto de Vista, apresentado por Márcio Martins na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (19), entrevistou o presidente executivo da Coamo Agroindustrial, Airton Galinari. Com mais de 30 anos de atuação pela cooperativa, Galinari falou sobre as mudanças realizadas na gestão, a importância dos cooperados, sucessão e os diferenciais da empresa.

O presidente iniciou a conversa destacando a importância do fundador da Coamo, José Aroldo Gallassini, definindo-o como uma referência mundial para cooperativismo, especialmente após a aplicação de mudança no modelo de gestão. “A partir dessa mudança o que se elege é um conselho de administração, que delega à diretoria executiva, que no caso da Coamo é composta por um presidente e cinco presidentes executivos de área (administrativo financeiro, logística/operações, distribuição de insumos, comercial e industrial). Esses cinco diretores e o presidente executivo é que cuidam dos negócios da cooperativa. A partir daí que houve essa grande mudança, que serviu de referência para a cooperativa como um grande desafio, mas também tem sido vista por muitas cooperativas como um novo modelo de sucessão. A grande preocupação é essa: a sucessão para continuar”. Apesar das alterações, Galinari aponta que o modelo cooperativista possui “essência, princípios e valores muito particulares”, e que estes não são negociáveis.

“A essência da Coamo é o cooperado, isso não se discute. É atender o produtor, independente do tamanho que ele seja pela vantagem da união”, afirma, lembrando que o modelo tem como consequência a criação de postos de trabalho estáveis. “São praticamente 10 mil empregos em 74 municípios hoje, empregos de qualidade. Hoje é muito comum na cooperativa ter funcionários com 30, 20 anos. Acima de 10 anos de casa são milhares. São empregos onde o profissional pode desenvolver uma carreira com segurança, criar sua família, pensar em futuro”, diz.

O sucesso da Coamo acabou por torná-la uma referência no setor. “Muitas cooperativas têm vindo aqui discutir e avaliar como está o modelo. É claro que muitas coisas você traduz em números. Você chega no final do ano e tem um balanço positivo é um indicativo de que os negócios foram bem conduzidos, mas não é só isso. Você tem a cultura. Está preservando a cultura e valores do cooperativismo? Você chegou naqueles números a qualquer custo? Você está conseguindo trazer não só números, mas aquela essência que cooperativismo construído pelos pioneiros”, pondera.

Princípios para o sucesso

Para o presidente, o sucesso obtido pela Coamo se deve a fatores que vão além do êxito financeiro. “Honestidade, valorização do ser humano, equidade, tratamento igual para todos os cooperados. Por princípio, a cooperativa é uma sociedade de pessoas, não de capital. Não importa se você planta 5 mil hectares ou se planta 5 hectares. Valoriza-se muito o trabalho da cooperativa porque ela não é só negócio”, conta Galinari, enumerando ações que potencializam a proximidade dos integrantes. “Acabamos de ver a Copa Coamo que terminou no final de semana retrasado. O ambiente que se tem de uma promoção social. Fizemos 32 regionais, que era a melhor festa da cidade, talvez do ano, uma festa fantástica, estivemos aqui com seis mil pessoas, que ficaram das 7 da manhã até 8 da noite em um clima totalmente familiar, um clima onde as crianças ficam à vontade. Ninguém falou de negócios, o objetivo não era um campeonato. Nós promovemos a integração, o encontro, a possibilidade de se ter um dia diferente. O cooperativismo tem muito disso, a preocupação com a família”, relembra

Ainda na questão familiar, Galinari conta que há programas para que filhos de cooperados comecem a entender os valores da cooperativa. “Temos programa dos 6 aos 12, dos 13 ao 17, dos 18 anos acima e são programas de inclusão, não se falam de negócios, se fala de como fazer a gestão da propriedade, como ter sucesso conduzindo essa atividade rural, aprender a ser um gestor rural. Estamos simplesmente preocupados que eles tenham continuidade na sua atividade e sucesso e possam progredir”, afirma. Além destes, Galinari explanou sobre o Programa Mais Mulher e o Coamo Kids. “Hoje, 15% do quadro social é de cooperadas donas do negócio. Muitas entraram com menos conhecimento. A gente tinha que estruturar programas que incluíssem a mulher para que ela, ao receber uma herança ou de alguma maneira cair na mão dela a gestão de uma propriedade, ela soubesse ter uma gestão profissional daquilo e tirar resultado, não simplesmente vender ou arrendar. Temos o Coamo Kids, para crianças de 6 a 12 anos, montado por profissionais, psicólogos e tudo mais, que começa a introduzir o cooperativismo e atividade rural dentro dessas crianças. A grande preocupação dos pais muitas vezes é ‘vou ter alguém para me suceder, para continuar aquilo que eu criei e consegui?'”, aponta.

Futuro

Ao ser questionado sobre possibilidades futuras, Galinari enfatiza a indústria de rações e o uso do etanol. “Nós vamos produzir rações e produtos para fabricantes de ração. Vamos ter condições de fazer determinados produtos que outras [indústrias] não conseguem e temos contratos com multinacionais que vão utilizar alguns produtos para fazer composições em suas rações”, adianta.

Já sobre fontes de energia, ele é enfático: “O etanol produzido pelo milho do produtor da Coamo vai ser o combustível mais ecologicamente correto do mundo. Se fala do carro elétrico e tem que ter uma interrogação sobre ele. Da onde vem a energia elétrica? Vem de uma queima de combustível fóssil, como é na Europa e nos EUA? Ou vem de uma origem renovável, como é o nosso caso? O etanol é o combustível que todos estão almejando”, aponta.

Credicoamo

A Coamo também possui um setor dedicado ao setor financeiro. “O crédito é um insumo, a cooperativa entendeu que esse é um negócio da cooperativa também e essencial para o cooperado. Realmente a Credicoamo virou o braço financeiro da cooperativa e tem crescido cada vez mais com isso. Praticamente ela poderia abrir para o público geral, mas nós focamos no cooperado”, destaca Galinari, complementando que se trata do “único banco que no final do ano, além de todos esses recursos, devolve sobras”, aos integrantes.

Já ao final da entrevista, o presidente falou sobre a força do cooperativismo: “O Paraná é um caso à parte, é onde a cooperativa, de fato, decolou. Elas aconteceram primeiro no Rio Grande do Sul, tiveram uma série de problemas, mas aqui no Paraná se consolidaram e viraram exemplo. “A Coamo não é uma cooperativa de Campo Mourão, é uma cooperativa de todos os lugares onde ela está e dos cooperados. Mundialmente não devemos nada para ninguém em produção de grãos. Hoje nós produzimos soja melhor que americanos, com melhores tecnologias inclusive”, finaliza.

Confira abaixo a entrevista na íntegra: