Já reconhecidos internacionalmente por sua qualidade, os queijos paranaenses vão ganhar ainda mais evidência no âmbito estadual. Lançado em 31 de agosto, o Prêmio Queijos do Paraná vai condecorar os melhores desses derivados – sejam os produzidos artesanalmente ou pela indústria. Na prática, a premiação será uma vitrine para os queijos do Estado. Mais que isso: a iniciativa também prevê uma série de ações voltadas ao desenvolvimento do setor, como qualificação de produtores de leite, queijeiros artesanais e de indústrias lácteas. Além disso, estão previstos eventos promocionais e minicursos voltados ao mercado consumidor. Tudo isso para estimular e desenvolver ainda mais o setor leiteiro paranaense.
O Prêmio Queijos do Paraná é idealizado e promovido por um comitê gestor formado por: Sistema FAEP/SENAR-PR, Sebrae-PR, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e Sindileite-PR. Além disso, outras 28 entidades são apoiadoras da iniciativa – incluindo órgãos públicos, associações e universidades públicas e privadas –, o que demonstra a confluência de esforços em torno do ideal de dar visibilidade aos queijos produzidos no Estado e de otimizar a cadeia, com foco no futuro. O regulamento e a ficha de inscrição podem ser acessados aqui.
Essa celebração em torno dos queijos não é à toa. Com mais de 100 mil produtores rurais dedicados à atividade, o leite é o quarto produto agropecuário do Paraná em Valor Bruto de Produção (VBP), movimentando R$ 9 bilhões por ano. Segundo maior produtor nacional, o Estado entrega 12 milhões de litros de leite por dia, dos quais 5 milhões são destinados à fabricação de queijos. É um derivado que agrega valor à matéria-prima, incrementando a geração de renda de produtores rurais e na agroindústria. Tudo isso, é claro, contribui de forma direta para a economia paranaense.
Presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette aponta que a pecuária leiteira do Paraná não chegou a um patamar de excelência por acaso: foram décadas de estruturação da cadeia produtiva, que hoje tem ramificação em todos os 399 municípios paranaenses. O líder rural também mencionou os avanços sanitários consolidados recentemente – como o reconhecimento internacional do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação e de peste suína clássica. Tudo isso abre espaços para que os produtos paranaenses, inclusive os derivados lácteos, tenham mais acesso a mercados internacionais que pagam mais por qualidade.
“Foi uma evolução constante para que chegássemos aonde estamos. Hoje, somos reconhecidos internacionalmente, o que nos dá condição de galgar novos mercados, recebendo por qualidade. Como questão estratégica, colocamos o queijo como prioridade. É um produto que agrega valor e abre possibilidades melhores para os nossos produtores”, observa Meneguette. “Commodities, todo mundo produz. O nosso desafio é produzir com cada vez mais qualidade. Isso temos feito. O prêmio vem a coroar esse processo”, reforça.
Mais que uma medalha
A cerimônia de premiação está marcada para 1º de junho de 2023 – no Dia Internacional do Leite. Mas o prêmio vai bem além de distribuir medalhas aos queijos que atingirem pontuação estabelecida pelo regulamento. A iniciativa contempla uma série de ações que serão desenvolvidas ao longo dos próximos meses, como capacitações promovidas pelo SENAR-PR e pelo IDR-Paraná, voltados a todos os elos da cadeia produtiva e ao mercado consumidor.
“Nós já temos qualidade, temos tradição. Vamos nos tornar ainda melhores com esse ‘ano pedagógico’. Vamos aproveitar esse período para capacitar produtores e desenvolver as qualidades sanitárias do setor para que a gente tenha produtos ainda melhores, com mais qualidade e segurança jurídica”, diz o diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza.
“Ao longo de décadas, trabalhamos sempre em parceria e em colaboração, o que permitiu atingir esse patamar de segundo maior produtor nacional de leite. Mas não abrimos mão de sermos os primeiros em qualidade. Sempre nos destacamos pela qualidade do leite. Esse prêmio vai potencializar isso. Quem ganha não é só o produtor ou a indústria, mas principalmente o consumidor”, observa o presidente-executivo do Sindileite-PR, Wilson Thiesen.
Prova de que os queijos paranaenses estão em um padrão de excelência são prêmios vencidos por queijeiros do Estado. No ano passado, o produtor Leomar Mello Martins, de Santana do Itararé, ganhou medalha de prata no Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours, célebre concurso de lácteos realizado na França. Neste ano, Sander Verburg, de Arapoti, venceu duas categorias do prêmio CNA Brasil Artesanal e, de quebra, ficou em primeiro e em segundo lugares no “Campeão dos Campeões” – uma edição extra do concurso.
Entre as entidades que estão à frente do Prêmio Queijos do Paraná, a avaliação é unânime: os derivados paranaenses são os melhores do país. O que falta é uma estratégia para que esses produtos sejam divulgados e reconhecidos. Algumas ações já estão em curso, como o reconhecimento de Identificação Geográfica (IG) – um registro conferido pelo Sebrae-PR a determinado produto, vinculando-o à região em que foi produzido e que atesta sua qualidade. Hoje, os queijos produzidos na Colônia Witmarsum, por exemplo, já possuem esse certificado de origem. Derivados de outras localidades estão em processo de reconhecimento: de Guaraniaçu, de Palmeira e do Sudoeste do Paraná.
“Os produtos de Identificação Geográfica são produzidos de uma forma diferenciada”, define o diretor-superintendente do Sebrae-PR, Vitor Tioqueta. “Vamos trabalhar com a gestão das empresas, capacitação empresarial, mercado e marketing para levar esses queijos do Paraná para os mercados nacional e mundial. Nosso papel conjunto é fazer que todos conheçam o que produzimos, porque somos os melhores”, acrescenta.
O Prêmio Queijos do Paraná tem 19 categorias: 12 voltadas a variedades produzidas a partir de leite de vaca; duas de leite de cabra; duas de leite de ovelha; duas de leite de búfala; e uma categoria para criações, como queijos aromatizados ou condimentados. Um dos pré-requisitos é que os queijos participantes – artesanais e industriais – tenham sido produzidos no Paraná. A expectativa do comitê gestor é que entre 300 e 400 queijos participem do prêmio.
Um dos principais aspectos da iniciativa é que os queijos não concorrem diretamente uns com os outros. Eles serão avaliados por uma banca especializada e receberão pontos de 0 a 20, de acordo com critérios pré-estabelecidos. Os produtos que obtiverem 18 pontos ou mais serão condecorados com a medalha de ouro. Para receber medalha de prata, é preciso fazer pelo menos 16 pontos. Quem fizer 14 pontos, fica com o bronze. A comissão julgadora pode, ainda, indicar os melhores queijos à seleção final, que podem ser reconhecidos com a medalha super ouro.
“Não vai ser você contra o seu vizinho. Vai ser você contra a sua própria qualidade. Cada queijo será avaliado por especialistas, que vão ser treinados para fazer uma análise do ponto de vista sensorial, de questões sanitárias e demais condições de qualidade, colocando uma pontuação de acordo com os critérios estabelecidos”, explica o presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da FAEP, Ronei Volpi.
Além de poderem usar os selos das medalhas na embalagem de seu produto, os produtores dos queijos condecorados também receberão outros prêmios, que vão desde consultoria de gestão e de design de embalagem até treinamentos voltados ao processo de produção. Todos os participantes receberão um relatório técnico, com apontamentos a respeito do seu produto.
da comunicação Sistema FAEP