Joan Didion, escritora norte-americana, começa seu livro O Álbum Branco afirmando: “Contamos histórias para poder viver”. Os efeitos da escrita na saúde mental são documentados há anos. A escrita nos ajuda a regular as emoções, praticar a empatia e nos dá autonomia para processar eventos marcantes em nossas vidas.
Escrever um diário é uma prática que nos ensina, melhor do que qualquer outra, a arte da solidão. Mostra-nos como estar presentes conosco mesmos, testemunhar nossa experiência e habitar plenamente nossas vidas interiores. Por meio dele, podemos criar nossa própria cápsula do tempo: estão ali lutas criativas, dilemas emocionais e sentimentos avassaladores que, como tudo na vida, irão passar.
É importante registrar e externalizar as ondas intensas que vivemos justamente para entender que elas não duram para sempre. Nada escrito em um diário deve ser tomado como uma verdade universal. Um diário é um registro de pensamentos e vida interior, que são invariavelmente transitórios.
Somos criaturas frequentemente de mau-humor e turbulência mental. O que achamos que acreditamos em determinado momento pode ser profundamente diferente de nossas crenças uma década depois. Na verdade, pode mudar em um ano ou, às vezes, até em um dia.
Por isso, o diário é recomendado no processo terapêutico. Ele serve como um monumento vivo à nossa própria fluidez. É um lembrete de que nossos eus presentes não são confiáveis em prever nossos valores futuros, e de que mudamos com frequência ao longo de nossas vidas.